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16/03/2023 às 12h02min - Atualizada em 16/03/2023 às 11h59min

A taxa SELIC cairá, subirá ou permanecerá estável na próxima reunião do COPOM?

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Jr.

Paulo Galvão Jr.

Economista, escritor, palestrante, professor de Economia no UNIESP, autor de 12 eBooks de Economia pela Editora UNIESP e Conselheiro do CORECON-PB.

Fonte: Jaqueline Moura.
Os investidores brasileiros e estrangeiros estão aguardando ansiosos pela nova taxa de juros nominal do Brasil, o décimo segundo país mais rico do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal de US$ 1,92 trilhão em 2022. E a nova taxa SELIC será estabelecida em 21 e 22 de março de 2023 pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central do Brasil (BACEN), em Brasília.
 
Atualmente, a taxa Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) é de 13,75% ao ano, é a taxa básica de juros do País. E as piores projeções são de aumento para no máximo 14,00% ao ano. Assim, o BACEN continuará em sua política monetária contracionista. E a taxa SELIC serve como base para o cálculo das taxas de juros das diferentes modalidades de crédito oferecidas pelos bancos e demais instituições financeiras do Brasil. A cada 45 dias o COPOM se reúne em Brasília para definir pela manutenção, redução ou subida da taxa SELIC, sempre em direção do cumprimento da meta de inflação (sendo 3,25% ao ano em 2023), que foi fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
 
A taxa SELIC alta causa enorme impacto nos três setores da economia brasileira. Em 05 de agosto de 2022, a taxa SELIC era de 2,00% ao ano crescendo para 13,75% ao ano em 1 de fevereiro de 2023, revelando um aperto monetário de 11,75% ao ano. Portanto, surge uma relevante pergunta: A taxa SELIC cairá, subirá ou permanecerá estável na próxima reunião do COPOM?
 
Ainda ocorrerão mais sete reuniões do COPOM até o final do ano de 2023, nos dias 21 e 22 de março, 2 e 3 de maio, 20 e 21 de junho, 1 e 2 de agosto, 19 e 20 de setembro, 31 de outubro e 1 de novembro e, finalmente, em 12 e 13 de dezembro de 2023. E a política monetária restritiva é adotada pelo presidente do BACEN, o economista Roberto Campos Neto, para tentar controlar a inflação, mensurada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
Os agentes econômicos privados estão sofrendo com uma taxa de inflação acumulada nos últimos 12 meses de 5,60% em fevereiro de 2023, com o grupo de alimentos e bebidas sendo um dos mais afetados pelo aumento de preços. E o aumento da inflação prejudica o poder de compra das famílias e retrai o consumo de bens e serviços, e, consequentemente, diminuiu a produção e as vendas das empresas em diversos segmentos da economia brasileira.
 
No último Boletim Focus do BACEN, as projeções econômicas são que a taxa de inflação chegará ao final de dezembro de 2023 a 5,96% ao ano, a taxa de câmbio alcançará R$ 5,25, a taxa SELIC encerrará em 12,75% ao ano e, por fim, a taxa de crescimento do PIB brasileiro atingirá apenas 0,89% em 2023.
 
Atualmente, o Brasil é o vice-campeão mundial na taxa de juros nominais, com 13,75% ao ano. E a Argentina é a campeã do mundo com a taxa de 75,00% ao ano. E o Brasil continua a ter a maior taxa de juros reais (taxa de juros nominal descontada a taxa de inflação) do planeta, em uma relevante lista com 40 economias, conforme a Infinity Asset Management, que indica que a taxa de juros reais em 7,38% ao ano, em segundo lugar, o México, com 5,53%.
 
A recente crise bancária nos EUA, com a falência do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank, e posteriormente, os sérios problemas bancários do Credit Suisse, na Suíça, estão impactando negativamente as bolsas de valores pelo mundo. E no Brasil, são preocupantes o crescimento dos pedidos de recuperações judiciais e de falências de empresas privadas, porque poderão desencadear movimentos de pessimismo no Índice de Confiança Empresarial (ICE) em março de 2023, além do crescimento do número de pessoas inadimplentes nas cinco regiões do País, baixando também o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), ambos índices medidos pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
 
Recentemente, o Banco Central Europeu (BCE), localizado na Alemanha e liderado pela advogada francesa Christine Lagarde, decidiu aumentar as taxas de juros em 0,5 ponto percentual na Zona do Euro, apesar da turbulência bancária mundial, e ao mesmo tempo, muito preocupado com as taxas de inflação de 20 dos 27 países membros da União Europeia (UE).
 
Em suma, esta breve análise tenta revelar a importância da nova taxa SELIC, a ser definida nos dias 21 e 22 de março, e, posteriormente, ocorrerá à divulgação da Ata do COPOM, com seis dias consecutivos, ou seja, no dia 28 de março de 2023. Logo, será a sexta vez seguida da taxa SELIC estável de 13,75% ao ano? Faço votos que não! Pois uma queda de 0,25 ponto percentual levaria a taxa SELIC para 13,50% ao ano e uma tendência de queda da taxa SELIC provocaria um cenário mais otimista, uma trajetória de aceleração da economia brasileira. Do contrário, a desaceleração aumenta e o Brasil caminha para uma recessão econômica, gerando mais falência, mais desemprego, mais inadimplência.
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