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09/03/2025 às 07h03min - Atualizada em 09/03/2025 às 06h37min

Taxa de desemprego no Brasil sobe para 6,5% em janeiro de 2025

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, autor de 18 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Fonte: Portal North News.
Considerações Iniciais
 
Estimado(a) leitor(a) lusófono(a) do Portal North News, a taxa de desemprego é um indicador fundamental para medir a saúde econômica de um país. Após um período de queda contínua ao longo de 2024, os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam um aumento no desemprego no Brasil, que passou para 6,5% no trimestre encerrado em janeiro de 2025.
 
O crescimento do nível de emprego ocorreu após quatro anos de recuperação econômica, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu de 4,8% em 2021, 3,0% em 2022, 3,2% em 2023 e 3,4% em 2024, ou seja, uma taxa de crescimento econômico em média de 3,6% ao ano. Para contextualizar essa dinâmica, vale destacar que o Canadá registrou uma taxa de desemprego de 6,6% em janeiro de 2025, 0,1 ponto percentual superior à do Brasil. Como ambos os países integram o Grupo dos Vinte (G20), essa comparação é pertinente para entender como diferentes economias lidam com os desafios conjunturais e estruturais que impactam o mercado de trabalho cada vez mais complexo.
 
Principais Causas do Aumento do Desemprego no Brasil
 
Em 2024, a taxa de desemprego no Brasil caiu significativamente, impulsionada pelo crescimento econômico de 3,4%, totalizando um PIB de R$ 11,7 trilhões, pelo aumento das contratações formais, pelo fortalecimento do setor da construção civil, comércio e turismo, como também, pelo crescimento da economia informal. No trimestre novembro-dezembro-janeiro de 2024, o índice era de 7,6%, reduzindo-se para 6,2% no período agosto-setembro-outubro de 2024 – o menor nível desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, em 2012, do IBGE.
 
Entretanto, o trimestre novembro-dezembro-janeiro de 2025 apresentou um aumento de 0,3 ponto percentual, elevando o desemprego para 6,5%. Esse crescimento da taxa de desocupação no Brasil pode ser atribuído principalmente a três causas: i) Demissões sazonais no setor de indústria, comércio e turismo; ii) Aumento do salário mínimo e seus reflexos no mercado de trabalho; iii) Política monetária restritiva e seus efeitos sobre o nível de emprego; e iv) Diminuição nos contratos no setor público.
 
O fim das contratações temporárias para as festas de fim de ano resultou em um grande volume de desligamentos no setor de indústria, comércio e turismo. Embora essa flutuação seja esperada no início do ano, em 2025 o impacto foi mais severo devido ao elevado número de admissões temporárias no último trimestre de 2024.
 
O reajuste do salário mínimo, de R$ 1.412,00 em 2024 para R$ 1.518,00 no ano de 2025, ou seja, um aumento de R$ 106,00 (7,50%), beneficiou milhões de trabalhadores, mas também elevou os custos operacionais das empresas. Para reduzir despesas, muitas pessoas jurídicas optaram por ajustes no quadro de funcionários, especialmente em setores mais sensíveis à variação de custos trabalhistas.
 
O Banco Central do Brasil (BACEN) manteve a taxa Selic em 13,25% ao ano para conter a inflação, o que, por sua vez, desacelerou o crescimento econômico e impactou negativamente o mercado de trabalho nas cinco regiões do país. Além disso, uma diminuição nos contratos no setor público, devido as mudanças das administrações municipais.
 
Apesar do aumento recente, a taxa de desemprego ainda permanece abaixo da registrada no mesmo período de 2024 (7,4%), e a média anual de 2024 foi de 6,6%, a mais baixa já registrada pela PNAD Contínua do IBGE. Para efeito de comparação global, segundo dados do Trading Economics, a África do Sul lidera o G20 com a maior taxa de desemprego (31,9%), enquanto a Coreia do Sul apresenta a menor (2,9%), ambas referentes a dezembro de 2024.
 
Perspectivas e Desafios no Mercado de Trabalho para 2025
 
Atualmente, 7,2 milhões de brasileiros estão desempregados, segundo o IBGE. A tendência para os próximos meses dependerá de fatores internos e externos que podem afetar o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, cada vez mais globalizado. É preciso observar atentamente o número atual da população desalentada (3,2 milhões de pessoas), o número de trabalhadores informais (39,5 milhões de pessoas) e o contingente de trabalhadores por conta própria (25,8 milhões de pessoas).
 
Entre os desafios mais urgentes para 2025, destacam-se: i) Desaceleração da economia brasileira, que pode limitar a geração de empregos formais em várias atividades econômicas; ii) Guerra comercial iniciada pelo presidente americano Donald Trump, com tarifas protecionistas impostas contra o Canadá, México, China e Brasil; iii) Altas taxas de juros reais (9,18%), a mais elevada do mundo, dificultando investimentos produtivos e encarecendo o consumo das famílias; e iv) Impactos das mudanças climáticas, que afetam segmentos econômicos estratégicos, como agronegócio e turismo.
 
Considerações Finais
 
A elevação da taxa de desemprego para 6,5% em janeiro de 2025 é um alerta para a necessidade de políticas públicas eficazes que equilibrem o controle da inflação com o estímulo ao crescimento econômico e à geração de empregos nas cinco regiões do Brasil.
 
Para enfrentar os desafios à frente, o Brasil precisará investir em inovação tecnológica, qualificação profissional e produtividade, além de adotar estratégias que fortaleçam a competitividade do setor produtivo, como por exemplo, a redução dos tributos.
 
O desemprego no Brasil é alto e o cenário econômico de 2025 exige uma ação coordenada entre governos federal, estaduais e municipais, setor privado e trabalhadores para evitar que o desemprego volte a crescer nos próximos meses. O mercado de trabalho é vulnerável a fatores sazonais, conjunturais e internacionais, tornando fundamental um monitoramento contínuo dos indicadores econômicos do Brasil e dos países membros do G20 em plena guerra comercial.

Referência

IBGE. Taxa de desocupação vai a 6,5% no trimestre encerrado em janeiro. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/42753-taxa-de-desocupacao-vai-a-6-5-no-trimestre-encerrado-em-janeiro. Acesso em: 09 mar. 2025.
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