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23/04/2024 às 08h25min - Atualizada em 23/04/2024 às 08h21min

Os paradigmas do desenvolvimento sustentável

Paulo Galvão Júnior (1)

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, autor de 18 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Fonte: RÁDIO ALTA POTÊNCIA.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
 
É preocupante constatar como as mudanças climáticas estão afetando cidades em todo o mundo, desde grandes metrópoles como Toronto, no Canadá, até capitais litorâneas como João Pessoa, no Brasil. Ambas enfrentam desafios decorrentes das alterações climáticas, como eventos extremos, aumento de temperatura e mudanças na precipitação pluviométrica. Esses impactos podem ter consequências graves na saúde, economia, meio ambiente e mobilidade urbana.
 
Toronto, a maior cidade do Canadá e capital da província de Ontário, conhecida por sua natureza cosmopolita e desenvolvimento econômico robusto, enfrenta desafios significativos. Necessita adaptar sua infraestrutura para lidar com inundações mais intensas e melhorar a qualidade do ar diante do aumento das temperaturas e da fumaça dos incêndios florestais.
 
É alarmante ver como João Pessoa, uma cidade linda e vital para o turismo paraibano, enfrenta desafios devido às mudanças climáticas. A erosão costeira, o aumento do nível do mar e as chuvas intensas afetam diretamente a qualidade de vida dos moradores e a infraestrutura da cidade.
 
A erosão costeira representa uma ameaça séria, podendo levar à perda de praias e danificar estruturas como calçadões à beira-mar. Além disso, o aumento do nível do mar pode resultar em inundações costeiras mais graves, colocando em risco áreas residenciais e comerciais próximas à costa.
 
As chuvas mais intensas também representam um grande desafio, especialmente em áreas urbanas com escoamento inadequado de água. O alagamento de ruas e avenidas causa transtornos para os moradores e danos a veículos e propriedades privadas.
 
Para enfrentar esses desafios, é essencial que as autoridades locais adotem medidas de adaptação e mitigação das mudanças climáticas. Isso pode incluir a implementação de planos de gerenciamento costeiro, investimentos em infraestrutura de drenagem e controle de enchentes, além de medidas de conservação ambiental para proteger locais costeiros sensíveis, como a Barreira do Cabo Branco.
 
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), "o desenvolvimento sustentável é a gestão e conservação da base de recursos naturais e a orientação de mudanças tecnológicas e institucionais de forma a assegurar a satisfação contínua das necessidades humanas para as gerações presentes e futuras".
 
É importante ressaltar que o desenvolvimento sustentável visa atender às necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades. Dentro desse contexto, existem paradigmas que orientam as práticas para alcançar esse relevante objetivo.
 
2. OS PARADIGMAS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
 
O termo "paradigmas" refere-se a modelos ou padrões aceitos que influenciam nossa visão de mundo, interpretação de informações e tomada de decisões. Mudanças nos paradigmas podem levar a transformações socioeconômicas e ambientais.
 
Este artigo explora os paradigmas do desenvolvimento sustentável, enfatizando sua importância na busca por um equilíbrio entre as necessidades presentes e futuras. Para esse fim, começamos por apresentar os sete paradigmas do desenvolvimento sustentável, e cada paradigma é detalhado com dois exemplos e duas implicações.
 
2.1 Interdependência entre Economia, Sociedade e Meio Ambiente
 
Este paradigma reconhece que a economia, sociedade e meio ambiente estão interligados e interdependentes. Isso significa que as decisões econômicas e sociais devem levar em consideração os impactos ambientais e vice-versa.
 
Exemplos: i) Programas de energia renovável subsidiados pelo governo municipal garantem acesso equitativo à energia limpa em comunidades de baixa renda, reduzindo a disparidade energética; ii) Políticas de transporte público acessível e eficiente, com ônibus elétricos, beneficiando todos os segmentos da população, especialmente os mais vulneráveis economicamente, reduzindo a dependência de veículos particulares e as emissões de gases de efeito estufa (GEE).
 
Implicações: i) Redução das desigualdades sociais e econômicas, promovendo um crescimento econômico mais inclusivo e equitativo, e uma maior estabilidade social, com redução de conflitos e disparidades; ii) Melhoria do bem-estar social e da coesão comunitária, garantindo que todos tenham acesso a recursos e oportunidades necessárias para uma vida digna, fortalecendo a resiliência das comunidades diante de desafios socioeconômicos e ambientais, como impactos na economia global, desigualdades sociais, perda de biodiversidade, insegurança alimentar e riscos à saúde.
 
2.2 Equidade e Justiça Social
 
O desenvolvimento sustentável enfatiza a importância da equidade e justiça social, garantindo que todos tenham acesso a recursos e oportunidades necessárias para uma vida digna, sem discriminação ou exclusão social.
 
Exemplos: i) Implementação de políticas públicas e infraestrutura que assegurem o acesso justo à água potável para todas as classes econômicas, independentemente de sua localização geográfica na cidade ou condição socioeconômica; ii) Desenvolvimento de energias renováveis em comunidades carentes, com implementação de projetos de instalação de painéis solares em bairros de renda baixa, para reduzir os custos de energia elétrica e melhorar a qualidade de vida dessas comunidades mais vulneráveis.
 
Implicações: i) Redução das desigualdades sociais e econômicas, promovendo um crescimento econômico mais inclusivo e equitativo, e uma maior estabilidade social, com redução de conflitos e disparidades; ii) Melhoria do bem-estar social e da coesão comunitária, garantindo que todos tenham acesso a recursos e oportunidades necessárias para uma vida digna, fortalecendo a resiliência das comunidades diante de desafios socioeconômicos e ambientais.
 
2.3 Conservação e Uso Sustentável dos Recursos Naturais
 
O paradigma da conservação e uso sustentável dos recursos naturais reconhece a importância de proteger e gerenciar os recursos naturais de forma sustentável, garantindo sua disponibilidade para as gerações futuras.
 
Exemplos: i) Áreas protegidas, como parques nacionais e reservas ambientais, são estabelecidas para preservar a biodiversidade e os ecossistemas, garantindo a conservação de habitats naturais e serviços ecossistêmicos; ii) Adoção de políticas de manejo florestal sustentável que promova a conservação da biodiversidade, a regeneração natural da Mata Atlântica e a geração de renda para as comunidades locais.
 
Implicações: i) Manutenção da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos essenciais para a sobrevivência humana, como a polinização de cultivos, a purificação da água e a regulação do clima; ii) Proteção dos recursos naturais e dos meios de subsistência das comunidades locais, promovendo a resiliência e a sustentabilidade socioeconômica a longo prazo.
 
2.4 Participação e Engajamento Comunitário
 
O desenvolvimento sustentável envolve a participação e engajamento ativo das comunidades locais na tomada de decisões que afetam suas vidas e ambientes.
 
Exemplos: i) Processos de planejamento participativo, nos quais os moradores têm voz ativa na definição de políticas e projetos que impactam suas comunidades, garantindo que suas necessidades e preocupações sejam consideradas; ii) Iniciativas de base comunitária, como hortas urbanas e cooperativas de reciclagem, promovem a autonomia local, o senso de pertencimento e a solidariedade entre os moradores.
 
Implicações: i) Fortalecimento da democracia e governança local, promovendo a transparência, prestação de contas e legitimidade das instituições governamentais; ii) Fomento do capital social e resiliência comunitária, construindo relações de confiança, cooperação e solidariedade entre os moradores.
 
2.5 Inovação e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável
 
O paradigma da inovação e tecnologia para o desenvolvimento sustentável destaca o papel das novas tecnologias e práticas inovadoras na promoção de soluções sustentáveis para desafios socioeconômicos e ambientais.
 
Exemplos: i) Energias renováveis, como solar e eólica, são implantadas em larga escala para reduzir as emissões de GEE e promover a independência energética; ii) A frota de ônibus elétricos para o transporte público eficiente e sustentável, contribuindo para redução das emissões de GEE e a melhoria da qualidade do ar na cidade.
 
Implicações: i) Promoção da sustentabilidade ambiental e redução do impacto das atividades humanas no meio ambiente, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas e preservação dos recursos naturais; ii) Estímulo à inovação e competitividade econômica, criando novas oportunidades de negócios, empregos e investimentos em setores de tecnologia limpa e soluções sustentáveis.
 
2.6 Educação para o Desenvolvimento Sustentável
 
O paradigma da educação para o desenvolvimento sustentável enfatiza a importância da educação formal e não formal na promoção de valores, conhecimentos e habilidades necessárias para uma sociedade sustentável.
 
Exemplos: i) Integração da educação ambiental e sustentabilidade nos currículos escolares, capacitando os alunos a compreenderem os desafios socioeconômicos e ambientais e desenvolverem habilidades para ação; ii) Programas de conscientização e capacitação comunitária, como oficinas e campanhas de sensibilização, promovem a participação ativa dos cidadãos na conservação ambiental e no desenvolvimento sustentável.
 
Implicações: i) Empoderamento dos indivíduos para tomada de decisões responsáveis em relação ao meio ambiente e à sociedade, promovendo uma cultura de sustentabilidade e cidadania ativa; ii) Formação de cidadãos críticos e engajados, capazes de contribuir para soluções inovadoras e colaborativas para desafios socioeconômicos e ambientais locais e globais.
 
2.7 Cooperação Internacional e Solidariedade Global
 
O paradigma da cooperação internacional e solidariedade global destacam a necessidade de colaboração entre países, organizações e sociedade civil para enfrentar desafios globais comuns e promover o desenvolvimento sustentável. A ONU estabeleceu 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para serem alcançados até 2030.
 
Exemplos: i) Acordos internacionais sobre mudanças do clima, como o Acordo de Paris, de 2015, estabelecem metas e compromissos para reduzir as emissões de GEE e limitar o aumento da temperatura global abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais, com esforços para limitar o aumento a 1,5°C; ii) Programas de cooperação e assistência técnica entre países desenvolvidos como o Canadá e em desenvolvimento como o Brasil visam promover o intercâmbio de conhecimento, tecnologias e recursos para enfrentar desafios socioeconômicos e ambientais.
 
Implicações: i) Fortalecimento da governança global e instituições multilaterais, promovendo o desenvolvimento sustentável entre as nações; ii) Promoção da justiça global e redução das disparidades socioeconômicas entre países, garantindo que todos tenham acesso aos recursos necessários para uma vida digna e sustentável.
 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Finalizando, o desenvolvimento sustentável é um paradigma que busca conciliar o crescimento econômico, a inclusão social e a proteção ambiental, garantindo que as necessidades das gerações presentes sejam atendidas sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atenderem suas próprias necessidades.
 
O artigo explora os impactos das mudanças climáticas tanto em Toronto quanto em João Pessoa. Ambas estão sofrendo com problemas de chuvas mais intensas, ondas de calor mais intensas, que podem afetar a saúde dos seus habitantes e turistas nacionais e internacionais.
 
É necessário elaborar um novo plano de desenvolvimento sustentável da cidade, que reconheça as interconexões e interdependências entre os aspectos econômicos, sociais e ambientais. Isso requer ações coordenadas e colaborativas em níveis local, nacional e global, envolvendo governos, setor privado, sociedade civil e comunidade acadêmica. Ao priorizar o desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões, podemos construir uma cidade mais próspera, justa e sustentável para todos os moradores.
 
(1) Economista brasileiro formado pela UFPB, especialista em Gestão de RH na UNINTER, professor de Economia no UNIESP, conselheiro efetivo do CORECON-PB, sócio do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba e apresentador do Programa Economia em Alta na Rádio Alta Potência. E-mail: [email protected]. WhatsApp: 55 (83) 98122-7221. PIX: 738.451.244-15.

NÃO PERCA HOJE NO PROGRAMA ECONOMIA EM ALTA!

Na terça-feira (23.04), às 19h, teremos o programa apresentado pelo economista e professor Paulo Galvão Júnior. A proposta do programa é falar sobre “Os paradigmas do desenvolvimento sustentável”. E no programa teremos como convidado o economista uruguaio Daniel Aran. Não perca, às 19h, na Rádio Alta Potência.

Com participação especial de Evan Bruner, Afonso Getulio Zucarato e Lucas Ordonha da Quasar Connect apresentando a nova solução tecnológica para descarbonização. 

Para assistir ao vivo, e depois gravado, o programa Economia em Alta, siga o Youtube da Rádio Alta Potência:
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