Fonte: Portal North News. Considerações Iniciais Prezado(a) leitor(a) lusófono(a) do Portal North News, com certeza, viajar é um dos grandes prazeres da vida e uma forma de lazer que amplia horizontes, proporciona novas experiências, gera conhecimento e movimenta a economia. No entanto, no Brasil, a falta de dinheiro tem se tornado um sério obstáculo para a realização desse sonho por grande parte da população brasileira.
O baixo poder aquisitivo das famílias, em especial, das classes econômicas D e E, somado ao encarecimento das passagens, hospedagens, refeições e serviços turísticos, impede que muitos brasileiros explorem novos destinos turísticos em um país com dimensões continentais como o Brasil. Essa realidade não afeta apenas os consumidores, mas também as empresas do setor, desencadeando um efeito dominó na economia brasileira.
Os Impactos da Falta de Recursos Financeiros no Turismo Nacional
Recentes pesquisas apontam que a falta de dinheiro é um dos principais fatores que impedem os brasileiros de viajar. De acordo com um levantamento da FlixBus, 49% dos brasileiros não conseguem viajar pelo próprio país devido à escassez de recursos financeiros. A FlixBus é uma empresa de tecnologia em transporte rodoviário que pertence ao grupo FLIX.
A FLIX é uma empresa alemã e desde 2011 é a líder global em tecnologia de viagens em mais de 40 países em 4 continentes, por meio de suas marcas FlixBus, FlixTrain, Greyhound e Kamil Koç. Com ônibus modernos e confortáveis, desde 2021, a FlixBus já atua em mais de 250 destinos e 1.200 rotas diretas de ônibus em todo o Brasil. Porém, é preciso revelar que a FlixBus utiliza também ônibus terceirizados e recebe reclamações de vários clientes em seus canais de atendimento ao consumidor brasileiro.
Já a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que em 2023, 80,2% dos lares brasileiros não realizaram viagens. Entre as famílias de baixa renda que sobrevivem com até meio salário mínimo, essa taxa sobe para 90%. É preciso destacar que o Brasil tem 62,1 milhões de domicílios não viajaram no ano de 2023, conforme o IBGE.
A falta de recursos financeiros é a principal barreira para viajar no Brasil. Segundo a PNAD Contínua, 40,1% das famílias brasileiras apontam a ausência de dinheiro como o maior impedimento para viajar pelo país no ano de 2023.
A alta do dólar americano e outros fatores econômicos, como o desemprego e os elevados juros, também dificultam a compra de passagens, tanto terrestres quanto aéreas, limitando o deslocamento dos brasileiros dentro do próprio território nacional, sobretudo as pessoas idosas, as que mais gostam de viajar a lazer.
Estudos do IBGE indicam que o turismo representa cerca de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e gera 8 milhões de empregos diretos. Entretanto, quando a população não dispõe de recursos financeiros para viajar, a demanda por serviços turísticos diminui drasticamente.
Hotéis, pousadas, companhias aéreas, empresas de transporte rodoviário, restaurantes, bares e agências de viagem sofrem com a baixa procura, resultando em falências e desemprego. Esse cenário cria um círculo vicioso da pobreza: sem dinheiro, não há turismo; sem turismo, há desemprego; sem emprego, menos pessoas têm condições de viajar.
O alto custo de vida e a desvalorização do real em relação ao dólar americano são fatores que contribuem para essa realidade. Em tempos de desaceleração econômica, o orçamento das famílias fica mais restrito, e gastos com lazer e viagens são os primeiros a serem cortados. Além disso, a precarização do trabalho e a informalidade tornam ainda mais difícil para muitos brasileiros planejarem férias ou sequer um pequeno deslocamento para lazer na cidade mais próxima.
Principais Alternativas para Incrementar o Turismo Nacional
A Organização Mundial de Turismo (OMT), com sede em Madrid, define o turismo como: “Conjunto de atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e estadas em lugares fora de seu entorno habitual, por um período inferior a um ano, com fins de lazer, negócios e outros motivos não relacionados com o exercício de atividade remunerada no lugar visitado”.
Macau é uma pequena ilha do Sul da Ásia e recebe cerca de 30 milhões de turistas internacionais por ano, de acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT). Enquanto isso, o Brasil, um país continental e o quinto maior do mundo, recebe menos de 7 milhões de turistas estrangeiros anualmente, conforme a OMT.
Para mudar esse cenário, é essencial adotar estratégias eficazes que incentivem tanto o turismo nacional quanto o internacional. As principais alternativas para fortalecer o turismo no Brasil, como também, para superar 6,6 milhões de turistas internacionais em 2024 incluem:
Incentivo ao Turismo Regional: Programas de promoção do turismo em regiões pouco exploradas, tornando as viagens mais acessíveis e descentralizando o fluxo turístico nacional;
Incentivos Fiscais: Redução de impostos sobre passagens e serviços turísticos, além de investimentos em infraestrutura para melhorar a experiência dos turistas. É necessário também incentivo dos Governos por meio de financiamentos para donos de pousadas e de agências de viagens;
Criação de Novas Linhas de Crédito para o Turismo: Facilitação do financiamento de viagens para famílias de baixa renda, garantindo que mais pessoas tenham acesso ao lazer;
Promoção Internacional do Brasil: Estratégias de marketing e parcerias internacionais para atrair mais turistas estrangeiros para as cinco regiões do Brasil, além de cursos de capacitação e treinamento para os funcionários dos segmentos de hospedagem e alimentação fora do lar para atender em idiomas estrangeiros, como inglês, espanhol, francês e italiano;
Turismo Sustentável: Incentivo ao ecoturismo e a práticas sustentáveis que beneficiem tanto os turistas quanto as comunidades locais; e
Defesa da Livre Concorrência: É preciso democratizar o direito de viajar no Brasil, e defender a livre concorrência que permite o acesso amplo e justo aos meios de transportes turísticos. As principais companhias aéreas brasileiras são a Latam, a Azul e a Gol.
Recentemente, a empresa Azul Linhas Aéreas divulgou uma receita líquida total de R$ 19,526 bilhões no ano de 2024. Bem superior aos R$ 18,694 bilhões em 2023, ou seja, um aumento de R$ 832 milhões e um crescimento relativo de 4,4%.
Considerações Finais
A impossibilidade de viajar devido à falta de dinheiro não é apenas um problema individual ou familiar, mas um reflexo de problemas econômicos que impacta diversos setores. A falta de recursos financeiros prejudica não só quem deseja conhecer novos destinos turísticos, como João Pessoa no Nordeste ou Petrópolis no Sudeste, mas também toda a cadeia produtiva do turismo em cidades, como Gramado no Sul ou Bonito no Centro-Oeste.
Para mudar significativamente esse quadro preocupante nos próximos anos, é essencial investir em estratégias que fortaleçam o setor turístico, tornem as viagens mais acessíveis e impulsionem a economia brasileira. O turismo não é um luxo, mas uma atividade fundamental para o bem-estar da população e o desenvolvimento sustentável do país.