Fonte: TV Master. Considerações Iniciais
Nesta terça-feira, 3 de dezembro de 2024, a principal notícia econômica do Brasil é que a economia brasileira cresce 0,9% no terceiro trimestre de 2024, e no acumulado alta de 4,0% nos últimos 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo dia, eu fui convidado pelo jornalista paraibano Jerônimo Camelo, do Programa “Radar Master”, da TV Master, para conversar sobre o Desemprego no Brasil.
Como economista brasileiro, meu principal objetivo neste novo artigo é apresentar uma breve análise sobre os novos números do mercado de trabalho no Brasil. É fundamental entender o que os dados significam para a economia brasileira e como podem impactar no nosso dia a dia, nas cinco regiões do País. É hora de construir novas reflexões sobre o desemprego no Brasil.
Dez Perguntas sobre o Desemprego no Brasil na TV Master
1. A taxa de desocupação no país alcançou 6,2% no trimestre encerrado em outubro, o menor nível desde 2012. Quais são os principais fatores que contribuíram para essa queda significativa no desemprego?
A queda recorde na taxa de desocupação no Brasil pode ser atribuída a vários fatores, destacam-se:
- Crescimento econômico do Brasil, sobretudo, em setores de mão de obra intensiva, como serviços, turismo e construção civil;
- Políticas públicas de estímulo aos programas de geração de empregos formais e suporte a pequenas e médias empresas;
- Aumento da formalização em segmentos estratégicos da economia, como energia renovável e infraestrutura logística;
- Expansão da demanda externa com as exportações agropecuárias, como soja, café, carne bovina e carne de frango, e industrial, como aviões e calçados;
- Crescimento dos trabalhadores informais.
De acordo com o IBGE, a taxa de subutilização da força de trabalho também diminuiu, indicando que mais pessoas têm acesso a empregos formais e informais.
2. Em comparação ao ano passado, a taxa de desemprego caiu de 7,6% em outubro de 2023 para 6,2% em outubro de 2024. Que mudanças ou políticas econômicas podem ser atribuídas a essa redução?
A redução na taxa de desemprego no Brasil são reflexos de:
- Estabilização da economia pós-pandemia, com recuperação de empregos em setores diretamente impactados, como comércio e serviços, especialmente, o turismo;
- Políticas de incentivo ao crédito, que apoiaram pequenas empresas a manterem ou criarem novos postos de trabalho;
- Aumento da confiança empresarial, com maior número de contratações no setor privado;
- Flexibilizações trabalhistas, como também, a continuidade do trabalho remoto, que criou novas oportunidades no mercado de trabalho brasileiro.
Segundo o IBGE, a economia brasileira demonstram sinais de estabilização no cenário pós-pandemia, com destaque para a recuperação gradual de empregos em setores mais impactados, como comércio e serviços, com a pandemia da COVID-19. O setor de turismo, por exemplo, tem apresentado crescimento significativo devido à retomada da mobilidade e ao aumento da demanda por viagens nacionais e internacionais, refletindo em maior geração de postos de trabalho formais.
3. A população ocupada atingiu um recorde de 103,6 milhões de pessoas. Esse aumento é reflexo de uma recuperação econômica sólida ou está relacionado a outros fatores, como informalidade no mercado de trabalho?
O número de empregados subiu 1,5% e atingiu o recorde da população ocupada de 103,6 milhões no Brasil, refletindo os seguintes fatores, como:
- Recuperação econômica sólida: Crescimento em setores formais, aumento da oferta de empregos e ampliação da base de empregos qualificados;
- Crescimento da informalidade: O IBGE aponta que 39,2% dos trabalhadores ocupados estão no mercado informal, o que representa desafios em termos de qualidade do emprego.
Para o IBGE o equilíbrio entre essas duas tendências é crucial para a análise do mercado de trabalho brasileiro.
4. O número de desocupados diminuiu para 6,8 milhões, a menor quantidade desde 2012. O que isso nos diz sobre as tendências do mercado de trabalho e o impacto das políticas de geração de empregos?
Essa queda recorde no Brasil demonstra:
- Eficácia de políticas de empregabilidade e investimentos em setores dinâmicos;
- Expansão de vagas no mercado formal e informal, principalmente nos segmentos de serviços e agropecuária.
Contudo, os dados do IBGE também alertam que o crescimento do emprego formal precisa avançar para reduzir a vulnerabilidade de trabalhadores no setor informal.
5. Além da redução na taxa de desemprego, observamos um crescimento do rendimento real habitual do trabalhador, que aumentou 3,9% em relação ao ano passado. Esse crescimento é sustentável no longo prazo?
A sustentabilidade do crescimento do rendimento real no Brasil depende de:
- Controle da inflação, já que altas nos preços corroem os ganhos reais;
- Aumento da produtividade do trabalhador, necessário para sustentar aumentos salariais;
- Aumento do Produto Interno Bruto (PIB) consistente, que permita um ciclo virtuoso de consumo, investimento e exportações.
O IBGE destaca que, apesar do aumento, o rendimento médio ainda está abaixo dos níveis históricos ajustados pela inflação.
6. O Brasil está vivendo uma recuperação econômica estável ou ainda enfrenta desafios estruturais?
O Brasil apresenta avanços econômicos, mas enfrenta desafios também, como:
- Alta informalidade: Quase 40% da força de trabalho está em ocupações sem carteira assinada, segundo o IBGE;
- Baixa produtividade do trabalhador: Setor como o industrial precisa de modernização para melhorar a competitividade das empresas;
- Dependência de commodities, que torna o país vulnerável a oscilações externas;
- Juros elevados, a taxa Selic em 11,25% ao ano, que limita o investimento produtivo no setor privado.
O IBGE ressalta que essas condições reduzem a arrecadação fiscal, limitar a proteção social dos trabalhadores e prejudica a formalização do mercado.
7. O Brasil tem uma grande taxa de informalidade no mercado de trabalho. Qual é o impacto disso na qualidade do emprego e no rendimento real dos trabalhadores?
A alta informalidade no Brasil impacta negativamente:
- Qualidade do emprego, com menor acesso a benefícios sociais e direitos trabalhistas;
- Estabilidade do rendimento, que dificulta o planejamento de consumo de bens e serviços e investimentos em ativos financeiros no agronegócio brasileiro.
Para o IBGE, trabalhadores informais ganham, em média, 40% menos do que os formais, nas cinco regiões do Brasil.
8. Como a massa de rendimento real habitual, que cresceu 7,7% no ano, pode influenciar o poder de consumo da população e o crescimento da economia?
Esse aumento no Brasil pode:
- Ampliar o consumo interno, especialmente em bens e serviços básicos;
- Estimular a economia ao gerar maior circulação de recursos econômicos e financeiros.
O IBGE destaca que o crescimento da massa salarial tem maior impacto nas famílias de baixa renda, que possuem maior propensão a gastar.
9. O que pode ser feito para que o Brasil consiga continuar reduzindo a taxa de desemprego de forma sustentável?
Medidas necessárias e urgentes incluem:
- Reformas estruturais, como redução de custos trabalhistas e aumento da eficiência tributária. Não aguentamos mais, 93 tributos vigentes no Brasil;
- Políticas de qualificação profissional, alinhando trabalhadores às demandas de setores emergentes;
- Estímulo ao empreendedorismo, incentivando inovação e startups, por exemplo, as agrotechs para aumentar mais a produção e a produtividade do agronegócio brasileiro;
- Redução de juros, para fomentar o investimento privado.
Os economistas reforçam a necessidade de reformas que reduzam custos trabalhistas e aumentem a eficiência do sistema tributário. Com menos tributos é essencial para melhorar o consumo das famílias, o ambiente de negócios privados e atrair investimentos externos diretos (IEDs). O Brasil já se encontra em segundo lugar em IED no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. O Canadá apresenta em terceiro lugar.
10. Esse desempenho positivo no mercado de trabalho pode ser afetado por crises externas ou guerras?
Sim, o Brasil pode ser impactado por:
- Desaceleração global, que reduz a demanda por commodities brasileiras;
- As guerras na Ucrânia e em Israel;
- Choques cambiais, com inflação alta e perda de poder aquisitivo. O dólar comercial foi cotado a R$ 6,06 em 2 de dezembro de 2024. Estamos com oscilações fortes na taxa de câmbio, graças à taxa de câmbio flutuante. A valorização do dólar norte-americano traz fortes melhoras para o preço do milho e da soja e novas oportunidades de exportação para os produtos do agronegócio brasileiro.
Fortes emoções cambiais presenciaremos até 31 de dezembro de 2024. Porque novas altas do dólar americano provocará aumentos de produtos eletrônicos, eletrodomésticos, trigo, produtos químicos, fertilizantes, chips que impactará significativamente nos custos de aquisição de insumos importados e na produção de bens.
Considerações Finais
Finalizando, saímos da maior taxa de desocupação de 14,90% no trimestre janeiro-fevereiro-março de 2021 para a menor taxa de desemprego de 6,20% no trimestre agosto-setembro-outubro de 2024, uma queda de 8,70% em 32 trimestres consecutivos.
Portanto, diversificar a base econômica, fortalecer o mercado interno e elevados investimentos em educação de qualidade, sobretudo, na Primeira Infância, são estratégias-chave para mitigar esses riscos externos na nona maior economia do mundo na atualidade.
É fato, vamos acelerar a economia brasileira, é possível retornar a prosperidade econômica ao longo de 2025 e alcançar novas posições no ranking mundial, como a oitava até chegar a sexta maior economia do mundo. Com crescimento econômico robusto ocorrerá um impacto positivo na melhoria da qualidade de vida da população brasileira.
(1) Economista brasileiro. WhatsApp: 55 (83) 98122-7221.