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08/01/2025 às 21h00min - Atualizada em 08/01/2025 às 20h57min

Donald Trump e sua Proposta Polêmica de Transformar o Canadá no “51º Estado” dos EUA

Por Paulo Galvão Júnior (1)

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, autor de 18 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Considerações Iniciais
 
Estimado(a) leitor(a) lusófono(a) do Portal North News, na noite de 7 de janeiro de 2025, Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos da América (EUA), entre 20 de janeiro de 2017 e 20 de janeiro de 2021, e agora presidente eleito dos EUA, gerou alvoroço internacional. Em sua rede social, Truth Social, Trump publicou dois mapas, no qual o vasto território canadense aparecia anexado aos EUA.
 
Donald Trump que transformar o Canadá no “51º Estado” dos EUA e a provocação dos mapas e a proposta polêmica geraram reações intensas tanto na esfera política quanto na opinião pública de ambos os países, além da mídia internacional.
 
Durante uma coletiva de imprensa na Flórida, Trump afirmou que a fronteira entre os dois países da América do Norte seria uma "linha artificialmente desenhada". Segundo o bilionário Trump, a união política e econômica traria benefícios mútuos, como o fortalecimento do comércio bilateral e o incremento de oportunidades financeiras. Essa declaração polêmica chega em um momento de transição política no Canadá, marcado pela renúncia recente de Justin Trudeau ao cargo de primeiro-ministro, em Ottawa, no dia 6 de janeiro de 2025.
 
Os Impactos Econômicos e Territoriais do Canadá como o “51º Estado” dos EUA
 
A ideia polêmica de Trump de anexar o Canadá traz implicações econômicas e territoriais profundas. Os EUA são a maior economia do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal de US$ 28,7 trilhões em 2024, enquanto o Canadá tem o 10º maior PIB global (US$ 2,2 trilhões), segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Juntos, os dois países representariam uma potência econômica de US$ 30,9 trilhões, ampliando sua competitividade frente a economias como a China (US$ 18,5 trilhões em 2024), a segunda maior economia do mundo, e a Alemanha (US$ 4,5 trilhões), a terceira maior economia do planeta.
 
Além disso, a anexação faria dos EUA o maior país do mundo em extensão territorial, somando os 9,3 milhões de km² do território norte-americano aos 9,9 milhões de km² do Canadá, ultrapassando a Rússia (17,0 milhões de km²). Essa união criaria um território de 19,2 milhões de km², mais que o dobro do Brasil (8,5 milhões de km²). Contudo, a proposta polêmica de Trump levanta questões sobre governança, integração de sistemas políticos distintos e a preservação da soberania canadense.
 
Recursos Naturais e Comércio Internacional
 
Trump destacou o vasto potencial econômico do Canadá, rico em recursos naturais como petróleo (o quarto maior produtor global, com 4,9 milhões de barris por dia em 2023, segundo a Energy Institute), minerais estratégicos e florestas extensas. Além de grande produtor de grãos, esses recursos naturais poderiam complementar a economia norte-americana, reduzindo a dependência de importações de outros países.
 
Atualmente, o Canadá é o maior parceiro comercial dos EUA, representando 15% do comércio exterior americano em 2023, com transações que movimentaram cerca de US$ 800 bilhões. Os EUA são o maior exportador de bens industrializados para o Canadá. A proposta polêmica de Trump, porém, ignora totalmente as complexidades de harmonizar dois sistemas econômicos distintos e as possíveis tensões com parceiros comerciais de ambos os países.
 
Entre os dez maiores parceiros comerciais do Brasil em 2024, os EUA encontram-se em segundo lugar, com US$ 40,3 bilhões FOB (12% do total), e o Canadá aparece em nona colocação, com US$ 6,3 bilhões FOB (1,9% do total), de acordo com os dados de janeiro a dezembro de 2024, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MIDC).
 
Aspectos Políticos e Culturais
 
"Economizariam demais em impostos e proteção militar. Acho que é uma ótima ideia. Estado 51!!!", a proposta polêmica de Trump de anexação do Canadá desconsidera os interesses de 41,6 milhões de habitantes, além da rica diversidade cultural e histórica que diferencia os dois países. Enquanto os EUA têm uma identidade nacional centrada no presidencialismo, no nacionalismo e no expansionismo, o Canadá se orgulha de seu multiculturalismo, sistema parlamentarista e laços estreitos com a Commonwealth.
 
A integração polêmica sugerida poderia criar tensões com aliados como o Reino Unido (RU) e a Austrália, além de enfraquecer a posição do Canadá no Grupo dos Sete (G7), no Grupo dos Vinte (G20), na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
 
Além disso, o momento político canadense traz desafios específicos. A renúncia de Justin Trudeau, em 6 de janeiro de 2025, deixou um vácuo de liderança que pode ser interpretado tanto como uma oportunidade para renovação política quanto como um sinal de instabilidade. Contudo, a soberania nacional permanece inegociável para a maioria dos canadenses, sendo um pilar central de sua identidade nacional.
 
Reações da Opinião Pública
 
A proposta polêmica de Trump foi recebida com ceticismo e indignação por grande parte da sociedade canadense e americana. Pesquisas iniciais indicam que 13% dos canadenses consideram favorável uma união política com os EUA. Já nos EUA, a ideia é amplamente vista como uma provocação simbólica, típica da retórica de Donald Trump, em vez de uma política externa séria.
 
Analistas políticos e econômicos ressaltam que essa declaração polêmica serve para enfatizar a interdependência econômica e política entre os dois países. Canadá e EUA compartilham a maior fronteira terrestre e desmilitarizada do mundo, colaboram em segurança por meio do North American Aerospace Defense Command (NORAD) e mantêm acordos comerciais sólidos, como o United States-Mexico-Canada Agreement (USMCA).
 
Reflexões Pessoais sobre o Canadá
 
O Canadá é um país símbolo de educação e qualidade de vida. Com dez províncias (Alberta, British Columbia (BC), Manitoba, New Brunswick, Newfoundland and Labrador, Nova Scotia, Ontario, Prince Edward Island, Quebec, and Saskatchewan) e três territórios (Northwest Territories, Nunavut, and Yukon), o país se destaca pelo melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Américas, com IDH de 0,935 em 2022. Além disso, é a maior esperança de vida ao nascer da América, com uma expectativa de vida ao nascer de 82,8 anos em 2022, segundo os dados do Relatório do Desenvolvimento Humano 2023/2024, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

O Canadá é uma nação desenvolvida, de renda per capita alta, com uma Renda Nacional Bruta (RNB) per capita de $ 48.444 em termos de Paridade do Poder de Compra (PPC), além de ter uma elevada média de anos de escolaridade, com 13,9 anos, conforme os dados de 2022 do PNUD.
 
Eu sou autor de dois e-books sobre o bilíngue Canadá (“O Canadá!” e “A Importância do Canadá no G7 e G20”). Escrevo com orgulho no Portal North News, em Toronto, a cidade mais rica e populosa do Canadá e da província de Ontário. Sempre compartilho a alegria de ter uma filha caçula, bonita, inteligente, trilíngue e já com mestrado em Ciências Políticas na Université de Montréal. A educação canadense é inspiradora, e meu sonho é visitar o Canadá no verão de 2025 para conhecer pela primeira vez, depois de mais de dois anos, a residência da minha filha Pamella e do seu jovem esposo Humberto em Montreal, a cidade mais rica e populosa da província francófona de Quebec e a segunda mais rica e populosa do Canadá.
 
Outro sonho é uma viagem de trem da Via Rail Canada, de Montreal até Vancouver, para realizar uma palestra presencial sobre “O Canadá é o melhor IDH nas Américas” aos alunos da Canada Intercambio, em Vancouver, a cidade mais rica e populosa da província de BC, e conversar também com a CEO da Canada Intercambio, Rosa Maria Troes, sobre os mais de 20 anos de intercâmbio com sucesso e o programa “Young Experience Summer 2025”.
 
Considerações Finais
 
Finalmente, embora improvável de ser concretizada, a proposta polêmica de Donald Trump levanta debates relevantes sobre as relações entre EUA e Canadá, pois sublinha a interdependência econômica, mas também expõe as profundas diferenças culturais e políticas que separam as duas nações na América do Norte.
 
É preciso revelar que o bilionário Donald Trump e seus aliados bilionários almejam uma expansão territorial dos EUA, o quarto maior país do mundo, com 9,3 milhões de km², na atualidade, com pretensões polêmicas de anexar o Canadá, com 9,9 milhões de km², o segundo maior país do mundo, e a Groelândia, a maior ilha do mundo e território autônomo que pertence ao Reino da Dinamarca desde 1953, com 2,1 milhões de km². O Canadá (41,6 milhões de habitantes) e a Groenlândia (56 mil habitantes) são territórios ricos em minerais (ouro, urânio, minério de ferro e diamantes), petróleo e gás natural. E os EUA (333,2 milhões de habitantes) são a maior potência militar e econômica do planeta, rapidamente, se tornariam a maior nação da Terra, com 21,3 milhões de km².
 
O presidente eleito dos EUA, Donald John Trump, já ameaçou também retomar o controle do Canal do Panamá e renomear o Golfo do México para “Golfo da América”. Já ameaçou o México com tarifa de importação de 25%, como também, o Brasil (a oitava maior economia do mundo, com PIB nominal de US$ 2,3 trilhões em 2024) e os outros nove países membros do BRICS, com o aumento da tarifa de importação para 100%, caso não se comprometam a abandonar planos de criar uma nova moeda do BRICS ou apoiar outra moeda que substitua o dólar norte-americano.
 
Não resta dúvida, a partir de 20 de janeiro de 2025, em Washington, os EUA e o mundo mudarão rapidamente, com os pensamentos fortes de Donald Trump: “America Firstor Make America Great Again”. Com certeza, vamos ouvir muito o nome do futuro secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, nas mídias sociais internacionais.
 
Definitivamente, é muito preocupante para o Canadá, um país independente, rico, multicultural e democrático, as ameaças de Trump de aumentar as tarifas de importação sobre produtos canadenses para 25%. Para o Canadá é o momento é de reafirmar sua soberania no mundo e seu relevante papel no cenário global. Para os EUA, a retórica de Trump é mais um reflexo de sua abordagem polêmica do que uma estratégia política realista. Esse episódio polêmico serve como um lembrete da importância de respeitar as soberanias nacionais e reconhecer a complexidade das dinâmicas internacionais na América do Norte.
 
Viva o Canadá! Long live Canada! Vive le Canada!
 
(1) Economista brasileiro, colunista do Portal North News em Toronto e autor de 18 e-books de Economia, incluindo o e-book “A Importância do Canadá no G7 e G20”. Saiba mais sobre o e-book pelo link: https://paulogalvaojunior.com.br/canada/ . WhatsApp: 55 (83) 98122-7221.
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