Fonte: BLUEBI SOLUTION. INTRODUÇÃO
Nos últimos 14 anos, a Índia emergiu como uma potência econômica global. Esta transformação é particularmente notável no contexto do BRICS Plus, grupo econômico que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de cinco novos países emergentes que se uniram ao grupo em 2024: Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos (EAU) e Irã.
Este artigo examina como a Índia se destacou como líder de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no BRICS Plus, analisando os fatores que impulsionaram essa ascensão econômica, bem como os desafios e oportunidades que surgem nesse cenário global.
ASCENSÃO ECONÔMICA DA ÍNDIA
A Índia, o país mais populoso do mundo com 1,428 bilhão de habitantes, tem apresentado um desempenho econômico impressionante, superando os outros membros do BRICS Plus em termos de crescimento do PIB. Esse sucesso econômico pode ser amplamente atribuído a reformas estruturais, como a introdução do Imposto sobre Bens e Serviços (GST), que simplificou o sistema tributário, e ao desenvolvimento acelerado do setor de tecnologia da informação e comunicação (TIC).
Desde 2010, a Índia tem registrado taxas de crescimento econômico robustas, exceto em 2020, quando enfrentou uma recessão econômica devido à pandemia da COVID-19. Entre 2010 e 2023, o país alcançou uma média de crescimento anual de 6,0%, conforme o Banco Mundial. Este crescimento acelerado é resultado de uma combinação de reformas econômicas, uma força de trabalho jovem, e um setor de TIC em rápida expansão. O governo indiano tem implementado políticas públicas para atrair investimento estrangeiro direto (IED) para 28 estados e 8 territórios.
Além disso, a crescente urbanização e a expansão da classe média têm impulsionado o consumo interno, um dos principais motores do crescimento econômico do país. O setor de TIC da Índia tem desempenhado um papel crucial nesse crescimento. Empresas como Infosys, Tata Consultancy Services (TCS) e Tech Mahindra lideram globalmente em serviços de offshore outsourcing, com cidades como Bangalore, Mumbai e Hyderabad emergindo como hubs tecnológicos e contribuindo para o PIB do país. A Índia também se tornou um polo global de startups.
Em 2010, a Índia era a décima maior economia do mundo. Em 2022, registrou um crescimento robusto de 7,2%, consolidando-se como a quinta maior economia global, atrás apenas de Estados Unidos da América (EUA), China, Japão e Alemanha. Em 2023, o PIB indiano cresceu 7,8%, atingindo US$ 3,7 trilhões. Projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicam que a Índia poderá superar o Japão em 2025, ocupando o quarto lugar no ranking global. O banco Goldman Sachs projeta que a Índia será a segunda maior economia do mundo até 2075, atingirá US$ 52,5 trilhões e ficará atrás apenas da China, alcançará US$ 57,0 trilhões.
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
Apesar de ser o sétimo maior país em extensão territorial, com 3,3 milhões de km², a Índia enfrenta desafios que podem comprometer o seu crescimento econômico. O país ainda possui um PIB per capita baixo (US$ 2.366 em 2022), cerca de 25% da população vivendo abaixo da linha de pobreza. A desigualdade econômica é elevada, com 1% dos mais ricos detém 41,0% da riqueza do país, conforme o Relatório Global Wealth Report 2023, do UBS.
Além disso, o setor informal emprega a maioria da força de trabalho urbana. O setor agropecuário enfrenta desafios, como às mudanças climáticas e à falta de infraestrutura. A Índia é o 2º maior produtor de alimentos do planeta e o setor contribui com 18,1% do PIB e emprega 44% da população economicamente ativa (PEA), conforme o Banco Mundial.
Além disso, a dependência do país em importações de energia não renovável (petróleo, gás natural e carvão) representa riscos para o crescimento futuro. No entanto, o governo indiano tem demonstrado compromisso em enfrentar esses desafios por meio de políticas centradas no desenvolvimento sustentável, como a Missão Solar Nacional Jawaharlal Nehru (2010), a Missão Índia Limpa (2014) e a Iniciativa de Mobilidade Elétrica (2018).
Embora o setor industrial represente 25,6% do PIB indiano, seu potencial de crescimento é vasto, impulsionado por uma demanda interna crescente, uma força de trabalho jovem e qualificada, e políticas governamentais voltadas para a industrialização. Destacam-se as indústrias farmacêutica, química, têxtil, espacial, da construção civil, de software e de energia solar. A Índia é o terceiro país que mais gera energia solar no mundo, atrás apenas da China e dos EUA, conforme The Economic Times.
A Índia tem investido em infraestrutura e adotado reformas para facilitar o ambiente de negócios, como a simplificação de normas e incentivos à manufatura local. Iniciativas como o programa "Make in India" têm atraído mais IED desde 2014, fomentando o desenvolvimento de indústrias indianas em 25 setores estratégicos para a criação de empregos. Atualmente, mais de 7% da produção de iPhones 14 e 15 da Apple é feita na Índia.
A tendência global de diversificação das cadeias de abastecimento coloca a Índia em uma posição estratégica para se tornar um hub de manufatura global. O país também possui uma base forte de pequenas e médias empresas (PMEs), que, com suporte adequado, podem crescer e contribuir ainda mais para o PIB indiano.
O setor de serviços, que contribui com cerca de 50% do PIB indiano, também é relevante, com destaque para Bollywood, em Mumbai, que em 2023 produziu mais de 1,5 mil filmes, gerando receitas bilionárias em rúpias indianas. Além disso, a Bolsa de Valores de Mumbai é o quarto maior mercado de ações do mundo, com US$ 4,2 trilhões, conforme a Companies Market Cap.
A Índia milenar, com sua rica herança cultural e religiosa, oferece inúmeras atrações turísticas, como o Taj Mahal, o Templo de Lótus, o Templo Akshardham, o Templo Dourado, o Forte de Agra, o Forte Amber, a Mesquita Jama Masjid, o Taj Falaknuma Palace, o Gateway of India, a Estátua da Unidade, com 182 metros de altura em homenagem a Sardar Vallabhbhai Patel, líder político na independência da Índia em 15 de agosto de 1947 e na unificação do país como primeiro vice-primeiro-ministro da Índia entre 1947 e 1950, e o Túmulo de Mahatma Gandhi, líder espiritual do movimento pacifista pela independência da Índia contra o domínio britânico.
CONCLUSÃO
No ano de 2022, a Índia, ex-colônia britânica por 190 anos, superou o Reino Unido (RU) em PIB nominal, consolidando sua posição como uma das cinco maiores economias do planeta. A Índia, a maior democracia do mundo, recentemente, reelegeu o primeiro-ministro Narendra Modi para um terceiro mandato de cinco anos. Em Nova Delhi, Modi prometeu que a Índia se tornará a 3ª maior economia do mundo até 2029. Em 2022, a expectativa de vida ao nascer do país foi de 67,7 anos e a média de anos de estudo das pessoas com 25 anos ou mais de idade foi de 6,6 anos, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O país asiático emergiu como o líder de crescimento do PIB no BRICS Plus e esse relevante crescimento foi impulsionado por reformas econômicas, inovação tecnológica e força de trabalho jovem, vasta e dinâmica. Contudo, para sustentar esse crescimento econômico a longo prazo, a Índia enfrentará desafios como a fome (cerca de 200 milhões de pessoas famintas), elevada desigualdade econômica, alta pobreza rural e urbana (cerca de 74 milhões de pessoas vivendo em favelas), médio IDH (0,644), sérios problemas de saneamento básico, e tensões geopolíticas com países vizinhos e potências nucleares como o Paquistão e a China.
Finalizando, o futuro da Índia no BRICS Plus parece bem promissor, com novas oportunidades surgindo à medida que o país localizado no sul da Ásia continua a expandir sua influência econômica no Sul Global e no cenário mundial. Entretanto, antes da Primeira Cúpula dos Líderes do BRICS Plus, em Kazan, na Rússia, desafios como o desemprego, especialmente entre os jovens, precisam ser abordados para garantir um crescimento econômico próspero, inclusivo e sustentável da Índia.
(*) Eonomista brasileiro, graduação em Economia pela UFPB (1998), especialista em Gestão de RH pela UNINTER (2009), conselheiro efetivo do CORECON-PB, diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, autor de 14 e-books de Economia com ISBN, autor e co-autor de mais de 330 de artigos de Economia, e consultor editorial na Ciência Capital. WhatsApp: 55 (83) 98122-7221.
(**) Especialista em Economia e Assuntos Internacionais, Graduada com mérito acadêmico pela Faculdade de Economia da Universidade Armando Álvares Penteado (FAAP-SP) em 2014. Pós-graduada em Estatística pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Chile). Consultora Editorial na Ciência Capital. Colunista Internacional na Rádio Alta Potência. Colunista Internacional na Rádio Agro Hoje. CEO de Business Intelligence na BlueBI Solution em São Paulo. WhatsApp: 56 98484-9704.