Entre 2019 e 2024, a Paraíba não registrou superávit comercial em nenhum ano. Os dados evidenciam que o pico das exportações ocorreu em 2022 (US$ 265,71 milhões), enquanto as importações atingiram seu maior valor em 2024 (US$ 1,286 bilhão).
As exportações cresceram de US$ 126,30 milhões em 2019 para US$ 138,40 milhões em 2024, um aumento modesto de 9,58%. Já as importações saltaram de US$ 572,43 milhões para US$ 1,286 bilhão no mesmo período, uma elevação de 124,65%. Como consequência, o déficit comercial aumentou de US$ 446,13 milhões em 2019 para US$ 1,148 bilhão em 2024, ou seja, um agravamento de US$ 701,87 milhões, o equivalente a uma variação relativa de 157,32%.
A deterioração do saldo comercial da Paraíba no período analisado pode estar associada a diversos fatores, dentre eles, destacam-se: i) Baixa diversificação da pauta exportadora, com predominância de produtos de menor valor agregado; ii) Crescimento acelerado das importações impulsionado pelo aumento da demanda interna por insumos externos; iii) Variação cambial, com valorização do dólar americano encareceu as importações; iv) Conjuntura econômica global, as oscilações no comércio internacional afetaram a competitividade das exportações paraibanas.
Em 2024, de acordo com os dados do COMEX STAT, do MDIC, os três principais produtos exportados pela Paraíba foram açúcares e melaços (48% do total), calçados de borracha e de plástico (26%) e suco de abacaxi (9,3%). Os três principais destinos dessas exportações foram os Estados Unidos (22% do total), a Espanha (12%) e o Canadá (11%). A Paraíba se destaca também na produção e exportação de cachaça de alambique.
No ano de 2024, segundo as estatísticas do COMEX STAT, do MDIC, os três produtos mais importados pelo estado, destacam-se o petróleo e minérios betuminosos (20% do total), os geradores elétricos (20%) e o óleo bruto de petróleo (13%). Os três principais parceiros comerciais foram a China (32% do total), os Estados Unidos (28%) e os Países Baixos (8,0%).
Considerações Finais Os dados analisados evidenciam um cenário de deterioração da Balança Comercial da Paraíba, com o déficit comercial crescendo de US$ 446,13 milhões em 2019 para US$ 1,148 bilhão em 2024, um aumento de 157,32%. Esse resultado deficitário tem efeito negativo na renda per capita paraibana e, principalmente, reflete desafios estruturais no comércio exterior do estado, que demandam políticas públicas voltadas a três ações: 1) Promoção das exportações, com incentivo à ampliação da pauta exportadora com produtos de maior valor agregado; 2) Diversificação da produção industrial, com o fortalecimento da competitividade das empresas paraibanas; e 3) Redução da dependência de importações do resto do mundo, com estímulos à produção interna de insumos estratégicos.
Finalizando, apesar dos avanços internos na economia paraibana, o cenário externo permanece desafiador. Para alcançar o superávit comercial, é essencial que agentes econômicos — tanto públicos quanto privados — adotem novas estratégias que revertam à trajetória de sucessivos déficits comerciais e impulsionem a competitividade da Paraíba no comércio internacional.
Com certeza, é necessário um enorme esforço dos agentes econômicos privados e públicos, como a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), para mudar nos próximos anos o saldo comercial do estado da Paraíba. Em minha opinião, o primeiro passo é aumentar consideravelmente as exportações paraibanas no agronegócio e na indústria de calçados e de minérios pelo Porto de Cabedelo. O segundo passo, estudar e identificar novos parceiros comerciais, como a Índia, Indonésia, México, Nigéria e Angola, por exemplos. Enfim, o estado nordestino precisa pensar e repensar sua estrutura econômica para reduzir sua vulnerabilidade externa e consolidar uma Balança Comercial superavitária nos próximos anos.
Referências BANCO DO NORDESTE.
Cenário macroeconômico estadual PARAÍBA. Ano IV. N° 04. Dezembro/2024. Disponível em:
https://www.bnb.gov.br/s482-dspace/bitstream/123456789/2086/1/2024_CME_PB_04.pdf. Acesso em: 04 fev. 2025.
MAIA, Jayme de Mariz.
Economia internacional e comércio exterior. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
MDIC.
COMEX STAT. Disponível em:
https://comexstat.mdic.gov.br/pt/home. Acesso em: 04 fev. 2025.
(1) Economista paraibano. WhatsApp: 55 (83) 98122-7221. Instagram: @paulogalvaojunior