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20/03/2025 às 16h13min - Atualizada em 20/03/2025 às 16h12min

Canadá e França unidos em Paris e na futura Cúpula do G7

Paulo Galvão Júnior (1)

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, autor de 18 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Fonte: Portal North News.
Introdução
 
Estimado(a) leitor(a) lusófono(a) do Portal North News, o primeiro-ministro canadense Mark Carney fez sua primeira viagem internacional para a França, em seguida, para o Reino Unido (RU). Foi a primeira vez que o primeiro-ministro do Canadá não viaja inicialmente para uma visita oficial ao presidente dos Estados Unidos da América (EUA), o país vizinho e com a maior fronteira terrestre do mundo.
 
O cenário geopolítico atual tem sido marcado por disputas comerciais e reconfigurações diplomáticas entre as vinte maiores economias do mundo. Diante desses desafios globais, o Canadá e a França reforçam sua parceria estratégica, destacando a cooperação em defesa do livre comércio, da estabilidade política e do fortalecimento das relações internacionais.
 
Essa aliança francófona se torna ainda mais relevante diante da próxima Cúpula do Grupo dos Sete (G7), na província canadense de Alberta, que reunirá os líderes das sete maiores economias do mundo para debater temas como crescimento econômico, segurança global e mudanças climáticas. Além disso, as recentes tarifas protecionistas impostas pelos EUA ao Canadá trouxeram impactos à economia canadense, tornando a cooperação internacional um elemento essencial para garantir a estabilidade econômica, financeira e comercial do país.
 
Aliança Canadá-França no Contexto Atual
 
Em 17 de março de 2025, o presidente francês Emmanuel Macron recebeu em Paris o novo primeiro-ministro canadense, Mark Carney, do Partido Liberal. Durante o encontro na capital francesa, ambos se declararam aliados confiáveis em meio a uma crise política e comercial com os EUA, o país mais rico do mundo.
 
As tensões aumentaram após novas ameaças de anexação do Canadá pelos EUA e a imposição de tarifas sobre produtos canadenses, o que poderá levar a uma recessão econômica. Macron e Carney enfatizaram a importância da segurança mútua, do apoio à Ucrânia e de acordos comerciais justos que não prejudiquem as economias desenvolvidas em plena Quarta Revolução Industrial.
 
Preparativos para a 51ª Cúpula do G7
 
Entre os dias 12 e 14 de março de 2025, os ministros das Relações Exteriores do G7 já se reuniram em Charlevoix, na província de Quebec, no Canadá, para discutir a imposição de tarifas protecionistas dos EUA, entre outros temas, a Guerra na Ucrânia e a situação tensa no Oriente Médio. Essa reunião ministerial foi liderada pela chanceler canadense Melaine Joly, foi preparatória para a Cúpula do G7 e reforçou a necessidade de unidade entre as nações integrantes do G7 diante de desafios globais.
 
Os EUA, Alemanha, Japão, Reino Unido, França, Itália e Canadá são os países membros do G7, mais a União Europeia (UE). A 51ª Cúpula do G7 será nos dias 15 a 17 de junho de 2025, em Kananaskis, na província de Alberta, com uma excelente vista das Montanhas Rochosas. O Canadá está implementando medidas de segurança máxima para receber o líder anfritião e os líderes dos países membros do G7, mais a líder da Comissão Europeia e o líder do Conselho Europeu, além do convidado especial, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
 
Indicadores Econômicos e Sociais de Dois Países Francófonos
 
A francofonia abrange diversos países, como França, Canadá, Suíça, Bélgica, Luxemburgo e Haiti, com contextos econômicos e sociais distintos. Os principais indicadores de duas nações francófonas relevantes, a França e o Canadá, revelam que são países desenvolvidos, de economias avançadas e, sobretudo, de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) muito elevado.
 
A França é a sétima maior economia do planeta, com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal de US$ 3,2 trilhões em 2024, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). O país apresenta um IDH muito elevado, com IDH de 0,910 em 2022, de acordo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A França é um importante centro de comércio e política na Europa e tem elevado PIB per capita e setor financeiro desenvolvido.
 
Já o Canadá é nona maior economia do mundo, com um PIB nominal de US$ 2,3 trilhões no ano de 2024, segundo o FMI. O Canadá tem uma economia diversificada e uma das mais desenvolvidas globalmente, com forte ênfase em recursos naturais e tecnologia. O país mantém indicadores sociais elevados, como alta expectativa de vida ao nascer e elevada qualidade educacional, além de um IDH muito elevado, com 0,935 no ano de 2022, conforme o PNUD.
 
A França tem 68,3 milhões de habitantes, enquanto, o Canadá já alcançou 41,5 milhões de habitantes. A cidade francesa mais populosa é Paris, com mais de 2,0 milhões de habitantes. Enquanto, a segunda cidade mais populosa do Canadá e dos países francófonos é Montreal, com 1,7 milhão de habitantes.
 
Impactos Econômicos das Tarifas Protecionistas dos EUA sobre o Canadá
 
As recentes políticas comerciais adotadas pelos EUA, sob a administração do presidente Donald Trump, impuseram tarifas protecionistas sobre produtos canadenses, especialmente tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio. Essas medidas geram preocupações substanciais sobre os impactos econômicos no Canadá, principalmente, muitos trabalhadores estão preocupados com a taxa de desemprego no país, 6,6% em fevereiro de 2025, conforme a Statistics Canada, e com sua provável elevação nos próximos meses.
 
A bolsa de valores canadense, localizada em Toronto, sofreu uma queda de 5% desde 31 de janeiro, afetando principalmente os setores financeiro (-8,6%), industrial (-7,4%) e energético (-5,4%). Essa retração é atribuída às tensões comerciais decorrentes das tarifas impostas pelos EUA.
 
O crescimento do PIB do Canadá foi revisado para baixo, com previsões indicando uma desaceleração para 0,7% em 2025, refletindo os efeitos adversos das tarifas comerciais sobre a economia canadense. Cidades industriais, como Toronto e Hamilton, em Ontário, estão na linha de frente dos impactos das tarifas, enfrentando desafios em sua indústria siderúrgica devido às medidas protecionistas dos EUA.
 
Nas dez províncias canadenses e nos três territórios já começaram o boicote dos produtos americanos. Em todo o país, os canadenses e imigrantes legais estão evitando comprar produtos norte-americanos, como bebidas alcoólicas, morangos, ketchup, pasta de amendoim, produtos eletrônicos, papel higiênico, mel de abelha, verduras, como também, cancelando ou adiando planos de viagem para o vizinho da América do Norte.
 
Conclusão
 
Concluindo, a cooperação entre os países ricos, como Canadá e França, exemplifica como alianças estratégicas podem fortalecer a estabilidade econômica e política diante de desafios globais. A parceria entre os dois países francófonos reforça a necessidade de um comércio internacional justo e equilibrado, essencial para garantir o crescimento sustentável das nações desenvolvidas.
 
Os líderes Carney e Macron se reuniram no Palais de Élysée, em Paris, e o futuro encontro será na próxima Cúpula do G7, no Canadá, que será um momento decisivo para o segundo maior país do mundo buscar apoio de seus principais parceiros na mitigação dos impactos socioeconômicos das tarifas protecionistas impostas pelos EUA e no fortalecimento de sua posição no comércio global. Além disso, os desafios enfrentados pelo Canadá refletem uma preocupação maior sobre o protecionismo e seus efeitos na economia mundial, tornando essencial o diálogo entre as sete principais potências econômicas para encontrar soluções viáveis e sustentáveis.
 
Em suma, nesse contexto econômico global, a aliança entre Canadá e França não apenas fortalece suas economias avançadas, mas também serve como um modelo de cooperação internacional eficaz em tempos de incertezas geopolíticas e econômicas.

(1) Economista brasileiro. WhatsApp: +55 (83) 98122-7221.
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