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08/03/2025 às 13h11min - Atualizada em 08/03/2025 às 13h06min

As Mulheres Transformadoras na Economia

Paulo Galvão Júnior (1)

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, autor de 18 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Fonte: CORECON-BA.
Estimado(a) leitor(a) lusófono(a) do Portal North News, hoje, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, pretendo destacar o papel fundamental de onze economistas que romperam barreiras, influenciaram políticas públicas e construíram um legado para um mundo mais próspero, justo e inclusivo.
 
No Instagram, o Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA) presta uma linda e justa homenagem a onze mulheres que provaram que a Ciência Econômica se fortalece com a diversidade. Suas ricas trajetórias inspiram novas gerações a ocuparem espaços de decisão e liderança nos Estados Unidos da América (EUA), na Inglaterra, no Brasil, na África e no mundo.
 
As onze economistas selecionadas pelo Corecon-BA, presidido pela economista Isabel Ribeiro, são referências globais por suas valiosas contribuições em diversas áreas da Economia: Elinor Ostrom, Esther Duflo, Claudia Goldin, Joan Robinson, Janet Yellen, Carmen Reinhart, Mariana Mazzucato, Maria da Conceição Tavares, Tânia Bacelar, Deirdre McCloskey e Dambisa Moyo. Hoje, conheça um pouco mais sobre cada uma delas:
 
1. Elinor Ostrom (1933-2012): A Primeira Mulher Nobel de Economia
 
A economista norte-americana Elinor Ostrom fez História ao nascer em Los Angeles, em 1933, em plena Grande Depressão, se tornar a primeira mulher da sua família a ir para a universidade, e, sobretudo, a primeira mulher a receber o Prêmio do Banco da Suécia em Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel em 2009, juntamente com Oliver Williamson. Foi professora universitária na Universidade da Califórnia e seu trabalho revolucionou a teoria dos bens comuns, demonstrando que comunidades locais podem gerir recursos compartilhados de forma eficiente e sustentável, sem a necessidade de regulamentação estatal ou privatização, mas com governança econômica. Seu livro Governing the Commons (1990) é uma obra de referência para estudos sobre gestão coletiva de recursos naturais.
 
2. Esther Duflo (1972-): A Economista do Combate à Pobreza Global
 
Economista francesa naturalizada americana, Esther Duflo foi a segunda mulher laureada com o Prêmio Nobel de Economia em 2019, compartilhado com economistas Abhijit Banerjee (seu marido) e Michael Kremer. Sua abordagem inovadora no uso de experimentos aleatórios (RCTs) revolucionou a avaliação de políticas públicas voltadas ao combate à pobreza. Seus estudos ajudaram a criar estratégias eficazes para educação, saúde e microcrédito em países em desenvolvimento. Ela é cofundadora e diretora do Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab e professora da Redução da Pobreza e Economia do Desenvolvimento no Massachusetts Institute of Technology (MIT).
 
3. Claudia Goldin (1946-): A Terceira Mulher Nobel de Economia
 
A terceira mulher vencedora do Prêmio Nobel de Economia no ano de 2023, a economista americana Claudia Goldin se destacou por sua análise da participação feminina no mercado de trabalho ao longo da História dos EUA. Suas pesquisas revelam como fatores culturais, educacionais e estruturais influenciam a desigualdade de gênero e os desafios que as mulheres enfrentam na busca por igualdade salarial. Ela é professora de Economia na Harvard University e autora da obra Understanding the Gender Gap: An Economic History of American Women (1990).
 
4. Joan Robinson (1903-1983): A Voz Crítica da Concorrência Perfeita
 
A economista inglesa Joan Robinson foi Professora da Universidade de Cambridge e uma das economistas mais influentes do século XX. Autora de The Economics of Imperfect Competition (1933), criticou a teoria da concorrência perfeita e trouxe contribuições para a análise econômica. Trabalhou ao lado do economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946) e tornou-se uma das grandes vozes femininas da economia heterodoxa.
 
5. Janet Yellen (1946-): A Primeira Mulher a Comandar o FED e o Tesouro dos EUA
 
A economista norte-americana Janet Yellen foi a primeira mulher a presidir o Federal Reserve (FED), o banco central dos EUA, de 2014 a 2018. Em 2021, tornou-se também a primeira Secretária do Tesouro dos EUA. Defensora de políticas monetárias que promovem o emprego e o crescimento econômico sustentável, Yellen é uma das mulheres mais influentes da economia global.
 
6. Carmen Reinhart (1955-): A Especialista em Crises Financeiras
 
A economista cubana e naturalizada americana Carmen Reinhart é uma referência mundial no estudo de crises financeiras e dívida pública. Seu livro This Time is Different: Eight Centuries of Financial Folly (2009), escrito em coautoria com Kenneth Rogoff, mostrou padrões recorrentes de crises econômicas ao longo da História da economia mundial. Seus estudos influenciam políticas econômicas em diversos países.
 
7. Mariana Mazzucato (1968-): A Defensora do Papel do Estado na Inovação
 
A economista ítalo-americana Mariana Mazzucato argumenta que o Estado desempenha um papel essencial na inovação e no desenvolvimento econômico. Em seu livro The Entrepreneurial State (2013), mostra como grandes avanços tecnológicos (como a internet) foram financiados por investimentos públicos. Ela defende um novo modelo de capitalismo mais inclusivo e sustentável, ela pensa na Economia da Inovação. Ela é professora de Economia da Inovação na University College London, é uma das economistas mais influentes do mundo, cuja missão é salvar o capitalismo de si mesmo.
 
8. Maria da Conceição Tavares (1930-2024): A Voz Crítica do Neoliberalismo no Brasil
 
Uma das mais influentes economistas do Brasil, a economista portuguesa Maria da Conceição Almeida Tavares adotou a cidadania brasileira em 1957, foi professora da UNICAMP e da UFRJ e deputada federal pelo estado do Rio de Janeiro. Crítica ferrenha do neoliberalismo no Brasil e grande defensora da industrialização como motor do desenvolvimento econômico do país. A sua obra prima intitulada Da Substituição de Importações ao Capitalismo Financeiro é de 1972. Em 2024, recebeu postumamente o título de Economista do Ano pelo Conselho Federal de Economia (COFECON), hoje, presidido pela primeira mulher após 73 anos de fundação do COFECON, a economista mineira Tânia Cristina Teixeira.
 
9. Tânia Bacelar (1947-): A Especialista em Desenvolvimento Regional
 
A economista pernambucana Tânia Bacelar de Araujo é uma das principais estudiosas do desenvolvimento regional e das desigualdades sociais no Brasil. Seus trabalhos são referência para políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico das cinco regiões do país, especialmente o Nordeste. A professora Tânia Bacelar é uma grande defensora do pensamento econômico de Celso Furtado (1920-2004), economista paraibano que lutou contra as desigualdades regionais e sociais do Brasil. Infelizmente, o estado da Paraíba tem o pior Índice de Gini do Brasil, com Coeficiente de Gini de 0,559 em 2023, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tânia Bacelar é professora aposentada da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), sendo também sócia da CEPLAN Consultoria Econômica e Planejamento, em Recife, desde 1996.
 
10. Deirdre McCloskey (1942-): A Economista da Humanomics
 
Com formação inicial na economia neoclássica, a economista americana Deirdre McCloskey propôs a Humanomics, uma abordagem que valoriza a ética, a cultura e a retórica na explicação do crescimento econômico. Sua trilogia The Bourgeois Era (2006-2016) argumenta que a ascensão da burguesia e a valorização da inovação foram fundamentais para o desenvolvimento econômico moderno. Ela é uma renomada professora de Economia e de História que defende a liberdade de comércio e o empreendedorismo para alcançar o progresso econômico.
 
11. Dambisa Moyo (1969-): A Voz Crítica da Ajuda Externa à África
 
A economista zambiana Dambisa Moyo ficou conhecida pelo livro Dead Aid (2009), onde critica a dependência da África de ajuda externa e propõe um modelo de desenvolvimento baseado no investimento privado e no comércio. Suas análises influenciam o debate global sobre crescimento sustentável e redução da pobreza no continente africano. Ela é a Baroness Dambisa Moyo of Knightsbridge of House of Lords Member in the United Kingdom (UK) desde 8 de novembro de 2022 e renomada escritora de análises macroeconômicas da economia mundial.
 
Finalizando, essas onze economistas inspiram o futuro da economia nos EUA, no Brasil, na Inglaterra, na África e no mundo. Cada uma, à sua maneira, desafiou paradigmas e trouxe novas perspectivas para a construção de um mundo mais próspero, justo, sustentável e inclusivo.
 
Parabéns as mulheres no Canadá, no Brasil, na CPLP e no mundo, Feliz Dia Internacional da Mulher! Parabéns as economistas, mulheres inteligentes que lutam por um mundo melhor para as atuais e futuras gerações, Happy International Women's Day! Bonne Journée Internationale de la Femme!
 
Referência
CORECON-BA. Mulheres Transformadoras: Na Economia. Disponível em: https://www.instagram.com/corecon_bahia/. Acesso em: 8 mar. 2025.
 
(1) Paulo Galvão Júnior é economista brasileiro. WhatsApp: +55 (83) 98122-7221.
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