Índice de Preços do Consumidor registrou em outubro deste ano um aumento em 3.10% (Fotos: Larissa Valença)
TORONTO - Nessas festas de final de ano, os alimentos que não podem faltar na ceia encareceram em Toronto, no Canadá. Isso por conta da alta inflação, e outros impactos, o que inclui as mudanças climáticas geradas pelos aquecimento e global e os conflitos geopolíticos, que estão acontecendo atualmente.
O Índice de Preços do Consumidor registrou em outubro deste ano um aumento em 3.10%, em relação ao mesmo período do ano passado. E a conta mais alta acaba sobrando para o consumidor arcar. Somente o componente voltado à comida desse índice, mostra que houve um aumento de 5.9% nos últimos 12 meses.
Segundo dados do site oficial do governo do Canadá, Statistics Canada, os preços dos alimentos estão desacelerando, porém continuam elevados, em outubro de 2023, houve um crescimento de 5.4%. Alimentos, como verduras frescas, pães, peixes tiveram uma ligeira queda de setembro de 2023 para outubro de 2023, mês em que os últimos dados foram divulgados.
Apesar dessa pequena queda em alguns itens, o preço dos alimentos no geral segue pesando significativamente no bolso do consumidor, basta dar uma volta nos corredores de um supermercado no Canadá para visualizar a subida dos preços. E agora com o natal se aproximando, o mesmo tem acontecido com uma série de produtos que compõe a ceia, todos com valores mais altos em comparação com o ano passado. Produtos lácteos, como queijo, carnes no geral, o peru, a batata e a cenoura encareceram.
De acordo com o Canada Food Price Report 2023, relatório produzido no início do ano pela Universidade de Guelph, Dalhousie Universidade, Universidade de British Columbia, Universidade de Saskatchewan, os produtos lácteos e carnes iriam sofrem um aumento ao longo de 2023 de 5% a 7%. Parece que a previsão acertou, pois a conta, de fato, aumentou.
E em relação aos alimentos, o famoso peru de natal está 5% mais caro do que no ano passado. As batatas que geralmente acompanham essa delícia natalina estão custando 6.6% a mais, e as cenouras que servem como complemento para muitas receitas natalinas, também, estão com o preço bem mais elevado, do que nesse mesmo período em 2022, subiram cerca de 12.8%.
O preço da carne tem chamado atenção dos consumidores. O valor da carne de vaca, sendo ela fresca ou congelada, subiu 11.9% em agosto comparado com o mesmo período do ano passado.
Segundo Vitaly Skorikov que já vive no Canadá há mais de dez anos, ele está assustado com a alta dos preços, principalmente, com o aumento das carnes no geral, quando comparado ao ano passado. “Não vamos mudar o cardápio de natal neste ano, porque é uma tradição que queremos continuar seguindo, porém os preços estão visivelmente mais pesados”, declara.
Andreza Arber, brasileira natural de Salvador, mora em Toronto há mais de um ano, e vai passar o seu segundo natal nas terras gélidas. Ela, também, relata que percebeu claramente a alta dos preços quando comparado com o mesmo período do ano passado. “Eu senti uma grande diferença de preços, principalmente, na parte de queijos. Hoje para você fazer uma tábua de frios está muito mais caro do que no ano passado. Normalmente, é o que levo na ceia, uma entrada. E esse ano vamos dividir com mais uma pessoa para compensar o alto preço dos queijos e frios no geral”, diz.
Andreza costuma celebrar o natal com um grupo grande de amigos, nesse ano serão 17 pessoas. Nesse fim de ano de 2023, ela e seu namorado, Bruno Pereira, vão dividir a conta do prato com mais um amigo para baratear o custo total. Ela menciona que a celebração neste ano será da mesma forma que foi no ano anterior, eles também escolheram preservar as tradições. Porém optaram por realizar algumas modificações na organização do evento para tentar driblar a alta dos preços e não ficar muito pesado financeiramente para ninguém.
“Antigamente, cada um trazia um prato, e nesse ano vamos dividir entre mais pessoas, por exemplo, eu, o Bruno e uma outra pessoa vamos levar a tábua de frios, outras duas ou três pessoas vão preparar e arcar com o custo do tender, e o mesmo com os outros pratos natalinos, tipo o peru. Vamos nos dividir dessa forma”, finaliza Andreza.
Certamente, essa é uma ótima ideia para continuar mantendo as tradições sem que o bolso pese tanto, e fica a dica para os nosso leitores que vão celebrar o natal com bastante gente.
Produtos lácteos sofreram um aumento em 2023, por conta dos altos custos de produção. O leite aumentou em 2.2%, afetando, por consequência, os produtos derivados de leite, como o queijo.
Não foi só a comida que encareceu, o preço da árvore de natal, também, subiu: Esse item de decoração está 5% mais caro do que em 2022, de acordo com um diretor da instituição “Christmas Tree Farmers of Ontario”.
Maria de Lourdes Pinto, brasileira que reside no Brasil, mas costuma vir ao Canadá com frequência visitar familiares como turista, também, ficou chocada com a alta dos preços em geral. “Me assustei quando cheguei aqui, comparando os valores com o natal do ano passado. Vou fazer umas modificações no meu orçamento neste natal. Mas, não vou abrir mão de passar essa data especial com meus familiares”, comenta.
No final das contas, parece que todo mundo tem tentado manter as tradições natalinas, mesmo fazendo certos ajustes.
Aliás, o setor de varejo espera fechar as contas com bastante lucro neste ano, e afirma que por conta da inflação, o consumidor está mais sagaz e buscando comprar produtos em oferta e com desconto. Neste ano, por exemplo, a black Friday e a cyber Friday deram mais lucro do que no ano anterior, 7% e 10% respectivamente.
Estudo indica que, de fato, o consumidor tem analisado melhor o seu orçamento para fazer escolhas sensatas. Na pesquisa realizada recentemente, 83% de um total de 1.507 canadenses, consultados pela empresa KPMG entre outubro e novembro, afirmaram que estarão mais cautelosos com os gastos nesse final de ano, comparado com o anterior.
E, infelizmente, os aumentos não param por aí. De acordo com o relatório Canada’s Food Price Report, nas previsões para o próximo ano, os preços das carnes devem continuar subindo entre 5% e 7% em 2024, os produtos lácteos devem subir entre 1% a 3%. No geral, segundo esse documento, o preço dos alimentos tende a crescer entre 2.5% e 4.5%.
Índice de Preços do Consumidor registrou em outubro deste ano um aumento em 3.10% (Fotos: Larissa Valença)
