Considerações Iniciais Estimado(a) leitor(a) lusófono(a) do Portal North News, o presente artigo é uma análise crítica da segunda retirada dos Estados Unidos da América (EUA) do Acordo de Paris, por Donald Trump, o presidente dos EUA, que retornou a Casa Branca, em Washington, D.C., em 20 de janeiro de 2025.
A crise climática é, com certeza, um dos maiores desafios enfrentados pela humanidade no século XXI. Nesse contexto, o Acordo de Paris, firmado em 2015, representa uma das mais importantes iniciativas globais para combater as mudanças climáticas, unindo mais de 190 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) em torno de metas comuns para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE).
No entanto, o 45° e 47° Presidente dos EUA, Donald John Trump, tomou a controversa decisão de retirar o país mais rico do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal de US$ 28,7 trilhões, desse compromisso pela segunda vez, gerando impactos negativos não apenas no cenário ambiental, mas também no âmbito econômico global.
O Contexto da Segunda Retirada dos EUA do Acordo de Paris Durante seu primeiro mandato, Donald Trump priorizou uma agenda econômica baseada no protecionismo e no estímulo a indústrias poluentes, como a de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral). Ao justificar a saída do Acordo de Paris, em 2017, Trump alegou que o pacto era "injusto" para os EUA e que colocava em risco a competitividade da economia americana.
Os EUA anunciaram oficialmente sua intenção de se retirar do Acordo de Paris em 1º de junho de 2017, durante a primeira gestão de Donald Trump. Porém, o processo de saída não foi imediato, devido às regras do próprio acordo.
De acordo com as disposições do Acordo de Paris, qualquer país que deseje sair precisa notificar formalmente a ONU, e a saída só se concretiza após um período de espera de um ano. Os EUA enviaram a notificação oficial em 4 de novembro de 2019, e a saída foi efetivada em 4 de novembro de 2020.
Posteriormente, durante a administração do presidente democrata Joe Biden, os EUA reingressaram no Acordo de Paris em 20 de janeiro de 2021, o mesmo dia de sua posse como presidente na Casa Branca.
Em outras palavras, o Acordo de Paris é considerado prejudicial para a economia norte-americana, e beneficiando outros países ao impor custos elevados aos EUA. Donald Trump declarou: “Os Estados Unidos não vão sabotar a sua própria indústria, enquanto a China continua poluindo impunemente”.
Contudo, essa visão ignora a realidade de que a transição de uma economia marrom para uma economia verde é uma oportunidade estratégica para inovação tecnológica verde e geração de empregos sustentáveis a longo prazo.
O impacto da segunda retirada será severo ao meio ambiente, ao afirmar que serão trilhões de dólares americanos economizados pelos EUA. Ao abandonar o Acordo de Paris, o maior pacto internacional para combater as mudanças climáticas, os EUA – segundo maior emissor de GEE –, atrás apenas da China, enfraqueceram o compromisso global com a luta climática. Além disso, o segundo abandono colocou em risco o progresso coletivo diante de um sério problema que exige maior cooperação internacional.
É importante destacar que a saída formal dos EUA do Acordo de Paris não será imediata, uma vez que exige a notificação oficial à ONU (já assinada também por Trump) e o cumprimento de um período de carência de um ano. Contudo, suas repercussões terão impactos tanto no meio ambiente quanto na economia global.
As Consequências da Negligência dos EUA A decisão de Donald Trump não apenas desacelerou os esforços globais para mitigar as mudanças climáticas, mas também subestimou os efeitos devastadores do aquecimento global, das mudanças climáticas sobre a própria população americana.
Fenômenos como incêndios florestais devastadores (exemplo, na Califórnia), furacões cada vez mais intensos (exemplo, na Flórida) e ondas de calor recordes (exemplo, na Pensilvânia) já estão afetando o território dos EUA, o quarto maior país do planeta, com 9,3 milhões de quilômetros quadrados. Ignorar as mudanças climáticas e priorizar interesses corporativos é um ato de negligência que coloca em risco a segurança e a saúde da terceira nação mais populosa do mundo, com 333,2 milhões de pessoas nos 50 estados americanos.
Além disso, o retrocesso ambiental impulsionado por Trump impactará a reputação internacional dos EUA. A China – a maior emissora de GEE do planeta –, vem assumindo um papel de liderança nas discussões climáticas globais. A China é a maior produtora e exportadora mundial de painéis solares e de carros elétricos. Essa mudança de protagonismo enfraqueceu a posição americana em negociações internacionais e contribuiu para a fragmentação do consenso global sobre as mudanças climáticas (em inglês,
climate change).
É preciso manter o aumento da temperatura do planeta abaixo dos 2°C e buscar recursos financeiros, esforços globais e tecnologias verdes para limitar esse aumento até 1,5°C. O ano passado foi o ano mais quente de toda a humanidade, infelizmente, em 2024, a temperatura média aumentou 1,6°C.
Considerações Finais Finalizando, a segunda retirada dos EUA do Acordo de Paris, durante a COP21, realizada em 12 de dezembro de 2015, sob a liderança do republicano Donald Trump (com a maioria no Senado, são 53 senadores republicanos, e com a maioria na Câmara, são 220 deputados republicanos), é um retrocesso na luta contra a crise climática, deixando um legado de irresponsabilidade ambiental e isolamento. Essa decisão norte-americana mostrou como lideranças políticas podem ignorar evidências científicas em prol de interesses imediatistas, com consequências desastrosas para o planeta e para as atuais e futuras gerações.
America First (em português, América Primeiro) é o grande responsável pela segunda saída dos EUA ao Acordo de Paris sob a presidência de Donald Trump, que reacendeu as esperanças de uma liderança protecionista no cenário global. Os EUA agora estão no grupo de países fora do Acordo de Paris de 2015, como o Irã, a Líbia, a Síria e o Iêmen. Qual será o próximo país a abandonar o Acordo de Paris antes da COP30 em Belém? China? Argentina? Bósnia e Herzegovina?
Já o Brasil continua firme no Acordo de Paris, com a matriz energética renovável, a sustentabilidade na produção agropecuária, a proteção aos seis biomas (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa) e a promoção do desenvolvimento sustentável nas cinco regiões do país (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul). Os cinco principais problemas ambientais do Brasil são: desmatamento, queimadas, enchentes, secas e ciclones.
Agora, ressurge a frase nacionalista de Trump e dos bilionários apoiadores: “
Drill, baby, drill” (em português, Perfure, querida, perfure) para incentivar as empresas americanas a intensificar a produção de petróleo e gás natural no Alasca, no Texas, no Novo México e no Golfo do México. Os EUA já são o maior produtor de petróleo do planeta.
No entanto, o episódio de Donald Trump assinando os decretos presidenciais, em 20 de janeiro de 2025, serve como um alerta para qualquer cidadão dos EUA, do Canadá, do Brasil e do mundo para os impactos das mudanças do clima. Logo, o combate às mudanças climáticas exige comprometimento contínuo, independentemente de disputas econômicas, políticas ou ideológicas.
Afinal, a sustentabilidade do planeta não é uma questão de escolha pessoal, mas uma necessidade urgente para a sobrevivência da humanidade na Terra.
(1) Economista brasileiro, conselheiro efetivo do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba. WhatsApp: 55 (83) 98122-7221. Autor de 18 e-books de Economia, incluindo o e-book “A Importância do Canadá no G7 e G20”. Saiba mais sobre o e-book pelo link: https://paulogalvaojunior.com.br/canada/