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19/12/2023 às 17h12min - Atualizada em 19/12/2023 às 17h08min

A Paraíba tem 16 municípios entre os 30 mais pobres do Brasil

Paulo Galvão Júnior (1)

Paulo Galvão Jr.

Paulo Galvão Jr.

Economista, escritor, palestrante, professor de Economia no UNIESP, autor de 12 eBooks de Economia pela Editora UNIESP e Conselheiro do CORECON-PB.

Este novo artigo objetiva apresentar ao estimado leitor os principais resultados do relatório Produto Interno Bruto dos Municípios 2021, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, as Secretarias Estaduais de Governo e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA). No continental Brasil são 5.570 municípios localizados em 26 estados e no Distrito Federal (DF), sendo 223 municípios estão situados no estado da Paraíba (PB).
 
Onze cidades mais ricas do Brasil responderam por cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de R$ 9,0 trilhões no ano de 2021, segundo o IBGE. E os onze municípios mais ricos do país foram São Paulo, com PIB nominal de R$ 828,9 bilhões, uma fatia de 9,2% do PIB nacional; Rio de Janeiro (R$ 359,6 bilhões); Brasília (R$ 286,4 bilhões); Belo Horizonte (R$ 105,2 bilhões); Manaus (R$ 103,2 bilhões); Curitiba (R$ 98,0 bilhões); Osasco (R$ 86,1 bilhões); Maricá (R$ 85,8 bilhões); Porto Alegre (R$ 81,5 bilhões); Guarulhos (R$ 77,3 bilhões); e Fortaleza (R$ 73,4 bilhões).
 
O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no município. E Fortaleza no Ceará (CE) cresceu mais de 12% entre 2020 e 2021 e a capital cearense segue sendo a capital mais rica do Nordeste, com um PIB nominal de R$ 73,4 bilhões em 2021, com uma fatia de 0,8% do PIB brasileiro, de acordo com os dados de 2021 do IBGE.
 
O que se percebe claramente, é que entre as nove capitais mais ricas da região Nordeste, aparece Fortaleza (CE) em primeiro lugar no PIB nordestino, com PIB nominal de R$ 73,4 bilhões (11ª colocação no Brasil). Em segundo lugar, Salvador (BA), R$ 62,9 bilhões (14ª colocação no país). Em terceiro lugar, Recife (PE), R$ 54,9 bilhões (19ª colocação no Brasil). Em quarto lugar, São Luís (MA), R$ 36,5 bilhões (32ª colocação no país). Em quinto lugar, Maceió (AL), R$ 27,5 bilhões (44ª colocação no Brasil). Em sexto lugar, Natal (RN), R$ 24,2 bilhões (47ª colocação no país). Em sétimo lugar, Teresina (PI), R$ 23,9 bilhões (49ª colocação no Brasil). Na oitava colocação, João Pessoa (PB), R$ 22,2 bilhões (55ª colocação no país). E no último e nono lugar, Aracaju (SE), com PIB nominal de R$ 18,4 bilhões e na 72ª colocação nacional em 2021.
 
É preciso revelar que a cidade de João Pessoa encontra-se entre as 100 cidades com maior PIB do Brasil. A secular João Pessoa é a 55ª cidade mais rica do País, com PIB de R$ 22,2 bilhões, a frente de Canoas (RS), com PIB de R$ 22,0 bilhões (56ª colocação), e atrás de Maringá (PR), com PIB de R$ 22,7 bilhões (54ª colocação), e as três cidades com 0,2% de participação do PIB brasileiro em 2021, conforme o IBGE.
 
O panorama recente da economia paraibana revela que João Pessoa, em termos de PIB, continua o município mais rico, com base em dados de 2021 do IBGE. Campina Grande vem em segundo lugar na Paraíba e em 19ª colocação no Nordeste, com PIB de R$ 10,3 bilhões em 2021. Alhandra se consolida como o terceiro maior PIB do estado, com R$ 3,4 bilhões. E as cidades de Cabedelo e de Santa Rita estão na quarta e quinta colocações, com PIB nominal de R$ 3,1 bilhões e R$ 2,6 bilhões, respectivamente.
 
Em uma análise mais crítica, aponta-se que no estado do Maranhão estão localizados os três municípios com os menores PIBs per capita do Brasil e do Nordeste, Santana do Maranhão (R$ 5,4 mil), Primeira Cruz (R$ 5,7 mil) e Matões do Norte (R$ 5,7 mil).
 
O município mineiro de Catas Altas lidera o ranking nacional do maior PIB per capita, a cerca de 60 km de capital mineira. Com uma população estimada, pelo IBGE, em 5.465 habitantes, o município registrou um PIB per capita de R$ 920,8 mil em 2021, e o município se destaca na extração de minério de ferro na região Central de Minas Gerais.
 
A mineração é o motor econômico que impulsiona também o PIB per capita de Canaã dos Carajás (PA), a segunda no ranking nacional, com R$ 894,8 mil, conforme o IBGE. O PIB per capita é calculado a partir da divisão do PIB pelo número de habitantes do município.
 
O município de Alhandra é a única cidade da Paraíba entre os 100 maiores PIBs per capita do populoso Brasil. Alhandra é o 73° município mais rico do País, em termos de renda per capita, com R$ 171,1 mil em 2021. E Alhandra, a 32 km da capital paraibana, cerca de 22 mil habitantes, em termos de PIB per capita, é o município mais rico da Paraíba.
 
Os números evidenciam que os 10 municípios de maiores PIBs per capita do Brasil são liderados pela cidade de Catas Altas em Minas Gerais (MG), com renda per capita de R$ 920,8 mil em 2021. Em seguida, Canaã dos Carajás (PA, R$ 894,8 mil), São Gonçalo do Rio Abaixo (MG, R$ 684,1 mil), Itatiaiuçu (MG, R$ 610,7 mil), Presidente Kennedy (ES, R$ 580,1 mil), Conceição do Mato Dentro (MG, R$ 519,0 mil), Maricá (RJ, R$ 511,8 mil), Saquarema (RJ, R$ 458,7 mil), Paulínia (SP, R$ 457,5 mil), e Campos de Júlio (MT, R$ 455,8 mil), conforme o IBGE.
 
O PIB per capita é um indicador importante do bem estar econômico porque mostra a relação da riqueza gerada na cidade e a sua população. É preciso destacar que o município baiano de São Francisco do Conde, é o mais rico da região Nordeste, em termos de PIB per capita, com uma renda per capita de R$ 321,8 mil em 2021, conforme o IBGE.
 
Dentre os 5.570 municípios brasileiros, o município do estado do Piauí registra o menor PIB do Brasil, é o município de Santo Antônio dos Milagres, com o PIB de R$ 18,0 milhões, sendo a administração pública a maior atividade econômica do município, com 90% do PIB.
 
É preocupante constatar que a Paraíba tem a segunda cidade mais pobre do Brasil, pois o município de Parari, com quase dois mil habitantes, registrou um PIB nominal de R$ 21,4 milhões em 2021. Esse relevante dado evidencia que o nível de pobreza é elevado.
 
O estado da Paraíba tem área territorial de 56.467,24 quilômetros quadrados e tem 16 municípios entre os 30 mais pobres do Brasil: Parari (2° lugar, com PIB de R$ 21,4 milhões), Coxixola (5° lugar, R$ 24,0 milhões), Areia de Baraúnas (9° lugar, R$ 26,0 milhões), Quixaba (10° lugar, R$ 26,7 milhões), Curral Velho (11° lugar, R$ 26,8 milhões), Zabelê (12° lugar, R$ 26,9 milhões), Algodão de Jandaíra (16° lugar, R$ 28,6 milhões), São Domingos do Cariri (17° lugar, R$ 28,7 milhões), Passagem (19° lugar, R$ 28,8 milhões), São José do Brejo do Cruz (20° lugar, R$ 29,0 milhões), Santo André (21° lugar, R$ 29,3 milhões), Amparo (22° lugar, R$ 29,4 milhões), Lastro (23° lugar, R$ 29,5 milhões), Frei Martinho (24° lugar, R$ 30,2 milhões), Riacho de Santo Antônio (26° lugar, R$ 30,5 milhões) e Carrapateira (27° lugar, R$ 30,9 milhões).
 
Observa-se que os dez municípios com menores PIBs do emergente Brasil foram Santo Antonio dos Milagres (PI, com PIB de R$ 18,0 milhões em 2021), Parari (PB, R$ 21,4 milhões), Viçosa (RN, R$ 23,2 milhões), Miguel Leão (PI, R$ 23,6 milhões), Coxixola (PB, R$ 24,0 milhões), Aroeiras do Itaim (PI, R$ 24,6 milhões), Floresta do Piauí (PI, R$ 25,2 milhões), São Luís do Piauí (PI, R$ 25,3 milhões), Areia de Baraúnas (PB, R$ 26,0 milhões) e Quixaba (PB, R$ 26,7 milhões), conforme os dados divulgados pelo IBGE. Logo, inegavelmente, quatro cidades paraibanas estão entre as dez mais pobres do país.
 
Vale lembrar, também, que os dez estados com as maiores taxas de analfabetismo no Brasil, nove encontram-se no Nordeste: Piauí (14,8%), Alagoas (14,4%), Paraíba (13,6%), Maranhão (12,1%), Ceará (12,0%), Sergipe (11,7%), Pernambuco (11,0%), Rio Grande do Norte (10,5%), e Bahia (10,3%), a exceção é o Acre com 8,5%, conforme o IBGE. É certamente, um dos mais graves problemas sociais do Brasil, do Nordeste e da Paraíba, o elevado contingente de pessoas analfabetas em plena Quarta Revolução Industrial.
 
Um dos principais fatores responsáveis pelo pífio PIB e baixo PIB per capita dos municípios paraibanos em relação aos 100 municípios brasileiros mais prósperos, com exceções, de João Pessoa, Campina Grande e Alhandra, é reconhecidamente, a escassez de investimentos em educação de qualidade ao longo de cinco décadas. Por exemplo, o número pequeno de bibliotecas públicas e privadas inauguradas nos últimos 50 anos. É possível a construção de uma nova e moderna biblioteca municipal no Centro Histórico de João Pessoa, com cinco milhões de livros, na necessidade de gerar mais empregos e na forte intenção de promover a prosperidade econômica num dos principais atrativos turísticos da secular Paraíba.
 
A realidade econômica é preocupante no estado da Paraíba, 53,33% dos 30 municípios com menores PIBs do Brasil estão localizados na Paraíba. E os 16 municípios paraibanos totalizaram um PIB de R$ 446,4 milhões em 2021, segundo o IBGE. É urgente, construir as bases para a interiorização do desenvolvimento paraibano a partir do próximo ano.
 
Finalizando, as mudanças climáticas afetam a economia paraibana e, atualmente, 26 municípios paraibanos estão em situação de emergência por causa da seca. Em suma, é muito triste saber que 16 municípios paraibanos compõem esse cenário dos menores PIBs do Brasil. Logo, os governos municipais, estadual e federal, a iniciativa privada, as cooperativas, e as universidades públicas e privadas estejam juntas e propensas na elaboração de um projeto estadual de interiorização do desenvolvimento da Paraíba.
 
Enfim, o PIB paraibano foi de R$ 77,4 bilhões em 2021, sendo o 19° estado mais rico do Brasil e o 7° mais próspero do Nordeste, mas, a pobreza persiste, é visível nas ruas e praças das cidades paraibanas. Não há dúvida no pensamento econômico do economista paraibano Celso Furtado (1920-2004): “O desenvolvimento verdadeiro só ocorre quando a população em seu conjunto é beneficiada”.
 
REFERÊNCIAS
IBGE. Produto Interno Bruto dos Municípios 2021. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv102057_informativo.pdf. Acesso em: 18 dez. 2023.
IBGE. Tabelas Completas do Produto Interno Bruto dos Municípios 2021. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/contas-nacionais/9088-produto-interno-bruto-dos-municipios.html?edicao=38672&t=resultados. Acesso em: 18 dez. 2023.
 
(1) Economista brasileiro, com graduação em Economia pela UFPB, especialização em Gestão de RH pela UNINTER, professor de Economia no UNIESP, conselheiro suplente do CORECON-PB, sócio efetivo do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, escritor, palestrante e apresentador do Programa Economia em Alta na Rádio Alta Potência na capital paraibana. WhatsApp: 55 (83) 98122-7221. Instagram: @paulogalvaojunior
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