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13/01/2023 às 08h09min - Atualizada em 13/01/2023 às 08h06min

A perspectiva mundial é de que a economia global desacelere ainda mais em 2023

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Jr.

Paulo Galvão Jr.

Economista, escritor, palestrante, professor de Economia no UNIESP, autor de 12 eBooks de Economia pela Editora UNIESP e Conselheiro do CORECON-PB.

https://openknowledge.worldbank.org/bitstream/handle/10986/38030/GEP-January-2023.pdf
Recentemente, o Banco Mundial, com sede em Washington, nos Estados Unidos, divulgou o novo relatório semestral intitulado Global Economic Prospects (em português, Perspectivas Econômicas Globais), com 198 páginas, no qual fornece indicadores econômico-financeiros e análises das tendências econômicas de economias avançadas (renda alta), emergentes (renda média) e pobres (renda baixa).
 
O economista norte-americano David Robert Malpass, o atual presidente do Grupo Banco Mundial, alerta para uma desaceleração econômica na economia global de 2,9% em 2022 para 1,7% em 2023 e ainda enfatiza que “Dadas às condições econômicas frágeis, qualquer novo acontecimento adverso – como inflação acima do esperado, aumentos abruptos nas taxas de juros para contê-la, ressurgimento da pandemia de COVID-19 ou tensões geopolíticas crescentes – pode levar a economia mundial à recessão” (BANCO MUNDIAL, 2023).
 
O Banco Mundial aponta uma acentuada e duradoura desaceleração econômica por causa de uma combinação de fatores como a Guerra na Ucrânia, as altas taxas de juros, a pandemia de COVID-19, a elevada dívida pública, a alta inflação global, as reduções dos investimentos privados, a queda das exportações, a crise energética na Europa e as mudanças climáticas.
 
Entre os 19 países do Grupo dos Vinte (G20) analisados pelo Banco Mundial, apenas um país com previsão de recessão econômica em 2023, a Federação Russa, com -3,3%, e, a maior taxa de crescimento econômico do PIB será da Índia, com 6,6%.
 
O Banco Mundial observou que a economia indiana é resiliente e a confiança dos empresários, dos consumidores e dos investidores nacionais e internacionais são altas em relação ao crescimento do PIB indiano em 2023.
 
Já as perspectivas econômicas do Banco Mundial para o Brasil são de crescimento do PIB de 3,0% em 2022 e de desaceleração para 0,8% em 2023. E o crescimento econômico de 5% em 2021 mudou para a incerteza que desacelera o PIB para 0,8% e o Brasil estar perigosamente perto de entrar em recessão econômica no ano de 2023.
 
Entre os países de renda baixa, a previsão é de crescimento do PIB de 7,1% de Níger, na África, e de queda de -3,2% da Síria, na Ásia, em 2023, de acordo com o Banco Mundial. Já entre os países situados no Leste da Ásia e no Pacífico destacam-se a projeção de crescimento econômico de 18,2% de Palau, na Oceania, e a desaceleração de 1,9% de Nauru, também na Oceania, em 2023.
 
A partir de informações do último relatório do Banco Mundial, entre os países localizados na Europa e na Ásia Central, destaca-se a taxa de crescimento do PIB de 5% do Tajiquistão, na Ásia Central, no ano de 2023, e, sobretudo, estima-se uma retração de -35,0% em 2022, na Ucrânia, exatamente no Leste Europeu, por causa da invasão russa ao território ucraniano desde 24 de fevereiro.
 
É muito importante comentar que o Banco Mundial prevê a paz entre os países vizinhos, Rússia e Ucrânia, já que aponta no relatório um crescimento da Ucrânia de 3,3% em 2023 e, principalmente, uma expansão de 1,6% no ano de 2024, da Rússia, que sofre com os severos impactos das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Japão, Suíça, Noruega, Austrália e União Europeia (UE).
 
Entre os países da América Latina e do Caribe, o Banco Mundial projeta crescimento econômico de 25,2% para a Guiana em 2023 e, sobretudo, a probabilidade de recessão econômica de -1,1% para o Haiti. Porém, é preciso ressaltar que não há indicadores nem projeções para a economia venezuelana pelo Banco Mundial, porque a Venezuela e o Turcomenistão foram excluídos dos agregados macroeconômicos entre países.
 
Entre as nações do Oriente Médio e da África do Norte, o Banco Mundial tem uma perspectiva econômica de crescimento do PIB de 5,3% de Djibuti, na África do Norte, e mais um ano turbulento na economia síria, de contração de -3,2% em pleno Oriente Médio. Já entre os países do Sul da Ásia, destacam-se o crescimento do PIB da Índia de 6,6% no ano de 2023 e uma recessão de -4,2% do Sri Lanka.
 
Finalmente, na África Subsaariana, a edição de janeiro de 2023, do relatório Global Economic Prospects, do Banco Mundial projeta que o PIB de Senegal crescerá 8,0% e, sobretudo, o PIB da Guiné Equatorial deverá sofrer uma contração de -2,6%.
 
A tendência mundial é da desaceleração nas economias avançadas como os Estados Unidos, a maior economia do planeta, com o crescimento previsto de 1,9% em 2022 e de 0,5% em 2023, como também, nas economias emergentes como a China, a segunda maior economia do mundo, e com relevante papel no crescimento do comércio internacional. De acordo com o Banco Mundial, a taxa de crescimento do PIB chinês foi de 2,2% em 2020, aumentou para 8,1% em 2021 e, em seguida, cairá para 2,7% em 2022 e a tendência é crescer para 4,3% em 2023.
 
Já para os vinte países da Zona do Euro, liderados por sua maior economia, a Alemanha, a estimativa é de crescimento do PIB de 3,3% em 2022 e a previsão é de 0,0% em 2023, em outras palavras, o Banco Mundial projeta estagnação econômica este ano.
 
Por fim, as previsões econômicas do Banco Mundial são preocupantes e estas análises econômicas terminam com duas relevantes conclusões, primeiro, a perspectiva mundial é de que a economia global desacelere ainda mais em 2023; segundo, a economia mundial se aproxima da recessão global no ano de 2023. Todavia, o que importa é que toda crise econômica é cíclica, tem início, meio e fim. Logo, as crises passam.
 
REFERÊNCIA
BANCO MUNDIAL. Global Economic Prospects. January 2023. Disponível em: https://openknowledge.worldbank.org/bitstream/handle/10986/38030/GEP-January-2023.pdf. Acesso em: 12 jan. 2023.
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