Fonte: Rádio Líder 100.5 FM. Considerações Iniciais
O anúncio oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de que a taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,2% no trimestre agosto-setembro-outubro de 2024, representa um marco histórico para a economia brasileira. Esta é a menor taxa de desocupação já registrada, desde o trimestre janeiro-fevereiro-março de 2012, quando iniciou a relevante Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE.
Anteriormente, a menor taxa de desocupação foi de 6,3% no trimestre outubro-novembro-dezembro de 2013, conforme o IBGE. A desocupação atual atinge 6,8 milhões de pessoas no Brasil.
É um feito significativo em um país continental, populoso, emergente, tropical e desigual. O impacto desse resultado transcende os números, pois ele reflete avanços econômicos, sociais e estruturais que merecem análise detalhada.
Essa notícia, recebida com otimismo, foi apontada por mim, ontem, 28 de novembro, a partir das 17h47, durante o programa "Ô Paraíba Boa", na Rádio Líder 100.5 FM, onde tive a oportunidade de ser entrevistado pelos estimados apresentadores Ângelo Medeiros e João Costa e de falar com o público paraibano: "A próxima PNAD IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domícilios, a taxa de desemprego vai chegar a 6,3% ou 6,2. Se chegar a 6,3 empata com a menor taxa de desemprego do Brasil. Se chegar a 6,2 será a menor de todos os tempos, isso é muito importante dizer ao público que estar nos ouvindo".
É fundamental discutir os fatores econômicos, sociais e estruturais que possibilitaram essa conquista e suas implicações para a população brasileira. Agora, é hora de aprofundar a reflexão crítica sobre as razões por trás desse recorde histórico e os desafios que ainda persistem na nona maior economia do mundo e quinto maior país extensão territorial do planeta.
A Menor Taxa de Desemprego do Brasil
A queda do desemprego no Brasil pode ser atribuída a uma combinação de fatores econômicos, sociais e estruturais. Entre os mais relevantes, na atualidade, destacam-se:
A Recuperação Econômica Pós-Pandemia da COVID-19
Nos últimos anos, o Brasil experimentou um crescimento econômico mais consistente, impulsionado pela recuperação pós-pandemia da COVID-19. Setores como o agronegócio, a construção civil, a indústria e os serviços, especialmente, o turismo, voltaram a contratar em ritmo acelerado, contribuindo para a geração de empregos formais.
Investimento Estrangeiro Direto
O aumento de investimento estrangeiro direto (IED) em infraestrutura logística, agronegócio, turismo, energia renovável e mineração, entre outros segmentos. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), "O Brasil é segundo país que mais recebeu fluxos de investimento estrangeiro direto (IED), com US$ 64 bilhões, atrás apenas dos Estados Unidos, com US$ 341 bilhões nos primeiros seis meses de 2024. O Canadá ficou em terceiro lugar, com US$ 50 bilhões".
Políticas Públicas Eficazes
Programas sociais foram decisivos. Políticas voltadas à qualificação profissional e à inclusão de jovens e mulheres no mercado de trabalho cada vez mais globalizado, cada vez mais competitivo, ajudaram a reduzir o desemprego estrutural. Além disso, incentivos fiscais e linhas de crédito facilitaram a retomada de pequenas e médias empresas nas cinco regiões do Brasil.
Crescimento do Emprego Informal
É crescente o número de trabalhadores sem Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) assinada, sem direitos trabalhistas, como seguro-desemprego, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ou férias remuneradas.
A informalidade é visível em todas as cinco regiões brasileiras, sobretudo, na região Norte e na região Nordeste. No Brasil, são 14,4 milhões de empregados sem CTPS assinada no setor privado, conforme o IBGE.
O número de trabalhadores por conta própria alcançou 25,7 milhões de pessoas no Brasil. Logo, são cerca de 40,1 milhões de trabalhadores informais no país.
Empreendedorismo
O empreendedorismo cresceu significativamente nos 26 estados e no Distrito Federal (DF). Muitos brasileiros passaram a buscar alternativas de renda em pequenos negócios, como reflexo da criatividade e resiliência da população com pensamento empreendedor e inovador.
Cenário Econômico Internacional Favorável
Commodities agrícolas, minerais e energéticas em alta e a forte desvalorização cambial favoreceram as exportações brasileiras, ampliando o faturamento de empresas e a capacidade de gerar empregos formais no país.
O Brasil conquistou 200 novos mercados nos cinco continentes para o agronegócio brasileiro nos últimos 20 meses, de acordo com os dados de setembro de 2024 do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).
Portanto, apesar dos avanços, desafios permanecem. O mercado de trabalho brasileiro ainda carece de maior formalização, é gigantesco o contingente de trabalhadores subutilizados (17,8 milhões de pessoas), desalentados (3,0 milhões de pessoas), e a desigualdade salarial persiste, especialmente entre gêneros e regiões. E o Brasil tem 54,3 milhões de pessoas recebendo o pagamento mensal dos benefícios do Programa Bolsa Família (PBF).
Além disso, é fundamental assegurar que a educação de qualidade e a capacitação profissional acompanhem as demandas de um mercado de trabalho em constante evolução, em plena Quarta Revolução Industrial. Eu recomendo o maior número possível de construção de bibliotecas públicas e privadas nos 5.570 municípios brasileiros, o mais rápido possível, porque o ouro do século XXI é o conhecimento.
Considerações Finais
Finalizando, a queda histórica da taxa de desemprego para 6,2% em agosto-setembro-outubro de 2024 é motivo de celebração, mas também de responsabilidade. É um indicador econômico que revela os resultados das políticas econômicas e sociais vigentes, e que de fato, transformam a realidade do país. Entretanto, não é o momento de complacência.
O Brasil ainda tem 6,8 milhões de desempregados, para chegar no pleno emprego, suponhamos uma taxa de desemprego de 3% ao mês, é essencial investir em políticas públicas eficazes que promovam a qualificação da força de trabalho, a formalização do emprego e a redução das desigualdades regionais e sociais. Eu moro no estado mais desigual do Brasil, a Paraíba, com Índice de Gini de 0,558.
Eu estou desempregado na capital paraibana e o próximo mês será a quinta e última parcela do seguro-desemprego de R$ 1.412,00 mensais. Oficialmente, não entrei nesta taxa recorde de 6,2%. Hoje, eu estou procurando o novo trabalho, presencial ou online, agora por WhatsApp vou mandar o meu currículo para sua empresa, para chegar a 6,1% na próxima pesquisa do IBGE, em pleno debate nacional sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim da escala 6 por 1.
Além disso, a modernização do mercado de trabalho, alinhada às tendências globais, como a tecnologia da informação (TI), as startups e a economia verde, é um caminho promissor para assegurar empregos de qualidade no futuro.
Em suma, o Brasil, com sua criatividade, resiliência, empreendedorismo e potencial econômico enorme, tem mostrado que pode superar desafios históricos. Cabe agora aos agentes econômicos consolidar os avanços conquistados e continuar a trilhar o caminho do desenvolvimento sustentável. Sim, sonhar juntos e trabalhar muito para a República Federativa do Brasil ingressar pela primeira vez na seleta lista dos países desenvolvidos, como o Canadá. Eu moro no país sul-americano com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal maior do que o Canadá, porém, a desigualdade econômica é muito elevada na terra de Celso Furtado, o maior economista brasileiro de todos os tempos!
(1) Paulo Galvão Júnior é economista paraibano, conselheiro efetivo do CORECON-PB, diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, palestrante, autor de 18 e-books de Economia e apresentador do Programa Economia em Alta na Rádio Alta Potência. WhatsApp: 55 (83) 98122-7221.