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14/10/2024 às 11h40min - Atualizada em 14/10/2024 às 11h33min

A Chegada da Revista Nordeste na República Popular da China

Por Paulo Galvão Júnior (*)

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, autor de 17 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Fonte: Walter Santos da Revista Nordeste.
Considerações Iniciais
 
Em João Pessoa, a cidade onde o sol nasce primeiro nas Américas, são quatro horas da madrugada, do dia 14 de outubro de 2024. Estou em casa, no computador e ouvindo a trilha sonora do filme The Last Emperor (em português, O Último Imperador), de 1987, dirigido pelo saudoso cineasta italiano Bernardo Bertolucci, vencedor de nove Oscars em 1988, que retrata a vida de Pu Yi, o último imperador da China, quando era uma criança até a sua queda com a Revolução Chinesa, de 1949, e posteriormente, sua vida adulta como um cidadão comum após a proclamação da República Popular da China, por Mao Tsé-tung, em 1 de outubro de 1949.
 
Logo, ouvirei os cantos de passarinhos nos Expedicionários e enxergarei os primeiros raios de sol da América pela minha janela. Nas próximas edições do Relatório de Desenvolvimento Humano, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), espero ver a China integrar a seleta lista de países com desenvolvimento humano muito alto, com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre 0,800 e 1.
 
Agora, são 15h em Beijing, e celebro os 18 anos da Revista Nordeste, que circula em versões digital e impressa no Brasil. Com grande satisfação, informo aos estimados leitores do Portal North News, no Canadá, sobre a chegada da Revista Nordeste na República Popular da China, um marco nas relações sino-brasileiras.
 
Fundada pelo jornalista paraibano Walter Santos em 2006, a Revista Nordeste circula nas principais bancas do Brasil, focando no desenvolvimento econômico, social, cultural e sustentável da região Nordeste. Em suas páginas, são analisados os principais indicadores dos nove estados nordestinos: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
 
A chegada da Revista Nordeste à Beijing, a capital chinesa, representa um importante canal de diálogo entre Brasil e China, promovendo matérias sobre os dois países membros do Grupo dos Vinte (G20) e do grupo BRICS Plus. Como economista paraibano, diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, conselheiro efetivo do Conselho Regional de Economia da Paraíba (CORECON-PB) e colunista da Revista Nordeste, comemoro também esse marco histórico. Tenho contribuído para a Revista Nordeste com relevantes artigos de Economia nas edições 203, 204, 205, 206, 207, 208 e 211 no ano de 2024.
 
A Revista Nordeste na  Cúpula Mundial de Mídia na China
 
Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil. A criação da Revista Nordeste em 2006 reflete o crescente interesse em promover a região Nordeste, que é rica em recursos naturais, possui praias deslumbrantes, uma cultura vibrante e um grande potencial de crescimento econômico.
 
A participação da Revista Nordeste como convidada na 6ª Cúpula Mundial de Mídia, em Beijing, ao lado da Folha de São Paulo, é um marco nas relações sino-brasileiras. Segundo o IBGE, com 57,0 milhões de habitantes, 26,82% dos 212,5 milhões de pessoas no Brasil, o Nordeste oferece um mercado promissor para parcerias comerciais e instalação de empresas chinesas, especialmente nos setores de tecnologia, turismo, energias renováveis, agronegócio e infraestrutura logística.
 
Na China, “Um relatório de um think tank sobre os prós e contras da inteligência artificial (IA) para as mídias noticiosas globais foi lançado nesta segunda-feira (14) na cerimônia de abertura da 6ª Cúpula Mundial de Mídia”, segundo o jornalista brasileiro Walter Santos.
 
A China é a Segunda Maior Economia do Mundo
 
Desde 2010, a China é a segunda maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos da América (EUA). Esse crescimento econômico extraordinário resulta de reformas econômicas iniciadas em 1978 sob a liderança de Deng Xiaoping, que transformaram o país na maior fábrica do mundo.
 
O Produto Interno Bruto (PIB) nominal da China já ultrapassa 18 trilhões de dólares americanos, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Com um crescimento médio anual de 7,9% entre 1978 e 2018. O PIB chinês cresceu de US$ 150 bilhões em 1978 para US$ 12,2 trilhões em 2018, conforme dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (sigla em inglês, UNCTAD). Esse crescimento robusto nos últimos 40 anos, colocou a China como um dos principais motores da economia mundial, influenciando os mercados globais de commodities e de investimento externo direto (IED).
 
No entanto, com o início da pandemia da COVID-19, na cidade chinesa de Wuhan, em dezembro de 2019, a China vem enfrentando grandes desafios em sua economia socialista de mercado. Após uma desaceleração no crescimento do PIB em 2020 para 3%, as projeções econômicas se tornaram menos otimistas para o biênio 2024-2025. Dessa maneira, a China vem trabalhando com cenários mais modestos de crescimento do PIB.
 
Em 16 de outubro de 2024, será publicado o novo World Economic Outlook (WEO), uma pesquisa de perspectivas econômicas feita pela equipe econômica do FMI, e no último WEO, de julho de 2024, as perspectivas econômicas de crescimento da China eram de 5,0% em 2024, enquanto da Índia e do Brasil, eram 7,0% e 2,1%, respectivamente. Já para o ano de 2025, as projeções econômicas são de Índia (6,5%), China (4,5%) e Brasil (2,4%), de acordo com o FMI.
 
O país asiático investe pesadamente em inovação tecnológica, buscando liderar setores estratégicos como IA, biotecnologia e energia renovável. A iniciativa de One Belt, One Road (ou Nova Rota da Seda), desde 2013, reflete sua ambição de expandir a influência econômica e geopolítica globalmente.
 
Apesar dos desafios internos, como a transição de uma economia baseada em manufatura, para uma economia mais focada em serviços e consumo interno, a China avança rumo a ser o shopping center do planeta. Todavia, o envelhecimento populacional e a desigualdade de renda exigem soluções inovadoras para manter o crescimento econômico robusto.
 
A China no Último Relatório de Desenvolvimento Humano
 
O PNUD divulgou o Relatório de Desenvolvimento Humano 2023/2024, que apresenta o IDH de 193 países. O IDH, criado pelos economistas asiáticos Mahbub ul Haq e Amartya Sen, mede o bem-estar em saúde, educação e renda. O índice varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, melhor o desenvolvimento humano. A Suíça, com IDH de 0,967 em 2022, lidera o ranking global e da Europa, enquanto a Somália, com IDH de 0,380, ocupa a última posição no mundo e na África.
 
A China, no último Relatório de Desenvolvimento Humano, com IDH de 0,788, ocupava a 75ª posição mundial em 2022, com esperança de vida de 78,6 anos, média de 8,1 anos de escolaridade e 15,2 anos de escolaridade esperados, além de Rendimento Nacional Bruto (RNB) per capita de 18.025 dólares PPC (paridade de poder de compra), conforme o PNUD.
 
China e Brasil figuram no grupo de países com IDH alto, ou seja, IDH de 0,700 a 0,799. O IDH do Brasil é de 0,760, colocando o país sul-americano no 89° lugar no ranking mundial. A minha expectativa é que nos próximos anos, com investimentos crescentes em educação e saúde, o país asiático possa alcançar o seleto grupo de países com desenvolvimento humano muito alto, se aproximando de outras nações asiáticas como Coreia do Sul (0,929), Japão (0,920), Israel (0,915), Qatar (0,875), Arábia Saudita (0,875), Kuwait (0,847), Malásia (0,807) e Cazaquistão (0,802). Hong Kong, uma região administrativa especial da China, tem o melhor IDH do maior, mais populoso e mais rico continente do mundo, a Ásia, com IDH de 0,956 em 2022.
 
A China é a Segunda Maior População do Planeta
 
Com uma população total de 1,425 bilhão de pessoas, a segunda maior população do planeta, atrás apenas da Índia, com um contingente populacional de 1,441 bilhão de habitantes, a China tem trabalhado para melhorar seus indicadores sociais, principalmente através de políticas públicas voltadas para erradicação da pobreza e modernização de seu sistema de saúde e de educação.
 
Embora a China tenha alcançado avanços significativos nas últimas quatro décadas, desafios sociais ainda persistem, especialmente nas áreas rurais, onde a desigualdade econômica é mais acentuada. Sob a liderança de Xi Jinping, o governo chinês tem intensificado os investimentos em educação, saúde e infraestrutura logística, buscando elevar a qualidade de vida de toda a população. Os objetivos de Xi Jinping é reduzir as disparidades regionais e consolidar o crescimento econômico sustentável, com foco em inovação tecnológica e economia verde.
 
O plano de longo prazo de Xi Jinping, refletido nas políticas de prosperidade comum, visa melhorar os indicadores sociais e econômicos, particularmente nas regiões mais desfavorecidas, promovendo a integração das zonas rurais ao crescimento econômico. O governo chinês continua expandindo o acesso à educação de qualidade e fortalecendo o sistema de saúde, com o intuito de aumentar a esperança de vida ao nascer e elevar a escolaridade média da população chinesa.
 
Com esses esforços, a China espera não apenas manter seu status como uma potência econômica global, mas também alcançar o seleto grupo de países com desenvolvimento humano muito alto, se aproximando de nações vizinhas como Rússia (0,821) e Cazaquistão (0,802). Esse avanço colocaria o país em um novo patamar de bem-estar social, consolidando seu papel de destaque no cenário mundial.
 
Entretanto, a China, em sua busca por alcançar um nível de desenvolvimento humano muito alto no biênio 2024-2025, enfrenta os sérios impactos dos conflitos globais, como as guerras na Ucrânia e em Israel, que afetam diretamente a economia mundial. Além disso, o país asiático também lida com os desafios impostos pelas mudanças climáticas, como o furacão Milton, que resultou em mortes e destruição no estado da Flórida, nos EUA, e pelos temporais que atingiram o estado de São Paulo, no Brasil, causando perdas humanas e materiais, que afetam também a economia global.
 
Considerações Finais
 
Hoje, Walter Santos, fundador e editor-chefe da Revista Nordeste, testemunha de perto os gigantescos desafios da China rumo ao desenvolvimento humano muito alto. Ele é espectador do trem mais rápido do mundo e do segundo maior aeroporto do planeta. Fatores como educação de qualidade, saúde, economia verde, infraestrutura logística e inovação tecnológica serão essenciais para essa transformação chinesa em direção ao IDH de 0,800.
 
Finalizando, o número 8, é considerado de sorte na milenar cultura chinesa. Este relevante artigo será publicado primeiramente no Canadá, o segundo maior país do mundo. Em seguida, será enviado via WhatsApp e Instagram para Walter Santos, que se encontra na China, o terceiro maior país do planeta. Por fim, este será o meu oitavo artigo a ser publicado na Revista Nordeste, no Brasil, o quinto maior país do mundo.
 
Enfim, os raios de sol brilham em João Pessoa, e estou em busca do ouro do século XXI: o conhecimento. Estou a 15.373 km de distância de Beijing, mas, como diz o antigo provérbio chinês: “O aprendizado é como o horizonte: não tem limites”. Não há fronteiras para adquirir conhecimento! É essencial ler e reler os livros, seja na biblioteca pública ou privada perto da sua casa ou na Biblioteca Nacional de Beijing, onde o último imperador da China trabalhou como bibliotecário antes de morrer em 17 de outubro de 1967, após 18 anos da bandeira vermelha com cinco estrelas amarelas ser hasteada pela primeira vez.
 
(*) Economista brasileiro e autor do e-book “A Importância do Canadá no G7 e G20”: https://paulogalvaojunior.com.br/canada/. WhatsApp: 55 (83) 98122-7221.
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