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03/10/2024 às 15h23min - Atualizada em 03/10/2024 às 15h18min

O ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO DO G20

PAULO GALVÃO JÚNIOR (*)

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, autor de 17 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Fonte: G20 BRASIL 2024.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), criado pelos economistas asiáticos Mahbub ul Haq e Amartya Sen, foi adotado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Desde 1990, o PNUD divulga anualmente o Relatório de Desenvolvimento Humano, que avalia o desenvolvimento humano dos países em cinco continentes.
 
De acordo com a definição do PNUD, o IDH é uma medida composta por três dimensões do desenvolvimento humano: saúde (expectativa de vida ao nascer), educação (média de anos de escolaridade e anos esperados de escolaridade) e renda (rendimento nacional bruto (RNB) per capita). Dessa forma, o IDH oferece uma visão mais ampla do desenvolvimento humano, contrapondo as métricas tradicionais como renda per capita ou Produto Interno Bruto (PIB).
 
O IDH do PNUD é classificado em quatro categorias, com base nos valores que variam de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido o país no âmbito de desenvolvimento humano. Cada país é mensurado pelo PNUD e é identificado em uma das quatro categorias de desenvolvimento humano: IDH muito alto (de 0,800 a 1), IDH alto (de 0,700 a 0,799), IDH médio (de 0,550 a 0,699) e IDH baixo (de 0 a 0,549).
 
No Relatório de Desenvolvimento Humano 2023/2024, do PNUD, entre 193 países analisados, foi constatado que a Suíça, o maior IDH do mundo e da Europa, com IDH de 0,967 em 2022. Enquanto, a Somália, o menor IDH do planeta e da África, com IDH de 0,380 no ano de 2022. É preciso ressaltar que o melhor IDH da América e da América do Norte é o Canadá, com o IDH de 0,936 em 2022. E o pior IDH da América e do Caribe é o Haiti, com IDH de 0,552, conforme o PNUD.
 
O ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO DO G20
 
No contexto do Grupo dos Vinte (G20), um grupo econômico que reúne as 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia (UE) e a União Africana (UA), o IDH fornece uma importante ferramenta para comparar o nível de desenvolvimento humano entre esses países desenvolvidos e emergentes, sendo um país da África, um país da Oceania, quatro países da América, cinco países da Europa e oito países da Ásia, de acordo com o PNUD.
 
Países com IDH muito alto apresentam elevada expectativa de vida ao nascer, nível de educação alto e RNB per capita alto. São, em sua maioria, países desenvolvidos, como Alemanha, Austrália, Reino Unido, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos, Japão, França e Itália. Com exceções os países emergentes, como Arábia Saudita, Turquia, Argentina e Rússia.
 
Países de IDH alto têm bons níveis de desenvolvimento humano, mas enfrentam alguns desafios em áreas como educação, saúde e distribuição de renda. Incluem vários países em desenvolvimento do G20, como China, México, Brasil e África do Sul.
 
Países com IDH médio estão em fase de transição, com níveis moderados de expectativa de vida ao nascer, educação e RNB per capita. Muitos são países em desenvolvimento no mundo, mas apenas um país emergente do G20, a Índia.
 
Países de IDH baixo abrangem os países com os maiores desafios socioeconômicos. Esses países pobres enfrentam baixa esperança de vida ao nascer, baixos níveis de escolaridade e RNB per capita baixo. Não existe país membro do G20 com IDH baixo, conforme a Tabela 1:
 
RANKING
DO G20
RANKING
MUNDIAL
PAÍS IDH
EM 2022
ALEMANHA 0,950
10º AUSTRÁLIA 0,946
15º REINO UNIDO 0,940
18º CANADÁ 0,936
19º COREIA DO SUL 0,929
20º ESTADOS UNIDOS 0,927
24º JAPÃO 0,920
28º FRANÇA 0,910
30º ITÁLIA 0,906
10º 40º ARÁBIA SAUDITA 0,875
11º 45º TURQUIA 0,855
12º 48º ARGENTINA 0,849
13º 56º RÚSSIA 0,821
14º 75º CHINA 0,788
15º 77º MÉXICO 0,781
16º 89º BRASIL 0,760
17º 110º ÁFRICA DO SUL 0,717
18º 112º INDONÉSIA 0,713
19º 134º ÍNDIA 0,644
Tabela 1. O IDH do G20 em 2022.
Fonte: PNUD.
 
Os valores do IDH do G20 variam de 0,950 na Alemanha até 0,644 na Índia, refletindo grandes diferenças nos níveis de saúde, educação e renda. Países como Alemanha, Austrália e Reino Unido estão entre os três maiores IDHs do G20, o que sugere uma população com altos níveis educacionais, um sistema de saúde eficaz e um RNB per capita elevado.
 
Por outro lado, países classificados como nação de desenvolvimento humano alto, como Indonésia (IDH de 0,713) e África do Sul (IDH de 0,717), ambas enfrentam desafios significativos em áreas cruciais, como acesso à educação, saúde e a persistente desigualdade econômica. A África do Sul, por exemplo, ainda luta contra a desigualdade econômica mais alta do planeta e um sistema educacional que carece de equidade e qualidade em muitas áreas rurais.
 
A Alemanha lidera o ranking do G20 em termos de desenvolvimento humano, com um IDH de 0,950, um reflexo de sua estabilidade econômica, sistemas educacionais e de saúde de qualidade. A Austrália segue de perto com 0,946, e o Reino Unido, com 0,940, também mantém uma posição destacada no G20.
 
Países como Canadá (0,936), Coreia do Sul (0,929), Estados Unidos (0,927), Japão (0,920), França (0,910) e Itália (0,906) também apresentam desenvolvimento humano muito alto. Esses países desenvolvidos são conhecidos por seu elevado investimento em educação de qualidade, além de sistemas de saúde eficientes, fatores que contribuem diretamente para seu IDH muito alto.
 
Quando se observa países emergentes como China (0,770), México (0,770), Brasil (0,760), África do Sul (0,717) e Indonésia (0,644), são nações de IDH alto, e que há desafios maiores no que diz respeito ao desenvolvimento humano. O Brasil, por exemplo, apesar de ser uma das dez maiores economias do G20, é o 16º colocado no ranking do G20, porque lida com disparidades educacionais, elevada desigualdade de renda e um sistema de saúde que enfrenta sérias dificuldades.
 
A Índia, o último colocado do ranking do G20, apesar de seu crescimento econômico robusto nos últimos dez anos, é a quinta maior economia do mundo, todavia, enfrenta um conjunto ainda maior de desafios socioeconômicos, com alta taxa de pobreza, níveis baixos de escolaridade e expectativa de vida ao nascer baixa em muitas cidades da zona rural indiana. Para a Índia é fundamental a busca pela redução da desigualdade econômica, pelo investimento contínuo em capital humano e por um crescimento econômico sustentável, que possa garantir melhorias no IDH para as próximas gerações.
 
O contraste entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento é evidente no G20. Economias desenvolvidas como a da Alemanha e Austrália estão bem à frente em termos de desenvolvimento humano, enquanto as economias emergentes como Índia e Indonésia lutam para equilibrar crescimento econômico com melhoria na qualidade de vida.
 
Entre os países emergentes do G20, destacam-se a Arábia Saudita (IDH de 0,875), Turquia (IDH de 0,875), Argentina (IDH de 0,849) e Rússia (IDH de 0,821), classificados como países de desenvolvimento humano muito alto, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2023/2024. Esses quatro países emergentes apresentam resultados positivos em áreas como educação, esperança de vida ao nascer e RNB per capita, o que os coloca em posição de destaque entre as economias em desenvolvimento do G20.
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A XIX Cúpula do G20 sob a presidência rotativa do Brasil irá acontecer entre 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro, no Museu de Arte Moderna (MAM). É fundamental analisar o IDH das 19 nações integrantes do G20, no Rio, sob a decisão conjunta da troika formada por Índia, que presidiu a XVIII Cúpula do G20 em 2023, Brasil, e África do Sul, que presidirá a XX Cúpula do G20 em 2025.
 
O IDH do G20 oferece uma visão clara das desigualdades no desenvolvimento humano entre as 19 maiores economias do mundo. Enquanto países como Alemanha, Austrália, Reino Unido e Canadá lideram com de IDH muito alto, refletindo investimentos eficazes em capital humano, países como Índia, Indonésia, África do Sul e Brasil apresentam desafios substanciais no desenvolvimento humano.
 
Finalizando, esses dados do PNUD reforçam a importância de políticas públicas eficientes e investimentos privados eficazes que priorizem a educação e saúde de qualidade e a redução da desigualdade econômica para promover o desenvolvimento humano. A comparação entre as economias desenvolvidas e emergentes no G20 sugere que, apesar de estarem no mesmo grupo econômico, os caminhos para o desenvolvimento humano muito alto variam drasticamente entre esses 19 países em plena Quarta Revolução Industrial.
 
REFERÊNCIA
 
PNUD. The Human Development Report 2023/2024. Disponível em: https://hdr.undp.org/system/files/documents/global-report-document/hdr2023-24reporten.pdf. Acesso em: 03 Out. 2024.
 
(*) Economista brasileiro e autor do e-book “A Importância do Canadá no G7 e G20”: https://paulogalvaojunior.com.br/canada/. WhatsApp: 55 (83) 98122-7221.
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