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07/04/2022 às 13h03min - Atualizada em 07/04/2022 às 13h03min

Soldados russos são flagrados falando de mortos, em Boutcha

Serviço de Inteligência Alemão intercepta áudio russo

Leandro Mendonça
Foto:AFP
O Serviço de Inteligência Alemão (BND) gravou algumas comunicações de rádio de soldados russos, nas quais falam sobre os abusos cometidos em Boutcha, a noroeste de Kiev, onde dezenas de cadáveres foram descobertos, despertando indignação na Europa e no Ocidente.
 
Algumas fotos de cadáveres encontrados em Boutcha, que provocaram uma onda de condenação internacional, foram confirmadas nesta quinta-feira (07).

Alguns líderes mundiais, inclusive o alemão Olaf Scholz condenaram como "crimes de guerra" cometidos pelos russos nesta localidade tomada pelas forças ucranianas , segundo a mesma fonte.
 

Os funcionários do BND informaram aos políticos sobre essas conversas interceptadas, nas quais essas gravações contradizem a versão entregue por Moscou. Vladimir Putin negou que as tropas russas tenham matado civis, em Boutcha. O Presidente russo afirmou que: “os corpos foram colocados lá depois que as tropas russas evacuaram as instalações”.
 
Assim, em uma das mensagens de rádio mencionadas, um soldado explica a outro que ele e seus colegas abateram uma pessoa em uma bicicleta. A foto de um cadáver deitado em sua bicicleta correu o mundo e os jornalistas da AFP afirmaram ter visto essa vítima, bem como o de cerca de vinte homens vestidos à paisana, enquanto atravessavam uma das avenidas mais longas de Boutcha.
 
Em outra mensagem de rádio, um homem diz: “Primeiro interrogamos os soldados, depois os matamos”.

Essas mensagens também confirmam que mercenários russos do grupo Wagner, na Ucrânia, teriam participado destes abusos.
 
As descobertas não se limitam a Boutcha. Em Motijine, 50 quilômetros a oeste de Kiev, a jornalistas da AFP viram quatro corpos semienterrados em uma cova rasa cavada na floresta. Entre eles, o corpo da prefeita da cidade, seu marido e seu filho desaparecido.
O governo alemão afirmou na quarta-feira, que a versão russa que afirma que: “a morte dos civis fazia parte de uma cena”, era “insustentável” diante das imagens de satélite que foram transmitidas.
 
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky chamou os assassinatos de "os piores crimes de guerra" desde a Segunda Guerra Mundial e de "genocídio”, tais assassinatos contra a população ucraniana.
 
Os ocidentais, por sua vez, anunciaram um fortalecimento das sanções contra Moscou.
 
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