CONSIDERAÇÕES INICIAIS As mudanças climáticas estão impactando a humanidade de maneira preocupante, exigindo uma ação urgente para combater o aquecimento global. Na 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 29), em Baku, no Azerbaijão, líderes de 195 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) estão reunidos para estabelecer diretrizes com o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C até o final do século XXI.
As mudanças climáticas é uma das mais prementes questões do século XXI, e representa um desafio global com consequências abrangentes para o meio ambiente, a economia e a vida humana. O aumento das temperaturas, elevação do nível dos oceanos, incêndios florestais, enchentes, secas, ondas de calor, furacões, tornados e a perda de biodiversidade são apenas alguns dos efeitos visíveis do aquecimento global.
Embora sinais de alerta tenham surgido desde o século XX, o agravamento das condições climáticas nos últimos dois anos exige uma análise crítica sobre as respostas e compromissos globais no Acordo de Paris.
AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO MUNDO As mudanças climáticas são causadas, em grande parte, pela intensificação e emissão de gases de efeito estufa (GEE), principalmente dióxido de carbono (CO₂) e metano (CH₄), resultantes da queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão), desmatamento e queimadas de florestas, entre outras atividades humanas que destroem o meio ambiente.
As concentrações desses gases na atmosfera contribuem para o aquecimento global e provocando alterações climáticas severas. Cientistas em todo o mundo alertam que limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, conforme estabelecido no Acordo de Paris, de 2015, é essencial para evitar os piores impactos. No entanto, as metas de redução de emissões de GEE enfrentam barreiras políticas, econômicas e sociais.
A transição para uma economia de baixo carbono demanda mudanças estruturais na produção e no consumo de energia. Contudo, muitos países ainda dependem intensamente de combustíveis fósseis, como petróleo, gás natural e carvão.
Países desenvolvidos e emergentes, apesar dos compromissos declarados, frequentemente, falham em converter metas em ações eficazes. O Brasil, por exemplo, enfrenta pressões para conter o desmatamento e a queimada da Amazônia, enquanto lida com desafios econômicos e interesses conflitantes na exploração de recursos naturais. Em países desenvolvidos, certos setores ainda resistem à transição verde, especialmente em áreas com alta produção de carvão, gás e petróleo.
Os impactos das mudanças climáticas são sentidos de forma desigual. Nações pobres, com menor responsabilidade histórica nas emissões de GEE, sofrem desproporcionalmente com eventos climáticos extremos, como secas, enchentes e furacões, que comprometem a infraestrutura do país e a segurança alimentar da sua pequena população.
Essa situação preocupante levanta a questão da justiça climática, pois as nações ricas possuem recursos financeiros para mitigar e se adaptar aos impactos, as nações mais vulneráveis enfrentam limitações. A adaptação às mudanças climáticas, se mal conduzida, pode inclusive agravar desigualdades sociais.
OS PRINCIPAIS IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO PLANETA Nos últimos dois anos, as mudanças climáticas têm provocado uma série de impactos em diversas regiões do planeta. Entre os principais efeitos, destacam-se a seca severa na Amazônia e os incêndios florestais no Pantanal, além de inundações no Deserto do Saara e o derretimento de geleiras na Antártica, que deu origem a vegetação em áreas antes cobertas por gelo. Outros eventos extremos incluem uma forte tempestade de granizo no deserto da Arábia Saudita, enchentes em vários países, como na Líbia, no Brasil e na Espanha, além de tempestades no Brasil e furacões nos Estados Unidos. Mais recentemente, o avanço do mar atingiu o litoral norte da Paraíba.
A seca extrema na Amazônia afeta mais de 420 mil crianças em comunidades indígenas no Brasil, Peru e Colômbia, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). A maior floresta tropical do mundo vem sofrendo muito com as mudanças climáticas, e os rios mais longos e volumosos do planeta, estão secando rapidamente, e, sobretudo, prejudicando várias atividades econômicas que dependem exclusivamente da água, como a pesca, a aquicultura e a agricultura.
Os incêndios florestais no Pantanal, na região Centro-Oeste do Brasil, devido à seca extrema, destruíram cerca de 2,3 milhões de hectares da maior planície alagada do mundo. Os incêndios provocaram mortes de inúmeros animais, a destruição de milhões de hectares de vegetação típica do Pantanal, o crescimento de problemas respiratórios nas comunidades e cidades, o enorme prejuízo no ecoturismo das cidades que divulgam o belíssimo Pantanal no Brasil e no mundo, além de enormes prejuízos para os pecuaristas e os agricultores que exercem suas atividades econômicas legais.
As chuvas alagaram o Deserto do Saara, em 15 de outubro de 2024. As fortes chuvas no sudeste de Marrocos, norte da África, provocaram alagação em vários trechos do maior deserto quente do planeta. É preciso revelar que o Deserto do Saara abrange 12 países africanos e é um dos lugares mais áridos do mundo.
Com o aquecimento global, várias e enormes plataformas de gelo da Antártica, um dos seis continentes da Terra e o mais frio do planeta, elas estão se derretendo a cada dia, pelo calor extremo. E surgindo uma vegetação com plantas e tomando o lugar do gelo.
Na Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, uma tempestade de granizo atingiu a região de Al-Jawf, próxima à fronteira com a Jordânia, onde as temperaturas geralmente ultrapassam 30°C durante o dia.
Em 12 de setembro de 2023, a tempestade Daniel atingiu a Líbia, no norte da África, causando enchentes e o rompimento de duas barragens que devastaram a cidade de Derna e resultaram em mais de cinco mil mortes.
As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em fim de abril e início de maio de 2024 resultaram em 183 mortes e deixaram 27 pessoas desaparecidas. Os prejuízos econômicos foram estimados em R$ 4,6 bilhões, com impactos significativos em 478 municípios gaúchos.
Entre 29 e 31 de outubro de 2024, enchentes devastaram a Comunidade Valenciana, na Espanha, resultando em 217 mortes e aproximadamente 2.000 pessoas desaparecidas, configurando o pior desastre natural nos últimos 50 anos. A cena é desoladora, com veículos empilhados nas ruas da cidade de Valência, árvores e placas de trânsito arrancadas pela força das correntezas e milhares de residências sem eletricidade e acesso à internet. Esses impactos foram causados por uma DANA (
Depresión Aislada en Niveles Altos, ou depressão isolada em níveis altos), fenômeno meteorológico extremo que intensificou as chuvas na costa leste da Espanha, banhada pelo Mar Mediterrâneo.
Nos Estados Unidos, o país mais rico do mundo, os furacões Helene e Milton causaram mortes e destruição, com prejuízos econômicos estimados em US$ 50 bilhões por tempestade. O furacão Helene deixou 224 mortos, enquanto o furacão Milton provocou 16 mortes. Ambos os fenômenos deixaram milhões de pessoas sem eletricidade em suas residências.
As tempestades com rajadas de vento em São Paulo, que alcançaram 107 km/h no dia 11 de outubro de 2024, provocaram interrupção no fornecimento de energia elétrica em mais de 68 mil imóveis. A poluição atmosférica em São Paulo é muito grave também. Recentemente, em 9 de setembro de 2024, a cidade de São Paulo foi eleita a cidade com o ar mais poluído do mundo, conforme o Índice de Qualidade do Ar, do instituto suíço IQAir. Hoje, a cidade de Lahore, no Paquistão, encontra-se em primeiro lugar no ranking mundial de pior qualidade do ar.
O ex-vereador da capital paulista, médico, ambientalista e ex-secretário executivo da Secretaria de Mudanças Climáticas da cidade de São Paulo, Gilberto Natalini enfatizou sobre as mudanças do clima: “Agora, o mundo, o Brasil e São Paulo não estão preparados para isso. Os fenômenos são rápidos e a reação da sociedade é muito lenta. Nós não estamos mudando nossos hábitos. Se nós continuarmos assim, vamos entrar naquilo que o Secretário da ONU chamou de colapso climático, se continuarmos “dormindo em berço esplêndido”.
O ambientalista e ex-secretário Gilberto Natalini, em setembro de 2023, revelou que, “(...) foram entregues os primeiros 50 ônibus elétricos e até o final do ano serão mais 600 e até o final do ano que vem mais 2.000 ônibus. Isso faz parte de uma ação importante para diminuir a missão de gases do efeito estufa e diminuir a emissão de poluentes, que são o produto da queima o óleo diesel dos ônibus, que é o principal fato de poluição da cidade”. Com certeza, mais ônibus elétricos, carros elétricos, motos elétricas, trens elétricos e mais pessoas usando bicicletas e bicicletas elétricas nas ciclovias das cidades brasileiras são bem-vindas para combater o aquecimento global.
Recentemente, no Nordeste do Brasil, na Paraíba, o município de Baía da Traição declarou estado de calamidade pública devido ao avanço do mar, que derrubou 20 casas e avança em média 6 metros por ano. A comunidade indígena Potiguara corre o risco de ficar sem água potável devido à proximidade entre o Oceano Atlântico e o Rio Sinimbu, que abastece o município paraibano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Finalizando, as políticas climáticas atuais enfrentam uma severa crítica, como a falta de compromisso e ação concreta contra o aquecimento global. Embora os acordos internacionais representem um avanço, eles são insuficientes se não forem acompanhados de um engajamento coletivo e de uma mudança nos padrões de produção e consumo, antes, durante e depois da COP29.
A próxima COP30 será na cidade de Belém, no estado do Pará, no Brasil, nos dias 10 a 21 de novembro de 2025. Logo, a promoção da justiça climática e a transição para uma economia verde devem ser prioritárias nos países desenvolvidos, nos países em desenvolvimento e nas nações pobres, nos cinco continentes.
Em suma, as mudanças climáticas transcendem fronteiras, ideologias e interesses econômicos e financeiros, e suas graves consequências já não podem ser ignoradas. A urgência para agir nunca foi tão grande, e os custos da inação tornam-se cada vez mais caros. Lindos discursos e poucas ações concretas para combater as mudanças climáticas no mundo.
Enfim, eu estou morando na cidade que tem o ar mais puro do Brasil (empatada com Natal) e ao mesmo tempo ressaltando e concordando com o pensamento do empresário e ambientalista canadense Maurice Strong (1929-2015), “A sobrevivência da humanidade depende de nossa capacidade de lidar com a crise que as ações humanas estão causando no meio ambiente”.
(1) Economista brasileiro, apresentador do Programa Economia em Alta, escritor paraibano, palestrante, conselheiro efetivo do CORECON-PB, diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, eleito Professor Destaque nos semestres 2016.1, 2017.1, 2017.2, 2018.2 e 2021.2 no UNIESP, eleito Economista do Ano de 2019 e Professor de Economia do Ano de 2023 pelo CORECON-PB e autor de 341 artigos de Economia e de 18 e-books de Economia, como “A Importância do Canadá no G7 e G20”: https://paulogalvaojunior.com.br/canada/ e “Investimentos no Agronegócio: Como investir em ativos financeiros no agro brasileiro?”: https://clubedeautores.com.br/livro/investimentos-no-agronegocio