MENU

18/05/2022 às 10h28min - Atualizada em 18/05/2022 às 10h28min

Primeiro julgamento por crimes de guerra

Sargento acusado de matar civil assume que tomou atitude para ajudar mãe

Leandro Mendonça
Twitter/@AFP
Um soldado russo se declarou culpado nesta quarta-feira(18) de matar a tiros um civil ucraniano perante um tribunal em Kiev, onde está sendo realizado o primeiro julgamento por crimes de guerra desde a entrada de tropas de Moscou na Ucrânia.
 
Com a cabeça raspada e vestindo um moletom com capuz cáqui e azul, Vadim Chichimarine, 21, foi transferido no início da tarde para o tribunal distrital de Solomiansky em Kiev, onde apareceu trancado em uma caixa de vidro.
 
Depois que o promotor leu a acusação, o juiz perguntou se ele admitia os fatos. "Sim", ele respondeu. 
- "Em sua totalidade?", continuou o magistrado. 
- "Sim".
Acusado de crimes de guerra e assassinato premeditado, o soldado, originário de Irkutsk, na Sibéria, enfrenta prisão perpétua. 
 
Muitos jornalistas internacionais se reuniram na quarta-feira nas pequenas salas do tribunal para acompanhar esta audiência transmitida ao vivo pela internet.
 
Segundo a promotoria, o sargento Vadim Chichimarine comandava uma pequena unidade dentro de uma divisão de tanques quando seu comboio foi atacado em 28 de fevereiro, apenas quatro dias após o início da invasão.

Com outros quatro soldados, ele roubou um carro. 

Enquanto dirigiam perto do vilarejo de Choupakhivka, na região de Sumy (nordeste), eles se depararam com um homem de 62 anos, que empurrava sua bicicleta, enquanto falava ao telefone.
 
“Um dos militares ordenou o acusado que matasse o civil para que não os denunciasse”, disse o procurador-geral.
 
Vadim Chichimarine então disparou uma Kalashnikov da janela do veículo e "o homem morreu instantaneamente, a algumas dezenas de metros de sua casa", acrescentaram em um comunicado.
 
No início de maio, as autoridades ucranianas anunciaram sua prisão sem dar detalhes, enquanto publicavam um vídeo em que Vadim Chichimarine dizia ter vindo lutar na Ucrânia para "apoiar financeiramente sua mãe".

 

Sobre as acusações ele explicou: “Me mandaram atirar, eu atirei nele uma vez. Ele caiu e continuamos nosso caminho.

 

A audiência foi então suspensa e será retomada amanhã(19), com a audição de testemunhas.

 

O caso é difícil, segundo o advogado do réu, Victor Ovsiannikov.

 

"Nunca tivemos tal acusação na Ucrânia, não temos precedentes, nenhum veredicto", disse ele. "Mas chegaremos lá", acrescentou Ovsiannikov, garantindo que não encontrou "nenhuma violação dos direitos humanos", por parte do acusado.

 

A procuradora-geral da Ucrânia Iryna Venediktova, em uma série de mensagens no Twitter, sublinhou os riscos da invasão ao seu país.

 

“Abrimos mais de 11.000 investigações de crimes de guerra e prendemos 40 suspeitos”, lembrou ela. "Com este primeiro julgamento, enviamos um sinal claro: nenhum carrasco, nenhuma pessoa que ordenou ou ajudou a cometer crimes na Ucrânia escapará da justiça". 




 
Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »