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22/10/2024 às 17h25min - Atualizada em 22/10/2024 às 17h09min

BRICS Plus em Kazan

Paulo Galvão Júnior (1)

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, autor de 18 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Fonte: BRICS 2024 em Kazan.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O presente artigo trata da necessidade de conhecer mais sobre os dez países membros do grupo BRICS Plus na atualidade, e, fornecer informações gerais, importantes e mais recentes, do seleto grupo de países emergentes, que hoje se encontram pela primeira vez em Kazan, na Rússia.
 
Os dez países que compõem o BRICS+ na atualidade, com suas respectivas capitais e moedas, são: China (Pequim, renminbi), Índia (Nova Delhi, rúpia indiana), Brasil (Brasília, real), Rússia (Moscou, rublo), Arábia Saudita (Riade, riyal), Emirados Árabes Unidos (Abu Dhabi, dirham), África do Sul (Pretória, capital executiva, rand), Egito (Cairo, libra egípcia), Irã (Teerã, rial iraniano) e Etiópia (Adis Abeba, birr etíope).
 
O BRICS Plus não é um bloco econômico, é um grupo econômico, é um mecanismo oficial de cooperação econômica entre dez países emergentes. O BRICS Plus não possui um estatuto formal de regras ou uma carta de princípios, e também não possui um secretariado fixo ou uma sede própria.
 
O BRICS Plus tem três pilares distintos: i) Cooperação política e segurança; ii) Cooperação financeira e econômica; e iii) Cooperação educacional e cultural. E o objetivo principal do BRICS Plus é alterar o sistema de governança global, em especial, destacam-se: a) Reforma de mecanismos como o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU); b) Novas alternativas ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial; e c) Fomento de economias emergentes via Novo Banco de Desenvolvimento (NDB).
 
2. O QUE É BRIC?
O termo BRIC é um acrônimo, ou seja, a junção das iniciais em inglês de Brazil, Russia, India and China. O criador do BRIC é o economista britânico Jim O'Neill, do banco de investimentos americano Goldman Sachs, em 2001, no paper intitulado Building Better Global Economic BRICs, ressaltando a importância dos investimentos externos diretos (IEDs) em países emergentes como a China, que será a maior economia do mundo, com Produto Interno Bruto (PIB) nominal de US$ 44,4 trilhões em 2050, a Índia que será a terceira maior do planeta (PIB de US$ 27,8 trilhões), e Brazil e Rússia, que serão a quinta e a sexta maior, com PIBs de US$ 6,0 trilhões e US$ 5,8 trilhões, respectivamente.
 
De sigla de investidores internacionais passou para a sigla política de quatro países emergentes em negociações diplomáticas à margem da Assembleia Geral da ONU em 2006. Depois da Crise de 2008, os chefes de Estado e de Governo do Brasil, Rússia, Índia e China se encontram anualmente em cúpulas desde 2009.
 
A origem do grupo é a I Cúpula do BRIC, em 16 de junho de 2009, em Ecaterimburgo, na Federação Russa, com a presença de líderes de quatro países emergentes, que desejavam atrair mais IEDs e mais cooperação econômica para a reforma do sistema financeiro internacional. Agora, chegou a XVI Cúpula do BRICS, em Kazan, na Rússia, de 22 a 24 de outubro de 2024, e um dos temas mais comentados na mídia mundial, será a possibilidade de surgimento de uma nova moeda digital do BRICS Plus para transações internacionais entre os dez países integrantes nos próximos anos.
 
3. O QUE É BRICS?
Em 14 de abril 2011, com a entrada da South Africa (África do Sul) no BRIC, adicionada a sigla “S”, surgiu então o grupo BRICS, ou seja, as iniciais em inglês de Brazil, Russia, India, China and South Africa. Posteriormente, em 15 de julho de 2014, foi criado o New Development Bank (NDB), popularmente conhecido como "Banco do BRICS", cuja sede é localizada em Shangai, China.
 
A partir de 1 de janeiro de 2024, os dez países membros do grupo BRICS são: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mais cinco novos países emergentes, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos (EAU), Irã, Egito e Etiópia. Agora são o BRICS Plus, que estão juntos na XVI Cúpula do BRICS, em Kazan.
 
O BRICS Plus não é a sigla oficial do relevante grupo econômico dos principais países emergentes. E é bem distinto do relevante Grupo dos Sete (G7), formado por Estados Unidos, Alemanha, Japão, Reino Unido, França, Itália e Canadá, os sete principais países desenvolvidos do planeta.
 
4. BRICS PLUS NA ATUALIDADE
A presidência rotativa do BRICS passou da África do Sul para a Rússia em 1º de janeiro de 2024. A XVI Cúpula do BRICS começou hoje, na milenar cidade russa de Kazan, em 22 de outubro. O presidente russo Vladimir Putin, já recebeu o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa e o presidente chinês Xi Jinping, líderes que estão em busca do fortalecimento do multilateralismo para um desenvolvimento global equitativo e segurança, o tema central da XVI Cúpula do BRICS, em Kazan.
 
A cidade russa de Kazan está localizada a 808 quilômetros a leste de Moscou, a capital da Rússia. Em Kazan, o presidente russo Vladimir Putin, no primeiro dia Cúpula do BRICS, já se reuniu com a atual presidente do NBD, a economista e ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff. A República Federativa do Brasil será representada oficialmente pelo Ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, pois o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva sofreu um acidente doméstico no banheiro do Palácio do Planalto, em Brasília, provocando um traumatismo craniano, mas, o presidente Lula poderá participar por videoconferência.
 
Kazan é uma cidade localizada na margem esquerda do rio Volga, capital da República do Tartaristão, importante centro econômico e cultural da Rússia. É a sexta cidade mais populosa da Federação Russa, com mais de 1,2 milhão de habitantes, atrás apenas de Moscou, São Petersburgo, Novosibirsk, Ecaterimburgo e Nizhny Novgorod.
 
Cada país membro do BRICS+ tem influência no cenário global ou regional. E agora, temos geograficamente, Brasil na América Latina; África do Sul, Egito e Etiópia na África; Rússia na Europa e Ásia; Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos (EAU), Irã, Índia e China na Ásia. Atualmente, 34 países emergentes almejam ingressar no grupo BRICS Plus, em destaques, a Turquia, a Nigéria e o Cazaquistão.
 
É preciso revelar que a Arábia Saudita não entrou oficialmente no BRICS Plus, devido às tensões geopolíticas entre os Estados Unidos da América (EUA) e a República Popular da China, segundo o ministro do Comércio da Arábia Saudita, Majid Al-Kasabi. Além de tensões internas no Reino da Arábia Saudita, cujo príncipe herdeiro saudita Mohammad Bin Salman não irá comparecer a Kazan como representante oficial do maior exportador de petróleo do mundo. Além dos sérios impactos das ações do grupos Hamas e Hezbollah contra o Estado de Israel, ambos recebem forte apoio militar, financeiro e logístico do Irã.
 
5. OS PRINCIPAIS INDICADORES DO BRICS PLUS
Os BRICS Plus são dez países (Arábia Saudita ainda não oficializou o convite de entrada no grupo BRICS e os sauditas poderão enviar o seu ministro das Relações Exteriores a Kazan) com grandes desigualdades econômicas e sociais. Apesar disso, eles têm melhorado os principais indicadores nos últimos 15 anos. Por isso, é muito importante, analisar os nove principais indicadores como o PIB nominal, população, área territorial, produção de petróleo e de gás natural, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), esperança de vida ao nascer, média de anos de estudo e rendimento nacional bruto (RNB) per capita.
 
PAÍS PIB NOMINAL
em 2023
China US$ 17,7 trilhões
Índia US$ 3,7 trilhões
Brasil US$ 2,1 trilhões
Rússia US$ 1,8 trilhão
Arábia Saudita US$ 1,0 trilhão
EAU US$ 498,9 bilhões
África do Sul US$ 399,3 bilhões
Egito US$ 387,1 bilhões
Irã US$ 367,5 bilhões
Etiópia US$ 156,8 bilhões
BRICS+ US$ 28,2 trilhões
Quadro 1. Dez países mais ricos do BRICS Plus.
Fonte: FMI.
 
 
O PIB do BRICS+ representa 28% do PIB mundial e os dez países mais ricos do grupo BRICS+ com base no critério do PIB nominal são a China (US$ 17,7 trilhões), Índia (US$ 3,7 trilhões), Brasil (US$ 2,1 trilhões), Rússia (US$ 1,8 trilhão), Arábia Saudita (US$ 1,0 trilhão), EAU (US$ 498,9 bilhões), África do Sul (US$ 399,3 bilhões), Egito (US$ 387,1 bilhões), Irã (US$ 367,5 bilhões), e Etiópia (US$ 156,8 bilhões), de acordo com os dados de 2023 do FMI.
 
A China é a maior economia do grupo BRICS+ e a segunda maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, com um PIB nominal de US$ 17,7 trilhões. O rápido crescimento econômico ao longo das últimas décadas posicionou a China como uma potência econômica global. Setores como manufatura, tecnologia e comércio internacional desempenham um papel significativo em sua economia socialista de mercado.
 
A Índia ocupa a segunda posição no BRICS+, com um PIB de US$ 3,7 trilhões e ocupa também a quinta maior economia do mundo, devido ao grande mercado interno e aos setores como tecnologia da informação (TI), serviços e agronegócio, que são componentes importantes da economia indiana.
 
O Brasil é a maior economia da América Latina, a nona maior do mundo e a terceira maior do BRICS Plus, com um PIB de US$ 2,1 trilhões. O país sul-americano desempenha um papel importante dentro do grupo e possui uma economia diversificada, incluindo setores como agronegócio, mineração e serviços.
 
A Rússia é a décima primeira maior do mundo, e a quarta maior do BRICS Plus, com um PIB de US$ 1,8 trilhão, porque os recursos naturais, como petróleo e gás natural, desempenham um papel crucial na economia russa. Setores como energia, mineração (níquel, cobalto, cobre, urânio, lítio, manganês, ouro, entre outros minérios) e indústria bélica têm um papel crucial na economia russa.
 
A Arábia Saudita é a décima nona maior economia do planeta e a quinta maior do grupo BRICS+, com um PIB de US$ 1,0 trilhão. E o país asiático é rico em petróleo e gás natural, sendo essas suas principais fontes de riqueza. Já a África do Sul tem uma economia diversificada, incluindo setores como mineração, manufatura e serviços financeiros. Embora seja a sétima maior economia dentro do BRICS Plus em termos de PIB, a África do Sul desempenha um papel importante no continente africano.
 
É importante notar que a riqueza de um país pode ser medida de várias maneiras, incluindo o PIB, o PIB per capita, entre outros indicadores econômicos, como o RNB per capita. Das 20 maiores economias do mundo em 2023, em termos de PIB nominal, cinco países são do BRICS+, China, Índia, Brasil, Rússia e Arábia Saudita. E com um PIB nominal de US$ 156,8 bilhões, o país mais pobre do BRICS Plus é a Etiópia, a sede atual da União Africana (UA) e nova integrante do Grupo dos Vinte (G20).
 
PAÍS POPULAÇÃO
em 2023
Índia 1,429 bilhão de habitantes
China 1,426 bilhão de habitantes
Brasil 203,1 milhões de habitantes
Rússia 148,2 milhões de habitantes
Etiópia 115,3 milhões de habitantes
Egito 109,2 milhões de habitantes
Irã 87,0 milhões de habitantes
África do Sul 59,3 milhões de habitantes
Arábia Saudita 35,4 milhões de habitantes
EAU 9,1 milhões de habitantes
BRICS+ 3,6 bilhões de habitantes
Quadro 2. Dez países mais populosos do BRICS Plus.
Fonte: FMI.
 
 
O BRICS+ representa 45% da população mundial e são um grupo de países emergentes e conhecidos por suas grandes populações. No Quadro 2 observa-se claramente a lista do BRICS Plus de ordem decrescente de população total em 2023, com a liderança da Índia com 1,429 bilhão de habitantes (hab.) Nessa lista verifica-se também a China (1,426 bilhão de hab.), Brasil (203,1 milhões de hab.), Rússia (148,2 milhões de hab.), Etiópia (115,3 milhões de hab.) e Egito (109,2 milhões de hab.), os seis países mais populosos do BRICS+.
 
A Índia é o país mais populoso do mundo e lidera o BRICS Plus, com mais de 1,429 bilhão de habitantes. A China é o segundo país mais populoso do mundo e ocupa a segunda posição do BRICS+, com uma população significativa que ultrapassa 1,426 bilhão de pessoas.
 
O Brasil é o quinto país mais populoso do mundo e o terceiro dentro do BRICS Plus, com uma população considerável, mas significativamente menor em comparação com China e Índia. E a Rússia é o nono país mais populoso do planeta e o quarto mais populoso do BRICS+ na atualidade.
 
A África do Sul tem uma população menor em comparação com os outros membros do BRICS Plus, sendo o 25º país mais populoso do mundo e o sétimo mais populoso dentro do grupo econômico. Os EAU com 9,1 milhões de habitantes, o país menos populoso do BRICS+ na atualidade.
 
PAÍS ÁREA TERRITORIAL
em 2023
Rússia 17,1 milhões de km²
China 9,6 milhões de km²
Brasil 8,5 milhões de km²
Índia 3,3 milhões de km²
Arábia Saudita 2,1 milhões de km²
Irã 1,6 milhão de km²
África do Sul 1,2 milhão de km²
Etiópia 1,1 milhão de km²
Egito 1,0 milhão de km²
EAU 83.600 km²
BRICS+ 45,6 milhões de km²
Quadro 3. Dez países mais extensos do BRICS+.
Fonte: Banco Mundial.
 
 
O BRICS+ tem 35% da superfície da Terra e a Rússia é reconhecida mundialmente como o país mais extenso do planeta e do BRICS+, cobrindo uma vasta área territorial na Europa e na Ásia, com 17,1 milhões de quilômetros quadrados (km²). A China é o terceiro maior país do mundo e o segundo do BRICS Plus, com uma extensão considerável na Ásia Oriental. E o Brasil é o quinto maior país do mundo e o terceiro do BRICS+, em termos de área, abrangendo grande parte da América do Sul. Ressalta-se que os três são nações continentais.
 
A Índia, situada no sul da Ásia, é o sétimo maior país do mundo e o quarto do BRICS+. Sua posição geográfica e extensão territorial contribuem para sua influência no cenário global. Já a África do Sul é um país extenso no sul da África, ocupando uma posição significativa no continente africano, e o quinto maior do BRICS Plus e a 23ª colocação no mundo.
 
Os EAU são o menor país do BRICS+ em termos de área territorial, cobrindo 83.600 km², e o 117° colocado no planeta. Apesar de sua pequena extensão territorial, os EAU são reconhecidos por sua importância econômica na região do Oriente Médio, conforme dados do Banco Mundial.
 
PAÍS PRODUÇÃO DE PETRÓLEO
em 2023
Rússia 10,1 milhões de barris por dia
Arábia Saudita 9,7 milhões de barris por dia
China 4,2 milhões de barris por dia
Irã 3,6 milhões de barris por dia
Brasil 3,4 milhões de barris por dia
EAU 3,3 milhões de barris por dia
Egito 640 mil barris por dia
Índia 860 mil barris por dia
África do Sul 191 mil barris por dia
Etiópia Sem petróleo
BRICS+ 35,9 milhões de barris por dia
Quadro 4. Maiores produtores de petróleo do BRICS+.
Fonte: EIA.
 
 
O BRICS+ detém 40% da produção mundial de petróleo e a Rússia é o principal produtor de petróleo dentro do grupo BRICS+ e encontra-se entre os maiores produtores mundiais no ano de 2023, contribuindo substancialmente para a produção global, com 10,1 milhões de barris por dia, de acordo com a Energy Information Administration (EIA).
 
A China é um consumidor massivo de petróleo, o ouro negro, mas não é tão proeminente em termos de produção quanto à vizinha Rússia. A China produziu 4,2 milhões de barris por dia e depende fortemente das importações russas para atender à sua demanda crescente. No entanto, há um crescimento notável na produção de carros elétricos e veículos verdes na República Popular da China, visando mercados interno e externo. A China continua sendo o maior importador de petróleo do planeta.
 
O Brasil é um produtor considerável de petróleo, especialmente devido às suas vastas reservas offshore na Bacia de Santos. E a produção brasileira de petróleo (3,4 milhões de barris por dia) tem contribuído para sua posição como um importante player no mercado de energia e o quinto maior dentro do BRICS+.
 
A Índia e a África do Sul não são tão proeminentes como produtores de petróleo em comparação com os três primeiros (Rússia, Arábia Saudita e EAU). É preciso destacar que a Etiópia não produz petróleo em território africano, conforme a EIA.
 
PAÍS PRODUÇÃO DE
GÁS NATURAL

em 2021
Rússia 702 bilhões de m³
Irã 257 bilhões de m³
China 209 bilhões de m³
Arábia Saudita 117 bilhões de m³
Egito 68 bilhões de m³
EAU 57 bilhões de m³
Brasil 24 bilhões de m³
Índia 9 bilhões de m³
Egito 4 bilhões de m³
África do Sul 1 bilhão de m³
Etiópia Sem produção de gás natural
BRICS+ 1,448 trilhão de m³
Quadro 5. Maiores produtores de gás natural do BRICS+.
Fonte: EIA.
 
 
Os países do BRICS+ detêm 62% da produção mundial e têm diferentes níveis de produção de gás natural. A Rússia é um dos maiores produtores de gás natural do mundo, com 702 bilhões de metros cúbicos (m³) em 2021, com vastas reservas e uma indústria bem desenvolvida. A Gazprom, uma empresa estatal que desempenha um papel central na produção e exportação de gás natural da Rússia, a líder dos países integrantes do BRICS+.

O Irã está oficialmente no BRICS Plus e possui vastas reservas de gás natural, incluindo o maior campo de gás do mundo, o Campo de Gás South Pars, compartilhado com o Catar, sendo o segundo maior produtor de gás natural do BRICS+, com 257 bilhões de m³, conforme a EIA.
 
A China tem aumentado sua produção de gás natural (209 bilhões de m³) para atender à crescente demanda interna. Já o Brasil é um produtor de gás natural, mas sua produção é menor em comparação com alguns outros membros do BRICS Plus. E a produção brasileira de gás natural (24 bilhões de m³) está relacionada principalmente às atividades de exploração offshore na Bacia de Santos.
 
A Índia produz gás natural, mas sua produção é relativamente modesta em comparação com a demanda crescente. E a Índia também depende significativamente das importações russas para atender às suas necessidades de gás natural.
 
A África do Sul possui reservas modestas de gás natural, e a produção (1 bilhão de m³) é limitada em comparação com outros membros do BRICS+. Todavia, as dinâmicas na produção de gás natural podem evoluir ao longo do tempo, influenciadas por descobertas de novas reservas, desenvolvimento de tecnologias, políticas governamentais e condições de mercado. Assim como no caso da produção de petróleo, a Etiópia não produz gás natural em seu vasto território, de acordo com a EIA.
 
PAÍS IDH
em 2022
EAU 0,937
Arábia Saudita 0,875
Rússia 0,821
China 0,788
Irã 0,780
Brasil 0,760
Egito 0,728
África do Sul 0,717
Índia 0,644
Etiópia 0,492
BRICS+ 0,754
Quadro 6. Dez melhores IDHs do BRICS+.
Fonte: PNUD.
 
 
O IDH do BRICS+ é um IDH alto no planeta, revelando o desenvolvimento humano alto com base em indicadores como saúde (expectativa de vida ao nascer), educação (média de anos de estudo e anos esperados de estudo) e padrão de vida (RNB per capita). Os EAU, a Arábia Saudita e a Rússia são os três países integrantes do grupo BRICS+ com IDH muito elevado, ou seja, acima de 0,800, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
 
O IDH da Rússia, de 0,821, em 2022, é considerado muito alto, pois o país tem investido em diversos setores, incluindo educação e saúde, ao longo dos anos. Foi desde o início do grupo BRIC em 2006, o melhor IDH, até 1 de janeiro de 2024, com a entrada dos EAU ao relevante grupo econômico.
 
A China alcançou um progresso notável em seu IDH (0,788) ao longo dos últimos 15 anos, com melhorias significativas na expectativa de vida e acesso à educação. E o Brasil tem um IDH (0,760) considerado alto. Apesar de desafios socioeconômicos, o país demonstrou melhorias ao longo do tempo, especialmente na redução da pobreza e nas melhorias na educação.
 
A África do Sul possui um IDH considerado alto, de 0,717, e o país africano enfrenta desafios em relação à desigualdade econômica, mas tem trabalhado para melhorar o acesso à educação e à saúde. E a Índia tem um IDH médio, de 0,644, e o país asiático enfrenta desafios complexos, mas, houve progressos notáveis, especialmente, no acesso à educação.
 
É importante observar que o pior IDH do BRIC e do BRICS era Índia, agora do BRICS+ é da Etiópia, IDH de 0,492 em 2022, um IDH baixo em 2022. Ao longo do tempo, o país africano vem buscando melhorias em várias áreas para elevar seu IDH, conforme o PNUD.
 
PAÍS ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER
em 2022
EAU 79,2 anos
China 78,6 anos
Arábia Saudita 77,9 anos
Irã 74,6 anos
Brasil 73,4 anos
Egito 70,2 anos
Rússia 70,1 anos
Índia 67,7 anos
Etiópia 65,6 anos
África do Sul 61,5 anos
BRICS+ 71,9 anos
Quadro 7. Melhores esperanças de vida ao nascer do BRICS+.
Fonte: PNUD.
 
 
O BRICS+ tem uma média expectativa de vida ao nascer. Apesar de ser um novo país membro do BRICS+, EAU é o país asiático com a mais alta esperança de vida ao nascer do grupo econômico, com a expectativa de vida ao nascer de 79,2 anos em 2022. Já a China experimentou um aumento significativo na esperança de vida ao nascer (78,6 anos) ao longo dos últimos 15 anos, refletindo melhorias nas condições de saúde, cuidados médicos e padrões de vida.
 
A Rússia testemunha uma queda na esperança de vida ao nascer (70,1), e enfrenta desafios demográficos como a baixa taxa de natalidade. O país implementou medidas para melhorar os cuidados de saúde e abordar questões relacionadas à expectativa de vida, mas, sofre com a estúpida Guerra na Ucrânia em 2022.
 
O Brasil tem mostrado progressos na esperança de vida ao nascer (73,4 anos). Melhorias em infraestrutura de saúde, programas de vacinação e acesso a cuidados médicos têm contribuído para esses avanços. Já a Índia tem observado um aumento gradual na esperança de vida (67,7 anos). Avanços em saúde pública, acesso a água potável e melhorias nas condições socioeconômicas contribuíram para esses ganhos.
 
Já a África do Sul é a pior esperança de vida ao nascer do BRICS+, com 61,5 anos, conforme o PNUD, e vem enfrentando enormes desafios em relação à expectativa de vida, incluindo questões relacionadas ao HIV/AIDS e a desigualdade econômica. No entanto, melhorias em intervenções médicas e programas de prevenção têm impactado positivamente a esperança de vida no país africano nos últimos 15 anos.
 
PAÍS MÉDIA DE ANOS DE ESTUDO
em 2022
EAU 12,8 anos
Rússia 12,4 anos
África do Sul 11,6 anos
Arábia Saudita 11,3 anos
Irã 10,7 anos
Egito 9,8 anos
Brasil 8,3 anos
China 8,1 anos
Índia 6,6 anos
Etiópia 2,4 anos
BRICS+ 9,4 anos
Quadro 8. Melhores médias de anos de estudo do BRICS+.
Fonte: PNUD.
 
 
O grupo BRICS+ tem uma baixa média de anos de estudo e os EAU têm uma média de anos de estudo relativamente alta, de 12,8 anos em 2022, refletindo um sistema educacional historicamente robusto. E a Rússia experimentou um aumento significativo na média de anos de estudo (12,4 anos) ao longo dos últimos 15 anos, com enormes investimentos em educação.
 
Já a África do Sul também tem visto melhorias na média de anos de estudo (11,6 anos), especialmente com esforços para expandir o acesso à educação de qualidade, pois os desafios persistem em alguns cidades sul-africanas. Já o Brasil tem trabalhado para melhorar suas estatísticas educacionais, e a média de anos de estudo (8,3 anos) tem aumentado. No entanto, existem desafios em termos de desigualdades regionais e socioeconômicas.
 
A Índia tem uma média de anos de estudo (6,6 anos) que reflete desafios e disparidades no sistema educacional, incluindo questões como acesso desigual e qualidade variável da educação. E a Etiópia tem a menor média de anos de estudo do BRICS+, com apenas 2,4 anos, conforme os dados do PNUD.
 
PAÍS RNB per capita
em 2022
EAU $ 74.104 PPC
Arábia Saudita $ 50.620 PPC
Rússia $ 26.992 PPC
China $ 18.025 PPC
Irã $ 14.770 PPC
Brasil $ 14.616 PPC
África do Sul $ 13.186 PPC
Egito $ 12.361 PPC
Índia $ 6.951 PPC
Etiópia $ 2.369 PPC
BRICS+ $ 23.399 PPC
Quadro 9. Melhores RNBs per capita do BRICS Plus.
Fonte: PNUD.
 
 
O RNB per capita do BRICS+ é médio no mundo e os RNBs per capita dos países do BRICS Plus variaram de 74.104 dólares em termos de paridade de poder de compra (PPC) do EAU até $ 2.369 PPC da Etiópia. A China é a quarta maior economia do BRICS+ em termos de RNB per capita ($ 18.025 PPC). E o país asiático experimentou um crescimento econômico significativo nas últimas quatro décadas, impulsionado por reformas econômicas, industrialização e comércio internacional.
 
A Rússia tem um RNB per capita ($ 26.992 PPC) considerado médio, impulsionada principalmente por setores como energia, mineração e indústria bélica. As exportações de recursos naturais, como petróleo e gás, desempenham um papel significativo na economia russa.
 
O Brasil possui uma economia diversificada, com destaque para setores como agronegócio, mineração e serviços. O RNB per capita do Brasil reflete a extensão da sua economia e a sua posição como a quinta maior economia do BRICS+, com $ 14.370 PPC.
 
A Índia tem uma economia em crescimento, e seu RNB per capita tem aumentado ao longo dos anos. O país é conhecido por setores como tecnologia da informação, serviços e agricultura. No BRICS Plus a Índia encontra-se em nono lugar, com $ 6.951 PPC no ano de 2022.
 
A África do Sul possui uma economia diversificada, incluindo setores como mineração, manufatura e serviços financeiros. O RNB per capita ($ 13.186 PPC) do país reflete sua posição econômica no continente africano. E o pior RNB per capita é da Etiópia com apenas $ 2.369 PPC, segundo o PNUD.
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizando, o artigo destaca a importância do BRICS Plus na atualidade, seu papel na governança global e suas metas de reforma em instituições como o Conselho de Segurança da ONU, FMI e Banco Mundial, além do estabelecimento e crescimento do NBD. Em Kazan, na Rússia, já está ocorrendo a XVI Cúpula do BRICS e podemos acompanhar em russo com tradução em português pelo site https://brics-russia2024.ru/.
 
O artigo tratou também dos principais indicadores de cada país membro do grupo BRICS Plus e na busca de uma nova ordem multipolar, em especial, no Sul Global. Também foi mostrada a relevância global do BRICS Plus nos dias atuais, porque são dez países emergentes que representam 28% do PIB mundial, 45% da população global, 35% da superfície do planeta, 40% da produção mundial de petróleo e 62% da produção global de gás natural. E o grupo BRICS+ tem IDH alto (0,754), média expectativa de vida ao nascer (71,9 anos), baixa média de anos de estudo (9,4 anos) e médio RNB per capita ($ 23.399 PPC).
 
É preciso ressaltar que o BRICS+ abriga três das dez maiores economias do mundo na atualidade, a China, a Índia e o Brasil (atual presidência do G20). A China, em particular, é a segunda maior economia global, a maior economia do BRICS Plus, com PIB nominal de US$ 17,7 trilhões em 2023 e superior aos outros nove países membros, que juntos totalizam US$ 11,8 trilhões.
 
Logo, a cooperação econômica estratégica entre os dez países integrantes do BRICS Plus é fundamental para novos acordos comerciais, novos IEDs, assim criar as condições para o crescimento econômico global, além de promover a segurança alimentar, a segurança energética e a segurança ambiental no mundo. Enfim, concordamos com as palavras do primeiro ministro indiano Modi ao presidente russo Putin, em Kazan, almejamos a paz (Мир em russo, peace em inglês, paix em francês) no ano de 2024, assim melhorar as condições socioeconômicas da humanidade.
 
(1) Economista brasileiro, conselheiro efetivo do CORECON-PB, diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba e apresentador do Programa Economia em Alta na Rádio Alta Potência. WhatsApp: 55 (83) 98122-7221. Novo e-book: “A Importância do Canadá no G7 e G20”: https://paulogalvaojunior.com.br/canada/
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