Considerações Iniciais Os Países Baixos, ou Holanda, como são popularmente conhecidos, são uma nação de grande relevância na Europa Ocidental, não apenas por sua rica história e cultura, mas também por seu papel estratégico em assuntos internacionais, especialmente, em relação à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Com uma população de aproximadamente 17,9 milhões de habitantes e uma economia robusta, os Países Baixos se destacam por sua capacidade de adaptação e resiliência em um cenário global em constante mudança.
Em 30 de setembro de 2024 tomou posse o ex-primeiro-ministro neerlandês Mark Rutte como atual secretário-geral da OTAN, marcando um momento significativo na política internacional. Sua liderança é esperada para enfrentar desafios cruciais, como garantir a continuidade do apoio à Ucrânia no contexto da invasão russa e a crescente cooperação militar entre Rússia e Coreia do Norte. Essa nova dinâmica não só impacta a segurança regional, mas também levanta questões sobre o futuro da aliança transatlântica, especialmente diante das incertezas políticas que podem surgir com um possível retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos da América (EUA).
Os Países Baixos também têm se posicionado como um elo importante nas relações comerciais internacionais, particularmente com países da América Latina. Esses acordos comerciais refletem não apenas a busca por parcerias econômicas, mas também um compromisso com a promoção de valores democráticos e direitos humanos em uma era de crescente polarização. Assim, a atuação dos Países Baixos na OTAN e sua diplomacia comercial com a América Latina são elementos essenciais para entender sua posição no cenário global contemporâneo.
Este artigo se propõe a explorar essas dimensões, analisando os desafios que a liderança de Rutte enfrentará na OTAN e como as relações comerciais com a América Latina podem influenciar a estratégia neerlandesa em um mundo repleto de incertezas e dinâmicas geopolíticas complexas. Ao fazer isso, busca-se fornecer uma visão abrangente das implicações dessas interações para a segurança e prosperidade dos Países Baixos e da comunidade internacional como um todo.
Principais Indicadores e Índices dos Países Baixos na Atualidade Os Países Baixos encontram-se na Europa Ocidental, faz fronteira terrestre com Bélgica e Alemanha e têm 12 províncias: Friesland, Groningen, Drenthe, Utrecht, Flevoland, Noord-Holland, Zuid-Holland, Overijssel, Gelderland, Noord Brabant, Limburg, Zeeland (em português, Frísia, Groninga, Drente, Ultrecht, Flevolândia, Holanda do Norte, Holanda do Sul, Overissel, Guéldria, Brabante do Norte, Limburgo, Zelândia).
O Reino dos Países Baixos é formado desde 1815 e atualmente é composto por quatro nações: Países Baixos, na Europa, e Aruba, Curaçao e São Martinho, no Caribe. Já Bonaire, Saba e Santo Eustáquio são ilhas e municípios especiais do Reino dos Países Baixos, no Caribe.
Os Países Baixos têm uma economia robusta e desenvolvida, com vários indicadores e índices que refletem seu desempenho econômico, social e ambiental. Os principais indicadores e índices de uma população estimada em 17,9 milhões de habitantes são:
O Produto Interno Bruto (PIB) nominal é de US$ 1,09 trilhão em 2023. A economia dos Países Baixos está entre as seis maiores da Europa e a décima oitava maior do mundo, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O PIB neerlandês reflete o valor total da produção econômica de bens e serviços finais em três setores da economia neerlandesa como batatas, cenouras, tomates, tulipas, TVs, monitores, bicicletas, porcelanas, tamancos de madeira, batatas-frita e turismo.
O PIB per capita é de US$ 57.708 em 2023. A renda per capita neerlandesa é classificada como um país de alta renda, indicando o nível de riqueza da população como a décima maior renda per capita do planeta.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,946 em 2022. Um índice composto que avalia o desenvolvimento humano com base na saúde, educação e renda. Os Países Baixos têm um IDH classificado como muito alto, o que os coloca entre os dez países mais desenvolvidos do mundo, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A taxa de desemprego dos Países Baixos é de 3,7% em setembro de 2024, sendo um dos menores índices da Europa, refletindo uma economia saudável e um mercado de trabalho estável.
A taxa de inflação, mensurada pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), é de 3,5% em setembro de 2024. Este índice mede a inflação no país, acompanhando a variação dos preços dos bens e serviços ao consumidor, causados principalmente pelo aumento dos preços de energia e alimentos.
O Índice de Liberdade Econômica (ILE) é de 78,0 pontos em 2023. Avalia o grau de liberdade econômica no país, levando em conta fatores como regulação governamental, eficiência do mercado e proteção aos direitos de propriedade. Os Países Baixos encontram-se na oitava colocação entre 186 países analisado pela Heritage Foundation.
O Índice de Gini é de 30,9. O coeficiente de Gini dos Países Baixos está indicando uma baixa desigualdade de renda em comparação com outros países, sendo um dos menores da Europa. É preciso ressaltar que são poucas pessoas em situação de rua nos 342 municípios neerlandeses. Uma pessoa pobre come bem, tem educação de qualidade e anda de bicicleta também.
O Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISA) é de 50,6. Mede o desempenho ambiental, como a gestão de recursos naturais, políticas energéticas sustentáveis e preservação ambiental. Os Países Baixos estão no 27° lugar no mundo e são conhecidos por suas práticas sustentáveis e políticas ambientais avançadas perante os sérios impactos das mudanças climáticas.
O Índice de Percepção da Corrupção (CPI) é baixo. Os Países Baixos têm uma pontuação de 79 pontos entre 100 pontos no máximo, o que o coloca na 8ª posição globalmente em termos de baixa percepção de corrupção no ano de 2023, segundo a Transparência Internacional.
O superávit na balança comercial é de US$ 16,1 bilhões em 2023. Como uma economia altamente exportadora, os Países Baixos possuem uma balança comercial positiva, sendo grandes exportadores de produtos do agronegócio (flores, leite de vaca, chocolates, cervejas, carne bovina, queijos, biscoitos, frutas, etc.), máquinas, petróleo refinado e gás natural, através do Porto de Rotterdam, o principal porto da União Europeia (UE), e localizado na Holanda do Sul, e o décimo maior porto do mundo.
A dívida pública em relação ao PIB é de 46,8% em dezembro de 2023. Reflete a capacidade do governo neerlandês em administrar suas finanças. A dívida pública dos Países Baixos é relativamente baixa em relação ao PIB em comparação com outros países da Zona do Euro.
O Índice de Felicidade (IF) é de 7.319 em 2023. Os Países Baixos consistentemente aparecem entre os seis países com maiores índices de felicidade no mundo, baseado em fatores como bem-estar social, saúde, e ambiente de trabalho, entre 143 países.
Esses 12 índices e indicadores ajudam a entender o desempenho econômico, social e ambiental dos Países Baixos em comparação com outros países desenvolvidos como o Canadá, além de países emergentes como o Brasil.
Tratados Internacionais dos Países Baixos Os Países Baixos possuem uma longa tradição em diplomacia internacional e são reconhecidos por sua participação ativa na elaboração, assinatura e cumprimento de tratados internacionais. Com sede em Haia, conhecida como "Cidade da Paz e Justiça", o país europeu abriga instituições jurídicas de renome mundial, como a Corte Internacional de Justiça (CIJ) e o Tribunal Penal Internacional (TPI). A atuação diplomática e jurídica dos Países Baixos reflete seu compromisso histórico com o fortalecimento do direito internacional, a cooperação global e a promoção da paz.
Compromissos Históricos e Recorrentes Desde o século XVII, os Países Baixos têm sido protagonistas em tratados de paz, comércio e alianças. No contexto da Guerra dos Oitenta Anos, por exemplo, o Tratado de Münster, assinado em 1648, marcou o fim da guerra com a Espanha e consolidou a independência dos Países Baixos. Outro exemplo emblemático foi o Tratado de Haia de 1899, que criou um dos primeiros tratados multilaterais de arbitragem internacional e culminou na criação do Tribunal Permanente de Arbitragem.
Contribuições Recentes e Participação Atual No século XXI, os Países Baixos mantêm um papel ativo nas principais organizações e tratados internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), a OTAN, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a UE. Além disso, o país é signatário de tratados fundamentais de direitos humanos, como o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, o que reforça seu compromisso com a promoção dos direitos humanos globais.
Em meio ao contexto das mudanças climáticas, os Países Baixos são reconhecidos por seu engajamento ambiental. O país é um dos signatários do Acordo de Paris, de 2015, comprometendo-se a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE). Este tratado visa limitar o aquecimento global a menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais, e os Países Baixos têm implementando políticas nacionais voltadas à energia sustentável e à preservação ambiental para atender aos requisitos do tratado.
Comércio Internacional e Tratados Econômicos No âmbito econômico, os Países Baixos têm uma presença importante em tratados de livre comércio e acordos econômicos. Como membro da UE, os Países Baixos participam de tratados de livre comércio com diversas regiões, incluindo o Acordo de Livre Comércio entre a UE e o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), e o Acordo Econômico e Comercial Global com o Canadá. Esses tratados visam fortalecer as relações comerciais e permitir o fluxo de bens e serviços de forma segura e regulada, contribuindo para a economia nacional e global.
Os Países Baixos, devido à sua localização estratégica e ao porto de Rotterdam, desempenham um papel crucial no comércio global e participam de uma série de tratados e acordos de livre comércio. A economia neerlandesa é altamente orientada para exportações e integrada aos mercados globais, com cerca de 80% de seu PIB oriundo do comércio internacional. Por meio de sua participação na UE e de tratados comerciais bilaterais e multilaterais, os Países Baixos asseguram o fluxo eficiente de bens, serviços e capital, promovendo um ambiente econômico aberto e competitivo.
Acordos Comerciais da UE e o Papel dos Países Baixos Como membro da UE, os Países Baixos aderem a uma série de acordos comerciais multilaterais e bilaterais negociados pelo bloco econômico. Esses acordos possibilitam tarifas reduzidas, maior proteção para investimentos e acesso facilitado aos mercados internacionais para empresas neerlandesas. Entre os principais tratados da UE que impactam diretamente a economia neerlandesa estão:
Acordo Econômico e Comercial Global (CETA) com o Canadá: Este tratado facilita o acesso das exportações neerlandesas ao mercado canadense, eliminando aproximadamente 98% das tarifas sobre produtos industriais e agrícolas. Empresas neerlandesas, especialmente dos setores de tecnologia, agricultura e produtos manufaturados, encontram um ambiente mais favorável para exportação de bens e serviços para o Canadá.
Acordo de Livre Comércio com o Japão (JEFTA): Com a entrada em vigor em 2019, o JEFTA removeu tarifas sobre mais de 90% dos produtos europeus exportados ao Japão, incluindo produtos agrícolas e manufaturados neerlandeses. Este acordo fortaleceu o setor agrícola neerlandês e o setor de alta tecnologia, promovendo o comércio de produtos como equipamentos médicos, semicondutores e produtos agrícolas de alta qualidade.
Acordo de Livre Comércio UE-Coreia do Sul: Em vigor desde 2011, o tratado elimina tarifas para a maioria dos bens industriais e reduz as barreiras regulatórias para setores como automóveis e eletrônicos, beneficiando empresas neerlandesas no setor de manufaturas e tecnologia. Com a Coreia do Sul sendo um importante parceiro comercial, o acordo fomenta a exportação de produtos eletrônicos, máquinas e produtos químicos de origem neerlandesa.
Acordos Bilaterais e Parcerias de Investimento Além dos tratados multilaterais firmados pela UE, os Países Baixos também celebram uma série de acordos bilaterais de proteção e promoção de investimentos (BITs), especialmente com países emergentes. Estes acordos oferecem proteção jurídica e condições mais favoráveis para investidores neerlandeses no exterior, assim como para investidores estrangeiros nos Países Baixos, assegurando transparência e estabilidade jurídica.
É preciso destacar que com uma economia fortemente voltada para o comércio exterior e investimentos, esses BITs reduzem os riscos associados ao investimento estrangeiro direto (IED) e estimulam o fluxo de capital entre os Países Baixos e parceiros comerciais estratégicos.
Acordos no Contexto da Organização Mundial do Comércio Como um membro ativo da Organização Mundial do Comércio (OMC), os Países Baixos se beneficiam das disposições multilaterais que promovem o comércio justo e facilitado. Entre os principais tratados que influenciam diretamente o comércio neerlandês estão o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) e o Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS), que proporcionam um marco regulatório essencial para exportações neerlandesas e permitem um ambiente estável para o comércio global de bens e serviços.
A adesão dos Países Baixos aos princípios da OMC fortalece o compromisso do país com um sistema de comércio aberto e baseado em regras, promovendo previsibilidade e reduzindo as barreiras tarifárias e não tarifárias.
Impactos Econômicos e Benefícios A participação dos Países Baixos nesses tratados de comércio internacional impulsiona a competitividade das empresas neerlandesas e aumenta a atratividade do país para investimentos estrangeiros. A economia neerlandesa, com uma base exportadora sólida em setores como tecnologia, produtos agrícolas e energia, é amplamente beneficiada pela redução de tarifas e pela facilitação de acordos de cooperação tecnológica e de pesquisa.
Com uma rede de tratados robusta e o porto de Rotterdam como ponto estratégico, os Países Baixos consolidam sua posição como uma das principais portas de entrada para o mercado europeu, ao mesmo tempo em que fortalecem seu papel como uma economia exportadora global.
Acordos de Comércio Internacional dos Países Baixos com os países do MERCOSUL e da América Latina Acordo de Livre Comércio UE-MERCOSUL, embora ainda pendente de ratificação, o acordo de livre comércio entre a UE e o MERCOSUL, que inclui Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, visa reduzir barreiras tarifárias e melhorar as oportunidades comerciais para os Países Baixos na América Latina. Esse acordo poderá abrir novos mercados para exportações neerlandesas de produtos industriais e agrícolas, assim como fortalecer a cooperação tecnológica e científica entre as partes envolvidas.
Os Países Baixos mantêm acordos e parcerias comerciais significativas com países da América Latina, orientadas tanto por meio da UE quanto por iniciativas bilaterais. Como membro da UE, os Países Baixos participam de tratados comerciais que a UE estabelece com países e blocos da América Latina, tais como o MERCOSUL, o México e o Chile. Além desses, o país também promove investimentos e colaborações diretas com países latino-americanos, especialmente nas áreas de agricultura, tecnologia e infraestrutura. Abaixo estão alguns dos principais acordos e parcerias com cada país ou bloco latino-americano:
Brasil e MERCOSUL O Acordo de Livre Comércio UE-Mercosul, negociado entre a UE e o bloco MERCOSUL (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), é um dos maiores e mais importantes tratados de comércio em potencial para a economia neerlandesa. Quando ratificado, o acordo promete eliminar tarifas sobre cerca de 90% das exportações europeias para o MERCOSUL, facilitando a entrada de produtos neerlandeses nos mercados latino-americanos.
Para o Brasil, especificamente, os Países Baixos são um dos principais parceiros comerciais da UE, e o porto de Rotterdam desempenha um papel essencial no escoamento das exportações brasileiras para a Europa. Os setores de maior interesse neerlandês são agropecuária, petroquímica, tecnologia e logística, uma vez que o país oferece expertise nessas áreas e busca aprimorar o comércio bilateral e o fluxo de investimentos.
México O Acordo de Associação Econômica, Coordenação Política e Cooperação (Global Agreement) entre a UE e o México foi atualizado em 2020, ampliando o acesso ao mercado mexicano para empresas dos Países Baixos e da UE. Este acordo visa eliminar barreiras comerciais e promover investimentos em setores estratégicos, como agricultura, tecnologia e energia renovável.
Os Países Baixos têm interesse especial em ampliar a cooperação com o México em tecnologia sustentável, energia eólica e logística portuária, dada a posição geográfica do México e seu potencial como plataforma para exportações para a América do Norte e Central.
Chile A UE e o Chile assinaram um Acordo de Associação em 2002, que trata de comércio, investimentos e cooperação em setores estratégicos. Em 2022, a UE e o Chile concluíram negociações para modernizar este acordo, o que beneficiará substancialmente as exportações neerlandesas.
A relação entre os Países Baixos e o Chile é marcada pelo comércio de produtos agrícolas, tecnologias de energias renováveis e cooperação em inovação. O Chile é um dos maiores produtores mundiais de cobre e lítio, materiais essenciais para as indústrias de alta tecnologia, e os Países Baixos mantêm investimentos significativos na mineração e no desenvolvimento de tecnologias de energia sustentável no Chile.
Colômbia O acordo comercial entre a UE, Colômbia e Peru, assinado em 2013 e ao qual o Equador aderiu posteriormente, facilita o acesso de produtos neerlandeses ao mercado colombiano, principalmente nos setores de produtos agrícolas, tecnologia e serviços financeiros. A Colômbia exporta produtos como café e frutas tropicais para os Países Baixos, enquanto estes são um dos principais fornecedores de tecnologia agrícola e infraestrutura logística para a Colômbia.
Os Países Baixos mantêm também parcerias em projetos de desenvolvimento de infraestrutura hídrica e tecnologia para melhorar a eficiência da agricultura colombiana, promovendo uma cooperação que beneficia ambos os países.
Peru e Equador Assim como com a Colômbia, o Acordo Comercial da UE com Colômbia e Peru, ampliado posteriormente para incluir o Equador, facilita o comércio entre os Países Baixos e esses países andinos. Esse acordo permite aos Países Baixos exportar para o Peru e o Equador produtos de alta tecnologia e agrícolas, além de promover investimentos em áreas de mineração e infraestrutura.
A relação comercial com o Peru inclui, além de exportações agrícolas, investimentos em tecnologia para pesca e agricultura. Já com o Equador, os Países Baixos atuam em setores como energia e extração de matérias-primas, bem como promovem iniciativas de sustentabilidade ambiental e desenvolvimento rural.
Argentina Com a Argentina, a relação dos Países Baixos é intermediada principalmente pelo potencial Acordo de Livre Comércio UE-MERCOSUL. No entanto, os dois países também mantêm relações comerciais bilaterais sólidas. A Argentina exporta produtos agrícolas, como carne e grãos, para os Países Baixos, enquanto empresas neerlandesas estão envolvidas em projetos de infraestrutura e energia renovável, incluindo o desenvolvimento de parques eólicos na Argentina.
Além disso, os Países Baixos contribuem com expertise em tecnologia de agricultura e soluções para manejo de água, áreas nas quais a Argentina tem grande interesse, dada sua economia agrícola e suas condições naturais.
Outros Países Latino-Americanos Os Países Baixos também têm acordos menores e iniciativas bilaterais de cooperação técnica e científica com outros países da América Latina, incluindo parcerias com Cuba em biotecnologia e Venezuela no setor de petróleo (embora estas relações sejam limitadas atualmente devido a questões políticas).
É preciso revelar tambpem que parcerias bilaterais menores com países como Uruguai, Paraguai e Bolívia também incluem comércio agrícola e cooperação técnica, principalmente no setor de infraestrutura hídrica.
Países Baixos e OTAN Os Países Baixos desempenham um papel importante na OTAN. Em 26 de junho de 2024, o primeiro-ministro neerlandês, Mark Rutte, foi formalmente nomeado como secretário-geral da OTAN. Esta nomeação ocorre em um contexto geopolítico complexo, marcado pela Guerra na Ucrânia e pela incerteza sobre o futuro da aliança transatlântica, especialmente em relação à postura dos EUA. Mark Rutte assumiu em 30 de setembro de 2024, em Bruxelas, e já mandou um recado para o presidente russo Vladimir Putin: “Não cederemos”.
História e Envolvimento na OTAN Os Países Baixos foram um dos membros fundadores da OTAN em 1949, reconhecendo a importância de uma aliança militar forte para garantir a segurança coletiva durante a Guerra Fria. Desde então, o país europeu tem contribuído significativamente para as operações da OTAN, participando ativamente de missões de paz e exercícios militares conjuntos.
Contribuições Militares A força militar dos Países Baixos é profissional e bem treinada, com um histórico de envolvimento em operações internacionais. O país tem se destacado em várias missões da OTAN, como a missão de manutenção da paz no Kosovo e as operações no Afeganistão. Além disso, os Países Baixos são membros da Força de Resposta da OTAN, um grupo multinacional capaz de ser mobilizado rapidamente em situações de crise.
Nomeação e Posse de Mark Rutte na OTAN A nomeação de Mark Rutte como secretário-geral da OTAN marca um momento significativo para a aliança. Sua escolha tornou-se uma formalidade após a desistência de Klaus Iohannis, presidente da Romênia, que era seu único rival. Rutte, que assumiu o cargo em 30 de setembro de 2024, já expressou sua determinação em liderar a organização com vigor, enfatizando a importância da aliança como a "pedra angular da segurança coletiva".
Rutte traz consigo o apoio de vários membros-chave dos 32 países integrantes da OTAN, incluindo EUA, Reino Unido (RU), França e Alemanha, além de um forte compromisso com a defesa da Ucrânia contra a invasão russa. Seu papel será crucial para manter a coesão da aliança, especialmente em um cenário onde a segurança europeia enfrenta novas ameaças.
Desafios Futuros À frente da OTAN, Mark Rutte enfrentará desafios significativos em um cenário geopolítico em constante evolução. A continuidade do apoio à Ucrânia é uma prioridade crítica, especialmente com o crescente envolvimento militar da Coreia do Norte ao lado da Rússia. Rutte confirmou que tropas norte-coreanas foram deslocadas para a região de Kursk, representando uma escalada significativa na cooperação militar entre Moscou e Pyongyang. Essa situação não apenas ameaça a segurança na região do Indo-Pacífico, mas também compromete a estabilidade da Euro-Atlântica, uma vez que pode levar a um aumento das tensões e a um agravamento do conflito na Ucrânia.
A necessidade de garantir que a OTAN permaneça unida e firme em sua resposta a essa nova dinâmica é crucial. Rutte terá que equilibrar a pressão para intensificar o apoio militar à Ucrânia, como a solicitação do governo ucraniano para liberar ataques de longo alcance contra alvos russos, com a necessidade de evitar que a aliança se torne diretamente envolvida em um conflito aberto com a Rússia. Isso exigirá uma liderança diplomática habilidosa e a capacidade de construir consensos entre os 32 membros da OTAN, considerando as preocupações e interesses variados.
Adicionalmente, o possível retorno de Donald Trump à presidência dos EUA traz uma nova camada de complexidade para a OTAN. O ceticismo de Trump em relação à aliança e seu histórico de questionar o compromisso dos EUA com a defesa coletiva dos aliados podem impactar diretamente a coesão e a eficácia da OTAN. Rutte precisará abordar essas incertezas enquanto trabalha para manter o apoio transatlântico à luta da Ucrânia contra a invasão russa e enfrenta as implicações de um relacionamento potencialmente turbulento com os EUA sob uma administração Trump. Assim, a liderança de Rutte será testada em múltiplas frentes, exigindo uma combinação de firmeza, diplomacia e visão estratégica para garantir a segurança coletiva da aliança e enfrentar os desafios emergentes de forma eficaz.
Considerações Finais A ascensão de Mark Rutte ao cargo de secretário-geral da OTAN representa uma etapa significativa para os Países Baixos no cenário internacional, especialmente em um contexto marcado por desafios geopolíticos e de segurança. Em um momento em que a Europa enfrenta a Guerra na Ucrânia e a crescente cooperação militar entre Rússia e Coreia do Norte, a liderança de Rutte será testada em várias frentes. Manter um apoio robusto à Ucrânia enquanto evita que a aliança se envolva diretamente em um conflito com a Rússia exigirá uma diplomacia cuidadosa e um forte compromisso com a segurança coletiva.
Além dos desafios de segurança, os Países Baixos se destacam por seu desempenho econômico, social e ambiental. Com um PIB nominal de US$ 1,09 trilhão e um PIB per capita de US$ 57.708, a economia neerlandesa está entre as maiores da Europa, refletindo um ambiente de negócios saudável e estável. O IDH de 0,946 coloca o país entre os dez mais desenvolvidos do mundo, enquanto a taxa de desemprego de 3,7% em setembro de 2024 destaca a saúde do mercado de trabalho.
Em termos de equidade, o Índice de Gini de 30,9 revela uma baixa desigualdade de renda, e a percepção de corrupção no país é baixa, com uma pontuação de 79, posicionando os Países Baixos entre os países mais transparentes globalmente. O superávit na balança comercial de US$ 16,1 bilhões e a dívida pública relativamente baixa, equivalente a 46,8% do PIB, demonstram uma gestão fiscal sólida e uma economia altamente exportadora.
Esses indicadores e índices são fundamentais para compreender a resiliência econômica e social dos Países Baixos, que também buscam fortalecer suas relações comerciais com países da América Latina. A busca por parcerias sustentáveis e a promoção de valores democráticos são estratégicas para o país, não apenas para diversificar suas relações comerciais, mas também para promover um desenvolvimento sustentável em um cenário global em transformação.
Finalizando, os desafios que Rutte enfrentará como líder da OTAN, combinados com os indicadores e índices de país desenvolvido que caracterizam os Países Baixos, serão determinantes para sua posição como um ator global influente. O equilíbrio entre a segurança e a prosperidade econômica será crucial para garantir que o país europeu continue a prosperar e a contribuir para um mundo mais estável, justo, próspero e sustentável. Dessa forma, a atuação dos Países Baixos na OTAN e suas parcerias internacionais moldarão o futuro de sua influência e relevância no sistema internacional.
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(*) Economista brasileiro, autor de 18 livros de Economia, conselheiro efetivo do CORECON-PB, diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, palestrante e apresentador do Programa Economia em Alta, na Rádio Alta Potência, na capital paraibana. WhatsApp: 55 (83) 98122-7221. Novo e-book: “
A Importância do Canadá no G7 e G20”:
https://paulogalvaojunior.com.br/canada/.
(**) Secretária de Desenvolvimento Estratégico e Interlocução de Mercados da Confederação Nacional de Agricultura Familiar (CONAF). Especialista em Economia e Assuntos Internacionais, Graduada com mérito acadêmico pela Faculdade de Economia da Universidade Armando Álvares Penteado (FAAP-SP) em 2014. Pós-graduada em Estatística pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Chile). Consultora Editorial na Ciência Capital. Colunista Internacional na Rádio Alta Potência. Colunista Internacional na Rádio Agro Hoje. CEO de Business Intelligence na BlueBI Solution em São Paulo. Instagram: @bluebisolution. WhatsApp: +56 98484-9704. Linkedin:
https://www.linkedin.com/in/katherine-buso/.