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28/01/2024 às 01h16min - Atualizada em 28/01/2024 às 01h13min

O relevante papel da NIB na agroindústria brasileira

Paulo Galvão Júnior (*)

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, autor de 18 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Inicialmente, é preciso parabenizar o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) pelo lançamento no dia 22 de janeiro de 2024, da Nova Indústria Brasil (NIB), a política de neoindustrialização, que trará benefícios econômicos para a indústria nacional entre 2024 e 2026 e que poderá impulsionar a economia brasileira e promover o desenvolvimento sustentável do país até o ano de 2033.
 
A NIB prevê R$ 300 bilhões em financiamentos para o setor industrial até 2026. Destes, R$ 250 bilhões provêm do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com sede no Rio de Janeiro, enquanto R$ 50 bilhões são provenientes da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), com sede no Rio de Janeiro, e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII), com sede em Brasília.
 
A NIB tem seis missões que buscam trazer benefícios para a sociedade brasileira, entre elas, destaca-se a “A missão 1 – Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para a segurança alimentar, nutricional e energética” (CNDI; MDIC, 2024, p. 6). A agroindústria é a indústria da transformação de matérias-primas advindas da agricultura, pecuária e silvicultura, ou seja, o beneficiamento, transformação e processamento de produtos agropecuários em produtos industrializados. Por exemplo, a pecuária leiteira produz o leite de vaca no campo e vende para a agroindústria na cidade, responsável pela fabricação de diversos tipos de queijos e iogurtes.
 
“No cenário atual, o setor agroindustrial participa de 23% do PIB agropecuário” (CNDI; MDIC, 2024, p. 27). E a agroindústria tem participação de aproximadamente 5,9% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Atualmente, apenas 18% dos estabelecimentos de agricultura familiar são mecanizados. E a “agroindústria nacional enfrenta seis desafios como aumentar a produtividade no campo, aumentar o valor agregado da produção agrícola brasileira, alinhar as políticas industrial e de comércio exterior, mecanizar a agricultura familiar, aumentar o uso de bioinsumos para a produção de alimentos e na agropecuária, e desenvolver máquinas, equipamentos e insumos nacionais para reduzir risco de variações de oferta internacional” (CNDI; MDIC, 2024, p. 27).
 
Na missão 1 da NIB destacam-se “As três áreas para o desenvolvimento de nichos industriais são: i) Equipamentos para agricultura de precisão; ii) Máquinas agrícolas para a grande produção e para a agricultura familiar; e iii) Biofertilizantes” (CNDI; MDIC, 2024, p. 27). É preciso ressaltar que agricultura de precisão (AP) é o uso de tecnologias nas fazendas como GPS, sensores e drones agrícolas que permitem a coleta de dados detalhados sobre as condições do solo, clima e culturas. Esses dados são usados para otimizar o uso de insumos, como fertilizantes, reduzindo custos.
 
Chama muita atenção, na nova política industrial brasileira, a ênfase na AP, que busca minimizar perdas na colheita, aumentar a rentabilidade das fazendas, utilizando métodos inovadores como os sensores de umidade do solo. Esse levantamento de dados, interpretações desses dados e medidas de manejo com base nos dados coletados são gerados com mais rapidez e eficiência, facilitando a tomada de decisão na lavoura.
 
A agroindústria nacional tem contribuindo muito com a geração de empregos e renda, e, na redução da desigualdade econômica, consequentemente, na melhoria da qualidade de vida da população brasileira. Por exemplo, a agroindústria brasileira é beneficiada com a fruticultura irrigada na região Nordeste, com seus ganhos de produtividade.
 
A fruticultura irrigada utiliza a tecnologia agrícola disponível no campo, para obter a maior produção, a maior produtividade possível, e, assim, aumenta a produção de frutas “in natura”, mas, também, contribui na produção de polpas e de sucos, que são comercializados no mercado interno, e, sobretudo, exportados para o mercado externo.
 
Trata-se de investimentos expressivos da NIB na agroindústria brasileira, com possibilidade de geração de milhares de empregos diretos na área rural e, sobretudo, nas unidades fabris. E a NIB proporcionará maior beneficiamentos das culturas de manga, maracujá, uva, graviola, goiaba, abacaxi, cajá e caju, que podem ser otimizado através de práticas sustentáveis que contribuem para o desenvolvimento sustentável do Brasil.
 
É alta a rentabilidade da fruticultura irrigada no Nordeste, dada as suas condições naturais de solo, insolação, a tecnologia a ser utilizada para irrigar e a qualidade das frutas compradas pelas agroindústrias. É preciso revelar que a agroindústria é um modelo de produção criado após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) com o surgimento da Revolução Verde, cujo mentor foi o agrônomo americano Norman Borlaug (1914-2009) e laureado com o Prêmio Nobel da Paz em 1970, por suas contribuições para redução da fome mundial.
 
Com a implantação de mais agroindústrias, sobretudo, de unidades de beneficiamento de frutas no Brasil, o terceiro maior produtor mundial de frutas, atrás apenas da China e da Índia, poderá crescer a industrialização de frutas na economia brasileira e aumentará as exportações de doces, geleias, polpas e sucos para o resto do mundo.

Segundo a Professora Marlene Lovatto (2016, p. 11), da Universidade Federal de Santa Maria, "Atualmente, os centros de pesquisa e os mercados apostam no poder das frutas como diferenciais para agregar saúde e praticidade aos produtos processados".
 
Outro exemplo é a agroindústria de sucos de frutas, que poderá vender milhões de litros de sucos de frutas no mercado interno como também no mercado externo. A quantidade de sucos de frutas produzidos pelas agroindústrias brasileiras poderá crescer muito com os financiamentos do BNDES em todo o país, em especial, no Nordeste.
 
É possível expandir mais o agronegócio da fruticultura irrigada, com a criação de dezenas de usinas de beneficiamento de polpas em cada estado nordestino. É fundamental garantir a produção de frutas “in natura” por parte dos pequenos, médios e grandes fruticultores nordestinos, abrindo caminhos para a expansão do segmento de polpas em sacos de 500 gramas para supermercados no mercado nacional, por exemplo, e em mercados internacionais como os Estados Unidos, Canadá, Japão, China, África do Sul, Egito, Austrália, Nova Zelândia, Alemanha e Reino Unido.
 
Em resumo, o artigo enfatiza a relevância da NIB na agroindústria brasileira, especialmente na AP, com destaque a fruticultura irrigada, visando à modernização do setor nas cinco regiões do país, em especial, na região Nordeste. O Brasil seguirá firme na trilha rumo à liderança da produção e das exportações do agronegócio mundial como ocorrem no suco de laranja concentrado e congelado e no café beneficiado. E o Brasil é um país de economia de renda média e uma nação emergente, com mais indústrias, mais empregos no setor secundário, mais tecnologia, mais produtos industrializados, o continental Brasil poderá se transformar em um país de economia de renda alta e numa nação desenvolvida como o continental Canadá no ano de 2050.
 
REFERÊNCIAS
CNDI; MDIC. Nova Indústria Brasil – forte, transformadora e sustentável: Plano de Ação para a Neoindustrialização 2024-2026. Disponível em: file:///C:/Users/Ykalo/Downloads/nova-industria-brasil-plano-de-acao%20(1).pdf. Acesso em: 26 jan. 2024.
EMBRAPA. Agroindústria. Disponível em: https://www.embrapa.br/grandes-contribuicoes-para-a-agricultura-brasileira/agroindustria. Acesso em: 27 jan. 2024.
LOVATTO, Marlene Terezinha. Agroindustrialização de Frutas I. Disponível em: https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/413/2018/11/14_agroindustrializacao_de_frutas_I.pdf. Acesso em: 27 jan. 2024.
 
(*) Economista brasileiro, professor de Economia no UNIESP, conselheiro efetivo do CORECON-PB, sócio efetivo do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, autor de 13 e-books de Economia com ISBN, autor e co-autor de mais de 300 artigos de Economia, palestrante, colunista no Jornal North News, Revista Nordeste, Revista Moçada que Agita, Portal MaisPB, Portal Valentina, Portal Notícia Extra.com, e na SAM Consultoria, investidor agressivo em ativos financeiros do agronegócio brasileiro pela XP Investimentos, e apresentador do Podcast Economia em Alta na Rádio Alta Potência. Foi eleito o Economista do Ano 2019 na Paraíba, Professor Destaque na CPA dos semestres 2016.1, 2017.1, 2017.2, 2018.2 e 2021.2 no UNIESP, o Professor Destaque 2022 no UNIESP e o Professor de Economia do Ano 2023 na Paraíba. WhatsApp: 55 (83) 98122-7221.
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