Tom Jobim no Festival International de Jazz de Montréal em 1986 Considerações Iniciais
Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, mais conhecido como Tom Jobim, nasceu em 25 de janeiro de 1927, no Rio de Janeiro, cidade linda que o inspirou e moldou grande parte de sua relevante obra musical. Tom Jobim foi um dos principais responsáveis pela criação da Bossa Nova, no final dos anos 1950, gênero musical que levou a música brasileira a novos patamares no cenário internacional.
Em 1986, Tom Jobim cantou e encantou no Festival Internacional de Jazz de Montréal, na província francófona de Quebec, no Canadá. Oito anos depois, em 8 de dezembro de 1994, o Brasil e o mundo perderia o Maestro Soberano, que faleceu em Nova Iorque, aos 67 anos, em decorrência de duas paradas cardíacas no Hospital Mount Sinai. O velório com o caixão coberto pela bandeira do Brasil foi realizado no belíssimo Jardim Botânico, perto da sua bela residência no alto do bairro Jardim Botânico, no Rio, no fundo o Corcovado com a estátua do Cristo Redentor de braços abertos sob a Baía de Guanabara.
Nas comemorações alusivas aos 30 anos de falecimento de Tom Jobim, este artigo novo é dedicado ao maior compositor brasileiro de todos os tempos e retrata a sua apresentação em Montreal, um marco não só em sua carreira, mas também na difusão da Bossa Nova no exterior. Montreal, a segunda cidade mais populosa do Canadá, foi palco de momentos inesquecíveis, nos quais Tom Jobim cantando e encantando o público canadense com a sofisticação harmônica e lírica de suas belas composições, consolidando o prestígio da música brasileira no cenário internacional.
O Festival International de Jazz de Montréal em 1986
O Festival International de Jazz de Montréal, realizado anualmente desde 1980, é reconhecido como um dos maiores eventos de jazz do mundo, atraindo músicos e espectadores de todos os continentes. O festival foi inaugurado pelo cantor americano Ray Charles.
A edição de 1986 foi a 6ª e especialmente memorável para os fãs da Bolsa Nova, pois trouxe ao palco o consagrado e maravilhoso compositor Tom Jobim. Ele encontrou no público canadense uma platéia receptiva, que ansiava por novas experiências musicais e estava disposta a apreciar a riqueza da música brasileira.
A apresentação de Tom Jobim no festival foi uma oportunidade única para compartilhar com o público internacional a essência da Bossa Nova e suas melodias envolventes e harmonias. Entre as canções escolhidas para o espetáculo, estavam clássicos como "Samba de Uma Nota Só", "Água de Beber", "Chega de Saudade", linda canção de Tom Jobim em parceria com o poeta carioca Vinicius de Moraes e interpretada pela primeira vez na voz do cantor baiano João Gilberto e título do seu disco de vinil em 1958, além de outros sucessos inconfundíveis como "Waters of March" (versão em inglês de "Águas de Março") e "The Girl From Ipanema” (versão em inglês de "Garota de Ipanema"), a segunda canção mais executada do mundo, atrás apenas de “Yesterday” de 4 jovens de Liverpool, The Beatles.
Ao todo, foram 13 músicas que já haviam conquistado o mundo, mas que ganharam um toque especial no palco canadense. Ao vivo, Tom Jobim tocou no piano e cantou inicialmente “Samba de Uma Nota Só”, depois “Água de Beber", “Chega de Saudade”, “Two Kites”, “Wave” (versão instrumental), “Borzeguim”, “Falando de Amor”, “Gabriela”, “A Felicidade”, “Samba do Avião”, “Waters of March”, “Garota de Ipanema", a música brasileira mais famosa da história fonográfica mundial e composta em parceria com o compositor carioca Vinicius de Moraes em 1962, e cantada em inglês pelo célebre cantor norte-americano Frank Sinatra em 1967, e finalmente, a última canção do inesquecível show de Tom Jobim em Montreal, com versos iniciais de “Canção do exílio”, de 1857, do poeta romântico marahaense Gonçalves Dias, e trechos de “Samba de Uma Nota Só”, composta em parceria com pianista e compositor carioca Newton Mendonça.
Tom Jobim foi acompanhado pela Banda Nova, uma banda de cinco músicos talentosos, entre eles o seu filho Paulo Jobim no violão, e do flautista e vocalista Danilo Caymmi, filho de Dorival Caymmi, outro grande nome da Bossa Nova e grande amigo de Tom Jobim. Além de cinco vocais femininos inesquecíveis, que incluíam sua filha Elizabeth Jobim, sua segunda esposa Ana Jobim, e as cantoras Maúcha Adnet, Paula Morelenbaum e Simone Caymmi, esposa de Danilo Caymmi.
Impacto Cultural das Belas Canções de Tom Jobim em Quebec
O público quebequense, multicultural e aberto a novas influências musicais, recebeu o músico carioca Tom Jobim de braços abertos. A fusão de ritmos brasileiros como o samba com a sofisticação do jazz proporcionou uma experiência única, onde o lirismo suave de suas belas composições se mesclou com o ritmo da Bossa Nova. Montreal, conhecida por sua diversidade cultural, encontrou na música do maestro Tom Jobim um reflexo de sua própria identidade.
A qualidade e sonoridade musical de Tom Jobim, fã de Heitor Villa-Lobos, grande maestro brasileiro, fluente em francês, compositor carioca de “O Trenzinho do Caipira” e apreciador de charutos e sepultado no Cemitério São João Batista como Tom Jobim; trouxe uma atmosfera especial à apresentação em Montreal, a cidade mais populosa do Quebec, a segunda maior cidade francófona do mundo, onde a simplicidade das melodias contrastava com a profundidade emocional das letras, criando uma conexão íntima entre os músicos e o público quebequense.
A crítica quebequense elogiou amplamente a performance de Tom Jobim, destacando a sua capacidade de criar uma ponte entre a música brasileira e o jazz internacional. Sua passagem pelo festival não apenas reforçou o prestígio da Bolsa Nova fora do Brasil, mas também abriu portas para outros artistas brasileiros, que mais tarde participariam do festival. Entre os cantores destacam-se Milton Nascimento (1990) e Marisa Monte (2023), ambos responsáveis por levar a música brasileira a um público cada vez maior e diversificado, solidificando ainda mais a presença do Brasil no cenário musical internacional.
Considerações Finais
Tom Jobim foi aplaudido de pé no Festival International de Jazz de Montréal, em 1986, na sala de concerto da Place des Arts. Ele consolidou ainda mais sua posição como um dos principais embaixadores da música brasileira no exterior. Sua genialidade musical, aliada à receptividade de um público internacional, provou que a música é uma linguagem universal, capaz de transcender barreiras culturais e linguísticas.
Para o bilíngue Canadá, especialmente para a vibrante cidade de Montreal, a musicalidade do Tom Jobim há quase quatro décadas foi um momento histórico. Sua performance foi uma ponte cultural que reforçou os laços entre a Bolsa Nova e o público internacional, sendo lembrada até hoje como um dos grandes momentos em que a música brasileira brilhou no cenário global.
Com certeza, o legado de Tom Jobim continua vivo em palcos de todo o mundo, e sua apresentação em Montreal há 38 anos permanece como um símbolo da universalidade e do poder transformador da música atemporal de Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim. Sua foto está no painel dos grandes músicos do mundo na Place des Artes, como Ray Charles, Bob Dylan, James Brown e Stevie Wonder.
Finalizando, o Brasil é lindíssimo e conhecido mundialmente pelo futebol, pelo carnaval, pela Floresta Amazônica, pela Mata Atlântica, pelo Cristo Redentor, pelas lindas praias urbanas, como a Praia de Ipanema, Praia de Copacabana e Praia do Cabo Branco, e com certeza, pela sua bela música também, que participará da 45ª edição do Festival International de Jazz de Montréal, entre 26 de junho a 5 de julho de 2025.
Viva Tom Jobim! “Estou morrendo de saudade” de Pamella em Montréal e de Priscilla em Niterói. Lágrimas de saudade como dói! Beijos, filhas!
Referências TOM JOBIM AO VIVO EM MONTREAL. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=-UVGcQHNCnw. Acesso em: 05 Out. 2024.
FESTIVAL INTERNATIONAL DE JAZZ DE MONTRÉAL. Disponível em:
https://montrealjazzfest.com/en. Acesso em: 05 Out. 2024.
(*) Economista brasileiro, fã de Tom Jobim e autor do e-book “A Importância do Canadá no G7 e G20”: https://paulogalvaojunior.com.br/canada/.
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