Considerações Iniciais Prezado(a) leitor(a) lusófono(a) do Portal North News, recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou um estudo intitulado Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, que aponta que o estado da Paraíba possui um dos seis piores salários médios mensais da região Nordeste e do Brasil em 2024.
De acordo com os dados apresentados pelo IBGE, a Paraíba ocupa a sexta posição entre os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal (DF) e a quinta colocação entre os nove estados nordestinos no ranking do pior rendimento médio mensal dos trabalhadores. A pesquisa do IBGE avalia o comportamento do mercado de trabalho para pessoas com 14 anos ou mais de idade e considera todas as formas de ocupação, incluindo empregos formais e informais, temporários e trabalhos por conta própria.
Ranking de Salários Médios Mensais no Nordeste no Ano de 2024
Um dado econômico preocupante é o rendimento médio mensal dos trabalhadores nordestinos, eles estão entre o primeiro e o décimo segundo menor salário médio do país, conforme o IBGE. Hoje, apresento duas reflexões críticas de um economista paraibano, conselheiro do Conselho Regional de Economia da Paraíba (CORECON-PB) e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba: Por que o Nordeste tem os piores salários médios no Brasil? Por que a Paraíba tem o quinto pior salário médio mensal do Nordeste e o sexto do Brasil?
RANKING REGIONAL | RANKING NACIONAL | ESTADO | RENDIMENTO MÉDIO MENSAL DOS TRABALHADORES |
1° | 1° | Maranhão | R$ 2.049 |
2° | 2° | Ceará | R$ 2.071 |
3° | 3° | Bahia | R$ 2.165 |
4° | 4° | Piauí | R$ 2.268 |
5° | 6° | Paraíba | R$ 2.287 |
6° | 8° | Sergipe | R$ 2.401 |
7° | 9° | Alagoas | R$ 2.406 |
8° | 10° | Pernambuco | R$ 2.422 |
9° | 12° | Rio Grande do Norte | R$ 2.668 |
Quadro 1. Os Piores Salários Médios Mensais da Região Nordeste em 2024. Fonte: IBGE. |
Os dados do IBGE indicam que o Maranhão tem o menor rendimento médio do Brasil e do Nordeste, com R$ 2.049 em 2024. O estado do Rio Grande do Norte, por outro lado, apresenta o maior salário médio mensal do ranking regional, alcançando R$ 2.668 e posicionando-se no décimo segundo lugar no ranking nacional.
A Bahia figura como o terceiro pior salário médio tanto no Nordeste quanto no Brasil, com R$ 2.165, ficando atrás do Maranhão (R$ 2.049) e do Ceará (R$ 2.071), os dois estados com a pior média salarial da região Nordeste e do país.
Na quarta colocação do ranking nordestino e brasileiro encontra-se o estado do Piauí, com salário médio anual de R$ 2.268, conforme o IBGE. Já a Paraíba, com um rendimento médio de R$ 2.287, ocupa a quinta pior posição no Nordeste e a sexta colocação no país, reforçando a necessidade de políticas públicas que incentivem melhores condições de trabalho e remuneração salarial nos 223 municípios paraibanos.
Na sexta, sétima, oitava e nona posições encontram-se os estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte, no ranking nordestino, com a média salarial mensal de R$ 2.401, R$ 2.406, R$ 2.422 e R$ 2.668, respectivamente, de acordo com a PNAD Contínua do IBGE.
Por que o Nordeste tem os piores salários médios no Brasil?
O Nordeste historicamente enfrenta desafios estruturais que impactam diretamente os níveis salariais. Entre os principais fatores, destacam-se: i) Baixo nível de escolaridade. A região apresenta índices educacionais inferiores à média nacional, reduzindo as oportunidades de acesso a empregos mais bem remunerados; ii) Predominância do setor informal. A informalidade ainda é elevada, o que significa empregos sem garantias trabalhistas e salários mais baixos.
Além disso, iii) Dependência de setores menos produtivos. A economia nordestina depende fortemente do comércio e do setor de serviços, em especial, o turismo, que, em geral, oferecem remunerações menores em comparação com a indústria; iv) Baixa diversificação econômica. A falta de investimentos no setor industrial limita o crescimento econômico e os ganhos salariais; e por fim, v) Falta de investimentos privados em infraestrutura logística e inovação tecnológica. A carência de incentivos para a pesquisa e desenvolvimento (P&D) reduz a geração de empregos qualificados.
Por que a Paraíba tem o quinto pior salário médio mensal do Nordeste e o sexto do Brasil?
É preciso destacar que o salário mínimo (SM) no Brasil era de R$ 1.412,00 em 2024. Convertendo para dólares norte-americanos, o SM era de US$ 250, um dos piores SMs dos 20 países da América Latina no ano de 2024, de acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
A Paraíba com salário médio de R$ 2.287 (ou seja, menos de 2 SMs) compartilha muitos dos desafios enfrentados pelo Nordeste, mas algumas particularidades agravam sua posição no ranking nordestino e brasileiro: i) Alta informalidade. O grande número de trabalhadores informais reduz a média salarial; ii) Novos empregados em ambientes mais precarizados, ou seja, aquelas empresas que oferecem condições de trabalho mais instáveis, salários mais baixos e menos benefícios trabalhistas.
Além disso, iii) A predominância do comércio, serviços e turismo limita a oferta de empregos com melhores salários; e por fim, iv) Baixos investimentos privados. A falta de grandes investimentos privados em infraestrutura logística e inovação tecnológica restringe o crescimento econômico e a valorização salarial.
Última reflexão crítica: Quanto deveria ser o SM no Brasil em janeiro de 2025? De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o salário mínimo necessário (SMN) deveria ser de R$ 7.156,15 para cobrir as necessidades básicas de um casal com dois filhos, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. Logo, o SMN é 4,714 vezes maior do que o atual SM de R$ 1.518,00.
Considerações Finais
Os resultados apresentados pelo IBGE revelam uma realidade econômica preocupante para os trabalhadores da região Nordeste, especialmente nos estados com os menores rendimentos. Oito estados nordestinos estão no Top 10 dos piores salários do Brasil. O baixo salário médio mensal reflete desafios estruturais do mercado de trabalho, como baixa qualificação profissional, informalidade e falta de oportunidades em setores mais remunerados.
Para mudar esse cenário, são essenciais que sejam implementadas políticas públicas de incentivo ao crescimento econômico, educação profissionalizante e fomentar o setor produtivo, como o agronegócio, a indústria e a tecnologia da informação (TI). Assim será possível melhorar significativamente os níveis salariais e garantir melhores condições de vida para a classe trabalhadora da Paraíba e do Nordeste nos próximos anos.