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06/01/2023 às 08h21min - Atualizada em 06/01/2023 às 08h15min

O que deve ser feito para reduzir o elevado desemprego no emergente Brasil?

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Jr.

Paulo Galvão Jr.

Economista, escritor, palestrante, professor de Economia no UNIESP, autor de 12 eBooks de Economia pela Editora UNIESP e Conselheiro do CORECON-PB.

Nos dias atuais, podemos ler vários e bons livros de autores brasileiros e estrangeiros para compreender melhor a macroeconomia. Entre os autores internacionais, hoje, destaco o economista francês Olivier Jean Blanchard, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) de 2008 a 2015.
 
Olivier Blanchard de 1983 a 2014 atuou como renomado Professor de Economia do Massachusetts Institute of Techonology (MIT), em Cambridge, nos Estados Unidos da América (EUA). É o autor do livro-texto em nível de graduação intitulado Macroeconomics (em português, Macroeconomia), de 1997, na época muito preocupado com o alto desemprego na Europa Ocidental.
 
Para o Professor Emérito do MIT (2014-hoje) Olivier Blanchard (1999, p. 4), a taxa de desemprego é “a proporção de trabalhadores de uma economia que não estão empregados e procuram emprego”. Em seguida, o autor enfatiza que “é a razão entre o número de desempregados e a força de trabalho” (BLANCHARD, 1999, p. 24).
 
O Professor Blanchard da Harvard University (1977-1983), em Cambridge, escreveu no Capítulo 20 sobre o desemprego elevado e analisou primeiramente a taxa de desemprego nos EUA durante a Grande Depressão. A taxa de desemprego de 3,2% em 1929 subiu para 24,9% em 1933, e posteriormente, caiu para 9,9% em 1941. Entre 1929 e 1941, a taxa média de desemprego norte-americana foi de 16,1% ao ano.
 
Em seguida, o Senior Fellow do Peterson Institute for International Economics (PIIE), em Washington, desde 2015, analisou a taxa de desemprego na Europa Ocidental, especialmente, dos países membros da União Europeia (UE). Em 1995, a maior taxa de desemprego da UE era da Espanha com 22,7%, enquanto, a menor taxa era de Luxemburgo com 2,8%.
 
No continental Brasil a projeção do índice de desemprego é de 9,5% da população economicamente ativa (PEA) em 2023, conforme o FMI. E a República Federativa do Brasil enfrenta um grave problema macroeconômico, o alto nível de desemprego, no atual 8,3% e com 9,0 milhões de desempregados nas cinco regiões do País, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Então, surge uma relevante questão: O que deve ser feito para reduzir o elevado desemprego no emergente Brasil?
 
O Brasil é a locomotiva da América Latina, é um dos 33 países-membros da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e com enormes condições para promover o crescimento econômico sustentado, porque tem excelente capacidade para produzir e exportar produtos agropecuários, minérios, vinhos, cachaças, aviões, calçados, automóveis e outros produtos industrializados para o resto do mundo.
 
Em pleno Capitalismo Informacional, muitos trabalhadores precisam investir na sua qualificação profissional e renegociar as dívidas no cartão de crédito, utilities (contas de água, luz e gás), telecomunicações, bancos e varejo, porque de 61,5 milhões de inadimplentes em fevereiro de 2021 subiu para 69,0 milhões em outubro de 2022 (SERASA). E diante das mudanças climáticas, muitas empresas necessitam elaborar projetos de economia verde, porque promovem a prosperidade, ou seja, uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 7%, e o pleno emprego, ou seja, uma taxa de desemprego abaixo de 6%, ao mesmo tempo, protegem o meio ambiente.
 
O Brasil mudou depois da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), da Grande Depressão (1929-1941), da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e da Grande Recessão (2007-2009). Em plena pandemia da COVID-19, infelizmente, o Brasil tem mais de 694 mil mortes; 11 milhões de pessoas analfabetas com mais de 15 anos; 100 milhões de pessoas não têm coleta de esgoto; um déficit habitacional de 5,8 milhões de moradias; além de brasileiros pagando mais de R$ 2,8 trilhões em tributos no ano de 2022.
 
Felizmente, o agronegócio produzirá uma safra recorde de grãos no ciclo 2022/23. E a energia solar já é a segunda principal fonte da matriz energética brasileira, com enorme potencial de crescimento de instalação de painéis solares em residências, prédios, universidades, indústrias, hotéis e propriedades rurais nas cinco regiões do País.
 
O que realmente importa é gerar empregos nos 26 estados e no Distrito Federal e são os investimentos privados que geram novos empregos. E os desafios do Brasil são enormes em 2023, que começou com os mesmos problemas do ano de 2022 como a pandemia da COVID-19, a Guerra na Ucrânia, os preços elevados dos alimentos, combustíveis e passagens aéreas, a alta inflação, a elevada inadimplência, a baixa produtividade, a elevada dívida pública e a desaceleração econômica da China, dos EUA e da UE.
 
As projeções macroeconômicas do PIB para o Brasil no ano de 2023 são preocupantes. Em outubro de 2022, “a projeção do FMI para o PIB de 2023 aponta para crescimento de 1%”, de acordo com o site oficial do antigo Ministério da Economia (2022), agora, Ministério da Fazenda. E o último Relatório de Mercado Focus de 2022 e divulgado em 2 de janeiro de 2023, a projeção macroeconômica do Banco Central do Brasil (BCB) é de uma taxa de crescimento do PIB brasileiro de 0,80% em 2023.
 
São grandes as chances do PIB brasileiro crescer mais do que 0,80% em 2023. Todavia, não é descartada a possibilidade do país entrar em recessão no ano de 2023. Não vai ser nada fácil a vida financeira do povo brasileiro com tantas mudanças, tantas incertezas. Logo, precisamos trabalhar mais, empreender mais, de menos tributos (92) e menos juros (a maior taxa de juros reais do mundo) para aumentar o consumo das famílias.
 
Em suma, em plena Quarta Revolução Industrial, o melhor caminho para a geração de emprego é o crescimento econômico robusto. Portanto, a diminuição da taxa de desemprego está ligada ao aumento da taxa de crescimento do PIB do País. E a palavra-chave para o Brasil nos próximos quatro anos é a prosperidade.
 
REFERÊNCIAS
BCB. Relatório de Mercado Focus. Disponível em: file:///C:/Users/Ykalo/Downloads/R20221230%20(1).pdf. Acesso em: 02 jan. 2023.
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
FOLHA DE SÃO PAULO. Brasil deve crescer abaixo da média do mundo e de países em desenvolvimento, diz FMI. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/10/brasil-deve-crescer-abaixo-da-media-do-mundo-e-de-paises-em-desenvolvimento-diz-fmi.shtml. Acesso em: 02 jan. 2023.
MINISTÉRIO DA ECONOMIA. FMI amplia projeção do crescimento do PIB brasileiro para 2,8% em 2022. Disponível em: https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/noticias/2022/outubro/fmi-amplia-projecao-do-crescimento-do-pib-brasileiro-para-2-8-em-2022#:~:text=proje%C3%A7%C3%B5es-,FMI%20amplia%20proje%C3%A7%C3%A3o%20do%20crescimento%20do,para%202%2C8%25%20em%202022&text=O%20Fundo%20Monet%C3%A1rio%20Internacional%20(FMI,na%20estimativa%20anterior%2C%20de%20julho. Acesso em: 02 jan. 2023.
SERASA. Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas: Outubro/2022. Disponível em: https://cdn.builder.io/o/assets%2Fb212bb18f00a40869a6cd42f77cbeefc%2F5285cd9ed8d34750a517870fbd850c2e?alt=media&token=a9d1f515-f8e1-4b35-a995-d2e075bf2d85&apiKey=b212bb18f00a40869a6cd42f77cbeefc. Acesso em: 05 jan. 2023.
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