'Os canadenses podem respirar aliviados', afirma Governador do Banco do Canadá sobre corte na taxa de juros

Taxa de juros cai para 3,75%; corte de meio ponto percentual é o quarto corte consecutivo da taxa pelo banco central, já que a inflação caiu de 2,7% em junho para 1,6% em setembro

O governador do Banco do Canadá, Tiff Macklem, durante entrevista coletiva no Banco do Canadá, em Ottawa, nesta quarta-feira, 23 de outubro de 2024 (Sean Kilpatrick / THE CANADIAN PRESS)

 

O Banco do Canadá fez um corte considerável em sua taxa básica de juros na quarta-feira, de 4,25% para 3,75%, à medida que a economia global continua a se expandir.

O corte de meio ponto percentual é o quarto corte consecutivo da taxa pelo banco central, já que a inflação caiu de 2,7% em junho para 1,6% em setembro.

“Demos um passo maior hoje porque a inflação voltou à meta de 2% e queremos mantê-la perto da meta”, disse o governador do Banco do Canadá, Tiff Macklem.

O banco central espera que a inflação permaneça em torno de 2% em outubro, já que suas pesquisas sugerem que as expectativas das empresas e dos consumidores em relação à inflação mudaram para baixo e estão se aproximando dos níveis normais.

“Acho que os canadenses podem respirar, dar um suspiro de alívio”, disse Macklem, reconhecendo que os canadenses têm lutado contra o peso da inflação alta.

Esse ponto foi enfatizado pela Vice-Governadora Sênior do Banco Central, Carolyn Rogers, quando pressionada sobre como os canadenses não estão necessariamente sentindo que suas finanças estão melhorando, apesar desse quarto corte consecutivo nas taxas.

“Isso significa que os preços não vão continuar subindo, mas toda vez que você vai ao supermercado, tenho certeza de que está sentindo o fato de que os preços subiram”, disse Rogers, acrescentando que vai demorar um pouco para que os canadenses sintam os efeitos da estabilização do preço dos alimentos, do aluguel e da moradia.

Macklem diz que o declínio da inflação nos últimos meses reflete os efeitos combinados dos preços mais baixos do petróleo, uma queda na inflação dos preços dos abrigos no Canadá e preços mais baixos de vários bens de consumo, como carros e roupas.

Se a tendência continuar, Macklem espera mais cortes nas taxas de juros no futuro.

“Agora, nosso foco é manter uma inflação baixa e estável”, disse Macklem. “Precisamos manter a aterrissagem firme.”

Mesmo antes do anúncio do corte nas taxas, a Ministra das Finanças e Vice-Primeira Ministra Chrystia Freeland deu uma volta vitoriosa nos números econômicos positivos ao falar com os repórteres.

“O FMI (Fundo Monetário Internacional) publicou hoje sua Perspectiva Econômica Mundial e, nessa perspectiva, o FMI prevê que o Canadá terá o crescimento econômico mais forte do G7 em 2025. Precisamos fazer muito mais. Mas, na frente macroeconômica, estamos vendo um progresso sólido”, disse Freeland.

O Bank of Canada espera que a economia global se expanda a uma taxa de cerca de 3% nos próximos dois anos, sendo que o crescimento nos Estados Unidos deverá ser mais forte do que o previsto anteriormente.

“Os gastos das famílias e os investimentos das empresas aumentaram este ano, mas continuam fracos”, disse Macklem aos repórteres.

O banco central também observa que as condições financeiras em todo o mundo diminuíram e que os preços globais do petróleo estão cerca de dez dólares mais baixos do que o previsto no relatório de política monetária de julho.

De acordo com o banco, a economia canadense cresceu cerca de 2% no primeiro semestre do ano e espera-se que cresça 1,75% no segundo semestre de 2024. As exportações no Canadá também foram impulsionadas pela abertura do oleoduto Trans Mountain Expansion.

Mas nem tudo são boas notícias. O banco central observa que o mercado de trabalho canadense continua fraco, já que a taxa de desemprego subiu para 6,5% em setembro, um ponto percentual a mais em relação ao ano anterior.

“A contratação de empresas tem sido fraca, o que tem afetado especialmente os jovens e os recém-chegados ao Canadá”, disse Macklem, acrescentando que o número de trabalhadores tem aumentado mais rapidamente do que o número de empregos.

De acordo com o banco, espera-se que o crescimento do PIB se fortaleça gradualmente para cerca de 2% em 2025 e 2,25% em 2026, como resultado de taxas de juros mais baixas.