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11/01/2023 às 07h54min - Atualizada em 11/01/2023 às 07h52min

Índia e Brasil: Duas grandes economias emergentes

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Jr.

Paulo Galvão Jr.

Economista, escritor, palestrante, professor de Economia no UNIESP, autor de 12 eBooks de Economia pela Editora UNIESP e Conselheiro do CORECON-PB.

www.g20.in.
O Brasil é o quinto maior país do mundo e a Índia é o sétimo país em extensão territorial. A Índia está bem perto de se tornar a nação mais populosa do mundo, com uma população total de 1,43 bilhão de habitantes, de acordo com as estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) e o Brasil já é a sétima nação mais populosa do planeta, com uma população de 215,8 milhões de pessoas.
 
A Índia e o Brasil são duas grandes economias emergentes e são países membros do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) desde 2009 e do Grupo dos Vinte (G20) desde 1999. A Índia já se encontra na presidência do G20 desde 1 de dezembro de 2022 e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi será o líder anfitrião da 18ª Cúpula do G20 que acontecerá nos dias 9 e 10 de setembro de 2023, na cidade de Nova Delhi, capital da Índia.
 
Atualmente, a Índia é o quinto país mais rico do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal de US$ 3,534 trilhões em 2022, atrás apenas dos Estados Unidos, China, Japão e Alemanha, segundo as estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI). E o Brasil é a décima maior economia do planeta, com um PIB de US$ 1,833 trilhão.
 
A Índia é o quinto maior parceiro nas importações brasileiras, atrás apenas da China, Estados Unidos, Argentina e Alemanha (G1 ECONOMIA (a), 2023). Em 2003, as relações comerciais entre o sul-americano Brasil e a asiática Índia alcançaram US$ 300 milhões, depois aumentaram para US$ 7,5 bilhões em 2008, posteriormente, subiram para US$ 11,5 bilhões em 2021. Mas, o comércio bilateral entre os dois países emergentes chegará a US$ 30 bilhões em 2030.
 
Desde 2003 a Câmara de Comércio Índia-Brasil (CCIB), localizada em Belo Horizonte, é fundamental para fomentar e aumentar as relações comerciais entre a 5ª e a 10ª maior economia mundial. E a República Federativa do Brasil exportou US$ 4,7 bilhões para a República da Índia e as importações brasileiras somaram US$ 6,7 bilhões, gerando um déficit comercial de US$ 2,0 bilhões em 2021.
 
É preciso destacar que as exportações brasileiras somaram US$ 335,0 bilhões no ano de 2022, enquanto, as importações chegaram a US$ 272,7 bilhões, provocando um superávit comercial de US$ 62,3 bilhões em 2022, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
 
Conforme a SECEX, em 2010, a balança comercial brasileira registrou um superávit comercial de US$ 17,1 bilhões, crescendo para US$ 62,3 bilhões em 2022, ou seja, um aumento extraordinário de US$ 45,2 bilhões nos últimos 13 anos e um crescimento relativo de 264,3% (G1 ECONOMIA (b), 2022).
 
Entre os seis principais produtos exportados do Brasil no ano de 2022, destacam-se três produtos agropecuários, a soja (1º lugar), o milho (5º lugar) e a carne bovina (6º lugar). Para Índia, país de maioria hindu, não exportamos nem exportaremos a carne bovina fresca, refrigerada ou congelada, pois a vaca é um animal sagrado na milenar Índia. Sim, podemos exportar mais soja e milho nos próximos quatro anos, além de suco de laranja concentrado e congelado, carne de frango congelada, maçã e uva.
 
É preciso ressaltar que o Brasil foi o quarto maior produtor mundial de grãos em 2021, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Com destaque para a posição do Brasil e da Índia na produção mundial de soja (1º lugar e 5º lugar), de açúcar (1º lugar e 2º lugar), de café (1º lugar e 6º lugar), de milho (3º lugar e 6º lugar), de feijão (3º lugar e 2º lugar), de frutas (3º lugar e 2º lugar), de carne de frango (3º lugar e 5º lugar), de algodão (5º lugar e 2º lugar), de arroz (9º lugar e 2º lugar), de pescado (21º lugar e 2º lugar) e de trigo (23º lugar e 2º lugar), conforme a EMBRAPA.
 
Já entre os seis principais bens importados pelo Brasil em 2022, destacam-se dois produtos importados também da Índia, os adubos ou fertilizantes químicos (1º lugar) e medicamentos e produtos farmacêuticos, exceto veterinários (6º lugar). Podemos importar mais fios têxteis, iPhones, equipamentos eletrônicos e equipamentos de transporte Made in India, além de software para a Indústria 4.0.
 
A Índia é uma potência industrial e tecnológica, líder global em Tecnologia da Informação (TI) e “(...) a Índia é o terceiro melhor ecossistema para startups. Temos cerca de 80.000 startups. Desenvolvemos 106 unicórnios, seu valor é de cerca de US$ 340 bilhões”, disse o Sherpa Amitabh Kant da Índia no G20 (DECCAN HERALD NEWS, 2023). E as startups unicórnios indianas poderão impulsionar a economia mundial com soluções digitais de ponta.
 
A Índia é o novo eldorado econômico, é a economia que mais cresce nas nações do G20 desde 2014, com crescimento médio do PIB indiano de 7% ao ano. A taxa de crescimento do PIB foi de 6,8% em 2022 e uma previsão econômica de 6,0% para 2023, as estimativas do FMI. E a Índia se tornará uma economia de US$ 10 trilhões até 2035, devido aos elevados Investimentos Externos Diretos (IEDs) no país do sul da Ásia, que registrou US$ 83,5 bilhões em 2021, sendo destino preferido dos investidores globais.
 
Os 19 países membros do G20 representam 80% do PIB mundial, 75% do comércio internacional e 60% da população mundial em 2021. E a Índia já adotou a logo da 18ª Cúpula do G20, o tema é One Earth, One Family, One Future (em português, Uma Terra, Uma Família, Um Futuro) e o site oficial é www.g20.in. E o G20 não tem sede própria e “O Grupo não tem um secretariado permanente. A Presidência é apoiada pela Troika – Presidência anterior, atual e futura. Durante a Presidência da Índia, a Troika será composta pela Indonésia, Índia e Brasil, respectivamente” (G20, 2022).
 
A Índia e o Brasil são duas ex-colônias europeias, duas nações em desenvolvimento e as duas maiores democracias do mundo. De acordo com Karin Costa Vazquez (2019, p. 163), “Durante os 70 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Índia foram assinados 55 acordos bilaterais sobre comércio, além da criação de um fundo para a Índia, Brasil, África do Sul (IBAS), para combater a pobreza, dentre outras áreas”.
 
Infelizmente, a Índia tem 600 milhões de pobres, ou seja, 2,8 vezes mais do que a população total do Brasil. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Índia é médio, com IDH de 0,633 em 2021, sendo a esperança de vida ao nascer de 67,2 anos, os anos de estudo de 6,7 anos, os anos esperados de escolaridade de 11,9 anos e a Renda Nacional Bruta (RNB) per capita de US$ 6.530 PPC (paridade de poder de compra).
 
Hong Kong, Singapura e Japão são os três melhores IDHs do continente asiático e China, Japão e Índia são as três maiores economias da Ásia. Desde 16 de maio de 2014, o primeiro-ministro Narendra Modi, membro do partido nacionalista hindu Bharatiya Janata Party (BJP), já inaugurou diversas obras de infraestrutura nos 29 estados federais indianos e sete territórios da União como rodovias, ferrovias, metrôs, aeroportos, portos, torres de transmissão de energia elétrica, energia solar, pontes e reatores nucleares, além de implantar o programa Make in India (em português, Faça na Índia).
 
A moeda oficial é a rúpia indiana e os dois idiomas oficiais são hindu e inglês. Mas, em Goa, o menor dos 29 estados federais indianos, o mais rico PIB per capita e o quarto menor em população, com cerca de 1,6 milhão de habitantes, é possível encontrar uma pequena sociedade lusófona, conversar na língua portuguesa, comer castanha-de-caju, jogar futebol e tomar banho de mar em lindas praias.
 
Por fim, vale ressaltar que as relações diplomáticas entre o secular Brasil e a milenar Índia ocorrem desde 6 de abril de 1948. São os dois maiores produtores de medicamentos genéricos do planeta e os dois maiores rebanhos bovinos do mundo. Enfim, juntas a Índia e o Brasil no G20 e no BRICS para acelerar as parcerias para alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030 e para combater o terrorismo, as mudanças climáticas, a fome e a desigualdade.
 
REFERÊNCIAS
CÂMARA DE COMÉRCIO ÍNDIA-BRASIL. Relação bilateral. Disponível em: https://www.indiabrazilchamber.org/relacao-india-brasil. Acesso em: 8 jan. 2023.
DECCAN HERALD NEWS. Principal prioridade de engajamento de startups sob a presidência do G20 na Índia. Disponível em: https://www.deccanherald.com/national/startup-engagement-key-priority-under-g20-india-presidency-1179484.html. Acesso em: 10 jan. 2023.
EMBRAPA. O Agro no Brasil e no mundo: Um panorama do período de 2000 a 2021. Disponível em: file:///C:/Users/Ykalo/Downloads/098fc6c1-a4b4-7150-fad7-aaa026c94a40.pdf. Acesso em: 10 jan. 2023.
G1 ECONOMIA (a). Balança comercial: veja ranking dos principais parceiros do Brasil em 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/01/04/balanca-comercial-veja-ranking-dos-principais-parceiros-do-brasil-em-2021.ghtml. Acesso em: 11 jan. 2023.
G1 ECONOMIA (b). Balança comercial tem superávit recorde de US$ 62,3 bilhões em 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/01/02/balanca-comercial-tem-superavit-recorde-de-us-623-bilhoes-em-2022.ghtml. Acesso em: 8 jan. 2023.
G20. Como funciona o G20. Disponível em: https://www.g20.org/en/about-g20/#overview. Acesso em: 8 jan. 2023.
PNUD. The Human Development Report 2021/2022. Disponível em: https://hdr.undp.org/system/files/documents/global-report-document/hdr2021-22pdf_1.pdf. Acesso em: 8 jan. 2023.
VAZQUEZ, Karin Costa (Org.). Relações Brasil-Índia: além dos 70 anos. Disponível em: file:///C:/Users/Ykalo/Downloads/relacoes_brasil-india__alem_dos_70_anos.pdf. Acesso em: 9 jan. 2023.
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