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13/03/2025 às 18h33min - Atualizada em 13/03/2025 às 18h29min

Os impactos da Inteligência Artificial nas principais economias emergentes

Paulo Galvão Júnior (1) & André Luiz de Azevedo Pontes (2)

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, autor de 18 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Fonte: Portal North News.
Considerações Iniciais
 
Estimado(a) leitor(a) lusófono(a) do Portal North News, a Inteligência Artificial (IA) está transformando a economia global, impactando desde a automação de tarefas até a criação de novos modelos de negócios. Na corrida tecnológica, as economias emergentes – como China, Índia, Brasil, Rússia e México – enfrentam desafios e oportunidades únicas, diante da concorrência dos países de economias desenvolvidas, como Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá – o famoso Grupo dos Sete (G7).
 
Em plena Quarta Revolução Industrial, a adoção da IA nessas cinco nações emergentes pode impulsionar a produção e a produtividade, otimizar setores-chave e criar novas oportunidades de crescimento econômico, mas também pode agravar desigualdades sociais e gerar desafios no mercado de trabalho.
 
Este artigo explora os impactos da IA nas economias emergentes, que pertencem ao seleto grupo dos 15 países mais ricos do mundo, abordando seu papel na inovação, nos desafios regulatórios e nas transformações do mercado de trabalho cada vez mais competitivo, cada vez mais globalizado.
 
Crescimento Econômico e Inovação Tecnológica
 
Segundo dados da McKinsey Global Institute, “A IA irá criar US$ 13 trilhões de valor para a economia mundial até 2030”. A IA é uma tecnologia avançada que permite que computadores aprendam e executem tarefas de forma autônoma, como reconhecimento de voz, reconhecimento de imagem, análise de dados em grande volume, entre outras, como a automação de tarefas repetitivas.
 
É extremamente relevante analisar a IA nas principais economias emergentes, começando pela China, que é a segunda maior economia do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal de US$ 18,273 trilhões, e também na Índia (PIB de US$ 3,889 trilhões e 5° lugar), Brasil (PIB de US$ 2,179 trilhões e 10° lugar), Rússia (PIB de US$ 2,111 trilhões e 11° lugar) e México (US$ 1,869 trilhões e 13° colocado), de acordo com os dados de 2024 do Fundo Monetário Internacional (FMI).
 
Cada uma dessas cinco economias do Sul Global tem características distintas, mas todas compartilham o fato de estarem se beneficiando de inovações tecnológicas impulsionadas pela IA, promovendo eficiência e redução de custos em diversos setores e segmentos econômicos.
 
A China é o líder global em IA, com investimentos governamentais massivos na indústria tecnológica. Empresas como Alibaba, Tencent, Baidu, TikTok, Huawei e DeepSeek impulsionam avanços em aprendizado de máquina, reconhecimento facial e automação industrial. A IA é amplamente utilizada em segmentos como segurança, e-commerce e saúde. Esse investimento pesado em inovação, especialmente em IA, está alinhado com uma estratégia de longo prazo da China para se tornar a líder tecnológica global. Ao mesmo tempo, isso reflete a transformação mais ampla da economia chinesa, que busca se tornar mais voltada para o consumo e inovação, ao invés de apenas manufatura.
 
Atualmente, a Índia, apesar de ainda enfrentar desafios significativos relacionados à pobreza, tem feito consideráveis investimentos em educação e pesquisa e desenvolvimento (P&D), criando um caminho promissor para o futuro. Mesmo com a elevada desigualdade econômica, a Índia tem se destacado como um polo de inovação tecnológica, investindo fortemente em IA e no desenvolvimento de soluções baseadas em dados. Startups indianas são pioneiras em áreas como diagnóstico médico, atendimento ao cliente e big data, contribuindo para uma revolução no setor de tecnologia.
 
Além disso, esses investimentos têm colocado a Índia no caminho de competir com potências econômicas, como os Estados Unidos e a China. A realidade de um país asiático com altos índices de pobreza contrasta com o crescente investimento em educação e P&D, onde a Índia está criando novas oportunidades de emprego e liderança na tecnologia de ponta.
 
Esse crescimento acelerado é reflexo de um forte investimento em educação tecnológica, um fator também observado no Brasil, em setores como a agroindústria e o setor bancário, a IA tem sido aplicada para aumentar a produtividade e otimizar processos. Empresas como a Zênite Tech, em João Pessoa, são exemplos de como o Brasil está integrando IA em diversas áreas, desde a segurança até a telemedicina, com um foco específico no desenvolvimento local e no fortalecimento da economia digital.
 
No Brasil a IA tem sido aplicada principalmente nos setores financeiro, agrícola e de varejo, com um aumento na produtividade na agroindústria e na análise de crédito. As empresas brasileiras estão cada vez mais adotando novas tecnologias para impulsionar a eficiência.
 
Além disso, o supercomputador Santos Dumont, localizado no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) em Petrópolis, é uma excelente demonstração do poderio tecnológico do Brasil, sendo um dos mais poderosos da América Latina e um dos 100 melhores do mundo. Esse tipo de infraestrutura digital é crucial para avançar na aplicação de IA, não apenas no Brasil, mas em toda a região composta por 20 países.
 
Na Rússia o governo russo tem impulsionado a pesquisa em IA para fortalecer sua competitividade tecnológica e militar. A Rússia investe em IA aplicada à defesa, cibersegurança e reconhecimento de padrões para sistemas de inteligência, enquanto empresas como o Yandex, o "Google" russo, utilizam IA para melhorar serviços de busca, transporte e logística. A transformação digital da Rússia está voltada para inovação tanto no setor civil quanto militar, o que reflete um grande esforço nacional para se manter competitivo na corrida global por IA.
 
No México o setor bancário e a manufatura se beneficiam de soluções de IA que otimizaram processos e melhoraram a segurança cibernética. O uso de IA também se reflete na eficiência da indústria e nos algoritmos de otimização aplicados em sua vasta rede de comércio exterior e manufatura, tornando o México mais competitivo nas cadeias de suprimentos globais. Existem ferramentais de tradução imediata da língua espanhola para outras línguas como, língua inglesa, língua francesa ou língua italiana.
 
Mercado de Trabalho: Desafios e Transformações
 
Embora a IA aumente a produtividade, sua automação pode gerar desafios no emprego. O ChatGPT da empresa OpenAI e, um dos mais recente Gemini da Google, são exemplos de como a IA pode processar informações, dados, indicadores e índices. Além de exemplos como o ChatMind que cria gratuitamente mapas mentais de diversos assuntos. Esses avanços evidenciam a crescente automação no mercado de trabalho, o que traz, por um lado, novos desafios para a força de trabalho e, por outro, novas oportunidades de inovação.
 
Milhares de trabalhadores na China já foram substituídos por automação, exigindo uma requalificação em larga escala. A IA pode proporcionar novas oportunidades de emprego, mas também exige um novo perfil de trabalhador, capacitado para lidar com tecnologias avançadas.
 
Na Índia o aumento da demanda por novas competências técnicas no setor de IA reflete o crescimento da educação tecnológica e das universidades de ponta, como a Indian Institutes of Technology (IIT), que alimenta a indústria com um número crescente de especialistas em IA para várias zonas econômicas especiais para empresas de tecnologia da informação (TI).
 
No Brasil a IA também impacta os setores bancário, logístico e industrial, exigindo a aquisição de novas competências. A crescente digitalização no Brasil está abrindo portas para novos tipos de trabalho e serviços, embora também crie a necessidade de um processo de adaptação ao novo cenário econômico e digital.
 
No México, a crescente adoção de máquinas inteligentes está transformando diversos setores, levando a um fenômeno conhecido como desemprego tecnológico, onde a automação substitui a mão de obra humana em várias funções. Estudos indicam que, nos próximos anos, aproximadamente 16 milhões de empregos no país poderão ser afetados pela IA e pela automação, ressaltando a urgência de estratégias de requalificação profissional e adaptação às novas demandas do mercado de trabalho.
 
Paralelamente, empresas mexicanas têm se destacado no desenvolvimento e na implementação de soluções baseadas em IA. A NEORIS, por exemplo, é uma consultoria tecnológica multinacional originária do México, especializada em serviços digitais e soluções de TI, que utiliza inteligência artificial para otimizar processos empresariais e promover a transformação digital de seus clientes.
 
Além disso, a Meteum expandiu seus serviços para o México, oferecendo previsões meteorológicas hiperlocais alimentadas por IA, beneficiando setores como agricultura e energia renovável. Essas iniciativas demonstram o potencial do país em se posicionar como um hub de inovação tecnológica na América Latina, apesar dos desafios impostos pela automação no mercado de trabalho.
 
Na Rússia, tem se desenvolvido a automação significativamente, com destaque para a indústria de defesa, onde tecnologias avançadas como lA são amplamente aplicadas em drones militares e sistemas de armamento autônomos. Além do setor militar, a IA está sendo cada vez mais integrada em áreas estratégicas do setor privado, incluindo análise de grandes volumes de dados e segurança cibernética, fortalecendo a proteção contra ameaças digitais e impulsionando a inovação tecnológica no país.
 
Desafios Regulatórios da IA
 
As economias emergentes enfrentam desafios significativos na regulamentação da IA, exigindo abordagens cuidadosas e responsáveis. Na China, o governo estabeleceu um comitê técnico de padronização de IA, composto por 41 membros, incluindo representantes de gigantes tecnológicos como Baidu e instituições acadêmicas renomadas como a Universidade de Pequim, com o objetivo de desenvolver padrões industriais para modelos de linguagem e avaliação de riscos associados a IA. Essa iniciativa reflete a tentativa de equilibrar o desenvolvimento acelerado da IA com preocupações globais sobre segurança e ética, destacando a postura proativa da China em contrastar com abordagens regulatórias anteriores em outros setores tecnológicos.
 
No Brasil e na Índia, esforços estão em andamento para criar regulamentações que equilibrem a inovação tecnológica com a proteção de dados pessoais. Essas iniciativas refletem uma crescente conscientização sobre os direitos digitais e a necessidade de um ambiente de confiança para o desenvolvimento e adoção de tecnologias de IA.
 
Esses exemplos ilustram os diversos desafios regulatórios que as economias emergentes enfrentam na implementação da IA, ressaltando a necessidade de políticas que promovam a inovação tecnológica enquanto protegem os direitos individuais e a privacidade.
 
Considerações Finais
 
Concluindo, a Inteligência Artificial tem um impacto profundo nas principais economias emergentes, oferecendo oportunidades significativas de crescimento e inovação, mas também impondo desafios estruturais. A chave para um futuro sustentável é investir em educação tecnológica, infraestrutura digital e regulação equilibrada no acesso à internet. Além disso, já é possível criar clones digitais de IA na plataforma Humva, exemplificando o avanço acelerado dessa tecnologia.
 
As nações emergentes que conseguirem adaptar-se às transformações impostas pela IA poderão fortalecer sua competitividade global, reduzir desigualdades e garantir um crescimento econômico mais inclusivo. O desafio está em equilibrar inovação e responsabilidade social, garantindo que a revolução da IA beneficie toda a humanidade.
 
Nesse contexto, o investimento em pesquisa e desenvolvimento é essencial. No Brasil, o supercomputador Santos Dumont impulsiona avanços científicos em diversas áreas, enquanto centros de inovação ao redor do mundo, como os especializados em aeronáutica e tecnologia em Toulouse, na França, demonstram como o progresso tecnológico pode ser impulsionado por meio da cooperação internacional. O fortalecimento da colaboração global e o investimento contínuo em ciência e tecnologia serão determinantes para que as economias emergentes consolidem seu papel no cenário global e maximizem os benefícios da Inteligência Artificial.
 
(1) Economista brasileiro, conselheiro efetivo do CORECON-PB, diretor secretário do FCFPB e apresentador do Programa Economia em Alta. WhatsApp: +55 (83) 98122-7221.
(2) Estudante de Economia da UFPB, diretor-presidente da CAJE e graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela UFPB. WhatsApp: +55 (83) 99687-0626.
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