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30/12/2024 às 17h49min - Atualizada em 30/12/2024 às 17h32min

PERSPECTIVAS ECONÔMICAS PARA 2025

PAULO GALVÃO JÚNIOR (1)

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, autor de 18 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Fonte: Priscilla Rodrigues Galvão Marques.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As perspectivas econômicas para 2025 sugerem desafios preocupantes para a economia brasileira. Entre os principais impactos estão a continuidade de taxas de juros e de câmbio elevadas, oscilações no cenário econômico internacional, com a posse do presidente norte-americano Donald Trump, marcada para 20 de janeiro de 2025, além disso, a liderança do economista paulista Gabriel Galípolo no Banco Central do Brasil (BACEN), a partir de 1 de janeiro de 2025.

Os indicadores econômicos apresentados no Quadro 1 fornecem as projeções econômicas do Relatório Focus do BACEN para 2024 e 2025, um relevante panorama das sete principais variáveis macroeconômicas do Brasil, refletindo as expectativas do mercado financeiro pelo último Relatório Focus, em 27 de novembro de 2024.

PROJEÇÕES ECONÔMICAS PARA 2024 E 2025 DO RELATÓRIO FOCUS
 
INDICADOR
ECONÔMICO
PROJEÇÕES ECONÔMICAS
PARA 2024
PROJEÇÕES ECONÔMICAS
PARA 2025
IPCA 4,90% 4,96%
PIB 3,49% 2,01%
TAXA DE CÂMBIO R$ 6,05 R$ 5,96
TAXA SELIC - 14,75% ao ano
BALANÇA COMERCIAL US$ 74,15 bilhões US$ 74,29 bilhões
IED US$ 70,0 bilhões US$ 70,0 bilhões
DLSP 62,80% do PIB 67,00% do PIB
Quadro 1. Projeções Econômicas para 2024 e 2025.
Fonte: Relatório Focus de 27.12.2024.

Os números do Relatório Focus do BACEN projetam uma inflação, mensurada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,96% no ano de 2025, fora da meta de inflação (3,0% mais 1,5 ponto percentual de tolerância para mais ou para menos), embora ainda uma taxa de inflação elevada em relação a economias avançadas como o Canadá (IPC de 1,9% em novembro de 2024).

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,01% em 2025 reflete uma desaceleração econômica se comparado com o provável resultado do ano de 2024. Os efeitos de uma política monetária restritiva aliada a incerteza econômica das vintes maiores economias do mundo, principalmente, a economia desenvolvida dos Estados Unidos da América (EUA) e a economia emergente da China.

A taxa de câmbio projetada em R$ 5,96 por um dólar americano demonstra primeiro uma ligeira valorização do real, mas ainda a continuidade de um real desvalorizado, tendência que pode beneficiar as exportações, sobretudo, as commodities, influenciando no superávit da balança comercial brasileira, estimada em US$ 74,29 bilhões em 2025. Porém esse dólar alto pressiona a inflação brasileira, mensurada mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) através do IPCA.

É preciso revelar que a moeda brasileira, o real, caminha para terminar o ano de 2024 numa alta acumulada de 27,3% em relação ao dólar norte-americano. É uma das moedas mais desvalorizadas do mundo em 2024. Com uma taxa de câmbio flexível, hoje, a taxa de câmbio chegou a R$ 6,18.

Na hipótese de uma política monetária expansionista, cortes na taxa SELIC a partir da terceira reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), poderá atrair um volume maior de Investimento Estrangeiro Direto (IED) para o 5° maior país do mundo e a 7ª nação mais populosa do planeta. A taxa SELIC, a taxa básica de juros, já alcançou 12,25% ao ano na última reunião do COPOM em dezembro de 2024. O Brasil já tem a segunda maior taxa de juros reais do planeta, com 9,48%, atrás apenas da Turquia, com 13,33%, conforme a MoneYou.

O Boletim Focus projeta taxa SELIC em 14,75% ao ano em 2025, apontando para uma política monetária restritiva com foco principal no combate a inflação. Contudo, isso também onera o custo do crédito, impacta negativamente o crescimento econômico do Brasil e aumenta o contingente de pessoas inadimplentes (73,1 milhões de inadimplentes em outubro de 2024) e de empresas inadimplentes (cerca de 7 milhões de inadimplentes em outubro de 2024), segundo a SERASA EXPERIAN.

O superávit comercial em 2025 reflete o desempenho sólido das exportações brasileiras, em especial, das commodities, como, petróleo, etanol, minério de ferro, café, açúcar, soja, milho, algodão, suco de laranja concentrado e congelado, celulose e carnes bovina, de frango e suína. É preciso destacar que as exportações brasileiras já atingiram US$ 312,3 bilhões entre janeiro e novembro de 2024, enquanto, as importações brasileiras já alcançaram US$ 242,4 bilhões no mesmo período, resultando no superávit comercial de US$ 69,9 bilhões, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

A atratividade do IED, estimado em US$ 70,00 bilhões, reflete o grande interesse dos empresários estrangeiros em setores estratégicos da economia brasileira. A estabilidade no IED indica também confiança dos empresários estrangeiros em setores, como energia solar, energia eólica, energia da biomassa, infraestrutura logística, tecnologia da informação (TI), agronegócio, construção civil e turismo.

Já a dívida líquida do setor público (DLSP), equivalente a 67,00% do PIB em 2025, evidencia a necessidade urgente de uma gestão fiscal mais eficiente para evitar pressões adicionais ao orçamento público. Não resta dúvida, os gastos governamentais são altos e desnecessários, como a manutenção dos veículos automotores oficiais, motoristas e combustíveis. A dívida pública bruta do Brasil já ultrapassou a R$ 9,1 trilhões em outubro de 2024. Além disso, as contas das empresas estatais chegaram até novembro de 2024 no déficit acumulado de R$ 6 bilhões, segundo o BACEN.

Portanto, as projeções econômicas para 2025 indicam uma desaceleração no crescimento do PIB brasileiro (2,01%) em comparação com o esperado para 2024 (3,49%), refletindo os impactos de uma política monetária restritiva, com a taxa SELIC projetada em 14,75% ao ano. Essa taxa SELIC alta, embora voltada para o controle da inflação (4,96%), limita o acesso ao crédito, prejudica os investimentos produtivos, acelera os investimentos em ativos de renda fixa e desacelera os investimentos em ativos de renda variável.

O IED de US$ 70 bilhões reflete o interesse externo em setores estratégicos, como o setor automobilístico, que fechou com 2,5 milhões de carros novos vendidos em 2024 e projeção para 2,6 milhões de novas unidades em 2025, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA).

Um dos maiores problemas do Brasil na atualidade é a crescente DLSP, que inclui as dívidas dos governos federal, estaduais e municipais, do BACEN, da Previdência Social e das empresas estatais, projetada em 67,00% do PIB, reforçando a urgência de medidas fiscais para garantir a sustentabilidade econômica, perante as reservas internacionais de US$ 363 bilhões, conforme o BACEN.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalmente, uma política fiscal expansionista foi a grande responsável pelo crescimento econômico de 3,5% ao ano em 2024 e que gerou a menor taxa de desemprego do Brasil, de 6,1% (6,8 milhões de desempregados) no terceiro trimestre encerrado em novembro de 2024, uma taxa de desocupação recorde desde 2012, segundo IBGE.

O Brasil é o segundo país de destino de IED no mundo, com US$ 64 bilhões, atrás apenas dos EUA, com US$ 341 bilhões, e o Canadá encontra-se em terceiro lugar, segundo o relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Todavia, a política fiscal expansionista gerou uma dívida pública bruta de R$ 9,1 trilhões em outubro de 2024, enquanto, uma política monetária contracionista gerou uma taxa SELIC de 12,25% ao ano e um IPCA acumulado nos últimos 12 meses de 4,87% em novembro de 2024, ou seja, um menor poder de compra das famílias brasileiras.

Em suma, as perspectivas econômicas para 2025 do Relatório Focus apresentam uma visão conservadora, considerando os desafios econômicos estruturais e conjunturais da décima maior economia do mundo, já a partir de janeiro, com a posse do economista paulista Gabriel Galípolo, 42 anos, na presidência do BACEN, e sobretudo, do republicano Donald Trump, 78 anos, na presidência dos EUA, o país mais rico do mundo.

REFERÊNCIAS

BACEN. Focus – Relatório de Mercado em 27 de dezembro de 2024. Disponível em: file:///D:/Meus%20arquivos/Downloads/R20241227%20(2).pdf. Acesso em: 30 dez. 2024.
SERASA. Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas no Brasil: Outubro de 2024. Disponível em: https://www.serasa.com.br/limpa-nome-online/blog/mapa-da-inadimplencia-e-renogociacao-de-dividas-no-brasil/. Acesso em: 30 dez. 2024.

(1) Economista brasileiro. Contato pelo WhatsApp: 55 (83) 98122-7221. Instagram: @paulogalvaojunior. Próspero 2025! Muita saúde!
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