Inflação no Canadá cai para 2,7% em junho

Statistics Canada atribuiu a desaceleração, em grande parte, ao crescimento mais lento dos preços da gasolina em relação ao ano anterior; taxa de inflação anual de maio foi de 2,9%

Brent Lewin/Bloomberg

 

A taxa de inflação anual do Canadá caiu para 2,7% em junho, com o Statistics Canada atribuindo a desaceleração, em grande parte, ao crescimento mais lento dos preços da gasolina em relação ao ano anterior.

A agência informou nessa terça-feira que os preços da gasolina aumentaram 0,4% em junho, após um salto de 5,6% em maio. Excluindo a gasolina, o índice de preços ao consumidor aumentou 2,8% em junho.

A taxa de inflação anual de maio foi de 2,9%.

A StatCan disse que os preços mais baixos dos bens duráveis também contribuíram para a desaceleração geral em junho, caindo 1,8% em relação ao ano anterior no mês, após uma queda de 0,8% em maio.

Katherine Judge, economista sênior do CIBC, disse que os dados da inflação de junho "deram ao Banco do Canadá o que ele precisava para cortar as taxas de juros na reunião da próxima semana".

Ela disse que o núcleo da inflação, que exclui os preços de alimentos e energia, que tendem a ser mais voláteis, subiu 0,2% em uma base ajustada sazonalmente, abaixo do ganho de 0,3% do mês anterior.

"Isso mostra que a surpresa positiva do mês anterior na inflação foi apenas um pontinho em uma tendência mais ampla de desinflação, já que a demanda na economia continua sob pressão", disse Judge em uma nota.

Os preços dos produtos alimentícios aumentaram 2,1% em junho, em relação ao mesmo período do ano anterior, em comparação com maio, quando aumentaram 1,5%.

Esse foi o segundo mês consecutivo em que o ritmo de crescimento dos preços dos produtos alimentícios se acelerou.

Embora a tendência seja algo a ser observado, Benjamin Reitzes, diretor-gerente de taxas canadenses e estrategista macro do BMO, disse que o nível de crescimento dos preços dos alimentos ainda é "relativamente moderado" e corresponde às normas históricas.

"Mas, se houver um aumento contínuo, isso certamente será uma preocupação", disse ele em uma entrevista.

"Os preços dos alimentos desempenham um papel muito importante na forma como as pessoas veem a inflação, porque compramos alimentos todos os dias. São esses itens do cotidiano que realmente impulsionam as expectativas de inflação."

Os vegetais frescos tiveram um aumento de 3,8% e os preços dos produtos lácteos cresceram 2%. O preço das frutas em conserva e dos preparados de frutas cresceu 9,5%, enquanto os custos das bebidas não alcoólicas aumentaram 5,6%.

Os preços das frutas frescas ajudaram a moderar o aumento nos preços gerais dos produtos de mercearia, caindo 5,2% em junho, em comparação com uma queda de 2,8% em maio.

A leitura da inflação de junho é a última antes da próxima decisão do Banco do Canadá sobre a taxa de juros, marcada para 24 de julho. O banco central reduziu sua taxa de juros de referência em um quarto de ponto percentual no início deste mês, para 4,75%.

O relatório mostra que os consumidores canadenses têm se tornado cada vez mais "cautelosos" com os gastos discricionários, com uma notável fraqueza em recreação e vestuário, disse Reitzes.

Os gastos com moradia também foram mais brandos do que o normal, com o aluguel apresentando um aumento de 0,1% - o menor em quase dois anos.

"Isso ajudou a conter a manchete, porque o abrigo tem sido uma área de força e inflação bastante consistentes há algum tempo no Canadá", disse ele.

Reitzes previu que será "um pouco trabalhoso" atingir a meta do Banco do Canadá de uma taxa de inflação anual de 2%, observando que "tem sido uma marcha lenta, mas constante". Ele disse que é improvável que a taxa de inflação atinja essa marca antes de meados ou final de 2025.

"Parece que estamos tendendo a 2% e isso é muito encorajador e deveria ser para o Bank of Canada", disse ele.

"É muito difícil fazer esse tipo de previsão quando há muitos imprevistos. Depende do comportamento dos preços da energia. Veremos o que acontece com os preços dos alimentos. Também há muita incerteza política, o que pode afetar as perspectivas de inflação."